A instituição já está a ‘negociar’ financiamento para a obra, diz o provedor Miguel Canudo. Equipamento vai ter 120 camas
É um dos projectos de maior impacto para a comunidade do concelho da Moita, mas as candidaturas a apoios ao abrigo do programa PARES, primeiro, e ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), depois, foram chumbadas. Ainda assim, a Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros não desiste de colocar de pé um novo lar, com capacidade para 120 camas, cujo investimento ascende a 9 milhões de euros.
A instituição está determinada a avançar com a construção e já está a tratar do financiamento junto da banca.
“Estamos a tratar com duas agências bancárias, a ver se temos financiamento. Com IVA, é um projecto para 9 milhões de euros. É um projecto muito ambicioso, mas que nos faz imensa falta no concelho”, diz Miguel Canudo, provedor da Misericórdia de Alhos Vedros, entidade que comemorou 523 anos de existência a 14 de Outubro.
A concretização do novo equipamento, em terreno cedido pelo município, é premente. Até porque, conforme lembra Miguel Canudo, os três lares da instituição estão “lotados” e têm todos “listas de espera”, o que diz bem da “necessidade que as pessoas têm” por um aumento de respostas neste domínio.
“O projecto está a fazer uma falta enorme no nosso concelho. Está aprovado pela Segurança Social, pela Protecção Civil, a área da saúde local também aprovou. Infelizmente, as nossas candidaturas ao PARES e, mais recentemente, ao PRR foram chumbadas”, lamenta. “Primeiro foi indeferido por insuficiência financeira do PARES, já que a obra não estava a decorrer. Depois do PRR, porque não tínhamos licença de obra. Mas a falta de licenciamento por parte da Câmara Municipal não é totalmente verdade, porque o município aprovou o volume do projecto e só passa a licença de construção quando a obra se vai iniciar. A própria Câmara fez a defesa do projecto, em resposta ao chumbo do PRR, em nome da Misericórdia. Mas mesmo assim foi indeferido”, explica.
Esta não é, contudo, a única ambição da Santa Casa para um futuro próximo. “Temos um hospital desactivado que queremos requalificar e reactivar, mas transformado como clínica de hemodiálise, numa parceria com a União das Misericórdias. Não depende só de nós, mas estamos com muita fé”, revela o provedor.
Actualmente, a Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros conta com 800 utentes e 400 trabalhadores. Em termos de serviços, além dos três lares de que dispõe, apresenta também “duas creches e uma unidade de cuidados continuados”, a que se juntam ainda “o Apoio Domiciliário e o Centro de Dia”. A estas ‘valências’ somam-se protocolos de acção com outras entidades, como a Câmara Municipal da Moita. Nesse âmbito, desenvolve trabalho integrado no projecto “Capacitar”, para apoio aos sem-abrigo. “Temos neste momento cerca de 50 pessoas referenciadas”, adianta Miguel Canudo.
Os próximos tempos, adverte, não se afiguram fáceis. “O cenário é igual para todas as instituições de carácter social: grandes dificuldades. Os acordos que temos são neste momento insuficientes para fazer face à despesa que temos. Dificuldades que se irão agravar a partir de 2024 quando for aumentado o salário mínimo. Estamos a falar de 60 euros de aumento salarial, justíssimo, numa diferenciação que pode ir até 5% para os restantes trabalhadores, e tudo isto junto significa que o salário mínimo tenha uma implicação de 84 euros por cada trabalhador”, realça o provedor, que considera fundamental um reforço dos apoios por parte da tutela às instituições sociais. “Algumas delas já estão em risco”, alerta, a finalizar.