Num debate recente, Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, salientou que as ideias liberais funcionam e que são soluções testadas e bem-sucedidas, como se vê um pouco por toda a Europa onde metade dos países têm governos com participação liberal. A resposta de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista, que, muito espantado, disse: “mas o que é que não funciona?”, personifica a postura negacionista e incompetente que caracteriza a atual gestão do país. Sinceramente, fico na dúvida se este comentário revela uma desonestidade intelectual gritante ou se é um desconhecimento assustador da realidade. E qualquer das opções é bastante grave para quem quer ser primeiro-ministro.
A realidade que o Partido Socialista insiste em ignorar é a de um Portugal em declínio. Na saúde, mais de 1,7 milhões de pessoas não têm médico de família, entre as quais vários grupos prioritários, como as 355 mil pessoas com mais de 65 anos e as 145 mil crianças até aos 9 anos. As listas de espera para consultas e cirurgias não param de aumentar. Os hospitais fecham serviços – ainda que lhe chamem rotatividade – como o Hospital Garcia de Orta, em que a maternidade estará encerrada todos os fins de semana de fevereiro – e, portanto, as grávidas não sabem onde os seus filhos vão nascer. A frustração dos profissionais de saúde completa o cenário desolador. Na educação, a falta de professores e de condições dignas nas escolas é flagrante – como é exemplo a Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, sobre a qual já aqui falei. A promessa de creches gratuitas não se concretiza em vagas suficientes. Os atrasos nas aprendizagens, os resultados abaixo da média da OCDE e o aumento da taxa de abandono escolar refletem a ineficiência do sistema. Na habitação, a construção de casas está aquém do necessário e falhou a promessa de uma casa digna para todos em 2024. A geração mais preparada de sempre emigra à procura de melhores oportunidades – 1 em cada 3 jovens nascidos em Portugal vivem fora do país. E a carga fiscal, a quarta maior da União Europeia, pesa de uma forma, cada vez mais, incomportável sobre os contribuintes.
Nunca pagamos tanto para ter serviços públicos tão maus e Pedro Nuno Santos pergunta: “o que é que não funciona?”. A pergunta que se impõe é: o que o Partido Socialista fez funcionar?, visto que, afinal, governaram durante 21 dos últimos 28 anos. A resposta é o legado de um país empobrecido, com serviços públicos precários e um futuro incerto.
É neste contexto que a Iniciativa Liberal se destaca como a única alternativa viável. Os debates políticos recentes, sejam quais forem os intervenientes, curiosamente, demonstram a relevância das ideias liberais no panorama político nacional e a influência que a Iniciativa Liberal exerce na discussão sobre o futuro de Portugal. No entanto, é fundamental que todos compreendam a situação atual, as políticas que nos trouxeram até aqui e que o rigor que é exigido às novas ideias seja o mesmo que é aplicado para avaliar as antigas.
Recuso-me a acreditar que Portugal está condenado a um caminho de estagnação e de mediocridade. Acredito que os portugueses têm mais ambição, que não se conformam e que anseiam por esperança. Acredito, por isso, que Portugal precisa de um novo caminho, mais liberal, que traga consigo o progresso, a liberdade e a prosperidade que o nosso país merece.