Os agricultores querem ter a certeza de que o Governo está preocupado com o futuro do sector e vai tomar medidas que o impulsionem
Amanhã, sexta-feira, às 17h30, o movimento de agricultores que, na passada semana, esteve em protesto nas ruas levando a impedimentos na circulação em zonas como Alcochete, Montijo e acesso à ponte Vasco da Gama, vai reunir com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e ainda com o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, no Salão Nobre da Câmara Municipal.
Uma reunião onde vão estar três representantes dos agricultores, e que vem precisamente na sequência do protesto destes profissionais que agitou o País e não escapou a ouvir-se na região de Setúbal.
Daniel Pacífico, elemento deste movimento de agricultores e empresários agrícolas que, por enquanto, existe apenas como Movimento Civil Agricultores de Portugal, prefere não avançar as matérias que vão estar em cima da mesa neste encontro com a governante e o autarca, remetendo para as reivindicações dos agricultores nas ruas.
Lembre-se que o caderno reivindicativo com que os profissionais deste sector produtivo e económico se fizeram ouvir, de norte a sul do País, foi, entre outros motivos, pelo direito a subsídios, preços mais justos do combustível (gasóleo verde agrícola), reajustamento da cadeia de valor com maior valorização da produção primária e rotulagem clara para o consumidor sobre preço pago ao produtor e margens da distribuição, isto a par da valorização de produtos endógenos e de cadeias curtas de abastecimento.
Agricultores estranham multas
Entretanto, alguns agricultores têm sido multados pela GNR quando circulam com os seus tractores na Estrada Nacional 4, rotunda do Passil. Diz Daniel Pacífico que o motivo das multas não é por os tractores seguirem nesta via, que liga o Montijo a Badajoz (Espanha), porque “sempre o fizeram sem qualquer problema”.
Agora, o que está a acontecer, refere, são multas por motivos relacionados com os próprios tractores agrícolas. “Questões de matrículas ou pneus”, exemplifica. Contudo, não deixa de estranhar que estas acções de fiscalização e multas estejam a acontecer dias depois da marcha de protesto dos agricultores. “Há quase um ano que não víamos a GNR por aqui, agora, três dias depois da nossa marcha, vêm as multas”, comenta.
Para já o que se sabe sobre a resposta do Governo ao protesto dos agricultores, depois de terem reunido com a ministra por vídeo conferência, na passada sexta-feira, foi o anúncio de um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum. Ficou ainda dito que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com excepção das que estão dependentes da decisão de Bruxelas.