Mariana e Joana juntaram-se em campanha e pediram inclusão da viagem até Grândola no passe navegante
A bordo de um catamarã que liga Setúbal a Troia, a líder do BE criticou o “mar de cimento” que ali nasceu e um modelo económico voltado para milionários que impede os locais de irem à sua praia.
“Eles comeram a praia e não querem o povo lá e nós queremos que tu ajudes a que o povo de Setúbal tenha o direito a vir para a Troia”. A frase foi dirigida a Mariana Mortágua, a bordo do barco em que partiu a segunda semana de campanha do BE, em Setúbal, onde se condenou os preços altos da ligação entre a cidade setubalense e Troia, uma das “formas subtis que impedem que as famílias possam ir para a praia”.
A líder do BE, acompanhada pela irmã e cabeça de lista pelo distrito, Joana Mortágua, trazia já a lição estudada e sabia que “o passe mensal do ferry são 100 euros e o preço da viagem fica praticamente em nove euros” por pessoa.
“Digam-me, por favor, qual é a família que pode apanhar um barco para ir à praia, onde sempre foi, uma praia que é da sua região e da sua zona”, questionou Mortágua.
Ouvindo responsáveis pela petição que quer incluir o acesso à praia de Troia no passe Navegante, a líder do BE criticou o facto de ter “aumentando de tal forma o preço dos ferries que as pessoas não conseguem aceder a uma praia que ontem era uma praia popular”.
“Agora está reservada a quem tem dinheiro, muitos deles turistas estrangeiros, e há um mar de cimento que vai invadindo Troia e construindo resorts”, criticou, nas declarações aos jornalistas durante a viagem.
Quem quer recuperar o acesso à praia para a população local apontou o dedo aos que querem uma praia “para milionários e para turistas de luxo”.
“Isto é feito de uma forma subtil. Ninguém disse que as pessoas não podiam ir, o problema depois são os preços”, acusou Jaime Pinho.
Para a líder do BE, este não “é um assunto de menor importância”, considerando que representa “um modelo de desenvolvimento” que “vai privatizando” os bens naturais, a paisagem ou os espaços que antigamente eram para utilização dos moradores.
“Chamam a esses resorts projectos PIN, projectos de interesse nacional. Muitos desses resorts e desses projectos têm um passado que deve ser escrutinado”, atirou, aproveitando para recordar o antigo ministro Manuel Pinho e a sua ligação ao projecto da Herdade do Pinheirinho.
O objectivo de Mortágua era também denunciar este modelo económico e a forma como são feitos os projectos turísticos, com uma crítica ainda para o grupo Sonae, que, segundo o BE, é dono de um dos empreendimentos em Troia e também do ferry.