Antigo secretário-geral do PCP diz que este é um “exigente combate eleitoral” e que, sem o reforço da CDU, o PS fica mais forte e governa mais à direita
“Não tenhamos ilusões, o PS quer repetir o histórico e sempre que tem maioria absoluta governa mais à direita”. Foi com este aviso que Jerónimo de Sousa entrou esta quinta-feira na campanha eleitoral, em Setúbal, perante uma plateia de sindicalistas do distrito, entre os quais estavam alguns que são candidatos pela lista da CDU.
O antigo secretário-geral do PCP falava num encontro, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em que a CDU anunciou ter obtido o apoio de 283 dirigentes, delegados sindicais e membros de comissões de trabalhadores da região, à sua lista de candidatos.
O ex-líder comunista defendeu a ideia de que só o “reforço da CDU na Assembleia da República, com a recuperação da representação parlamentar do PEV”, será possível acabar com a política dos últimos anos, que classificou de “retrocesso” e de ataque aos direitos dos trabalhadores. A coligação aposta em eleger o terceiro candidato por Setúbal, que é Heloísa Apolónia, do PEV.
Jerónimo de Sousa revelou que, no último governo minoritário do PS, o entendimento entre os dois partidos “empencou” pela falta de acordo sobre a contratação colectiva e o Serviço Nacional de Saúde (SNS). “O PS começou a resistir sobre a contratação, não queria mexer numa letra, e, no SNS, era a falta de um compromisso”, disse o ex-líder comunista, acrescentando que o grupo parlamentar do PCP “lutou até ao fim, mas não conseguiu” convencer os socialistas.
Para Jerónimo de Sousa este é um “combate eleitoral de enorme importância” em que a “questão central” é o aumento dos salários, “agora, e não em 2028, como querem PS e PSD”. O antigo secretário-geral defendeu que “do PSD, CDS, Chega e IL só se pode esperar retrocesso na vida dos trabalhadores” e que o mesmo acontecerá se o PS tiver maioria absoluta. “Para lá das proclamações de esquerda com que o PS se enfeitou, o que se viu foi um PS a concretizar a sua política de sempre e não a que proclamavam”, atirou.
O antigo dirigente deixou uma palavra sobre os jovens, em quem vê desespero e indiferença por esta campanha, pela falta de respostas e pediu aos sindicalistas presentes que combatam esse estado de espírito. “Temos de ser capazes de conversar, de ouvir, de não permitir que as pessoas caiam no desespero “, no fundo, sintetizou, “de transmitir esperança”.
Jerónimo de Sousa destacou ainda que na “situação de degradação social” que o País vive, “a precariedade juntou-se à pobreza”.