Entretanto, na sexta-feira 27, e sábado 28, D. Américo Aguiar vai realizar um conjunto de visitas a instituições que passam pela PSP, GNR e Polícia Judiciária, pelo Hospital S. Bernardo, em Setúbal, estabelecimento prisional da cidade, Instituto Politécnico de Setúbal, Comissão de Protecção e Menores e à empresa Navigator, um périplo que o novo bispo revelou em entrevista ao Semmais Jornal.

Na segunda-feira seguinte, D. Américo Aguiar será recebido pelo presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, naquele que será o primeiro encontro com um autarca, e ao qual se seguirão encontros com outros presidente de câmara da região, revelou ainda.

Na mesma entrevista, o bispo diz que vai usar na celebração em Setúbal o seu Cálice da Missa Nova; “é o cálice de D. Manuel Martins”, primeiro bispo de Setúbal, que morreu a 24 de Setembro de 2017, aos 90 anos, e por quem nutre elevada estima. “Ofereceu-me esse cálice, em cujo pé mandou gravar o nome dele e a sua Missa Nova, de 1951, e o meu nome com a inscrição da Minha Missa Nova, em 1991, exactamente 50 anos depois”.

Diz que nada conhece da Diocese de Setúbal, mas esse “é um bom começo, porque significa que posso melhorar” e, como estamos a viver o Sínodo, como diz o Papa Francisco, “não há nada melhor que chegar exactamente assim. Entregar-me nas mãos e nos corações das pessoas de boa vontade deste território para o conhecer, servir e amar”.

Com a Diocese de Setúbal vacante, depois de D. José Ornelas ter sido nomeado para a Diocese de Leiria-Fátima, onde tomou posse a 13 de Março de 2022, para D. Américo Aguiar, todo este tempo de impasse foi “inaceitável e inadmissível”, mais ainda quando a Diocese de Setúbal é a “terceira do País, em termos populacionais, a seguir a Lisboa e Porto”.

E como grande diocese, “tem grandes problemas e grandes soluções”. Com quase 900 mil pessoas, este território “tem de tudo, muita riqueza e muita pobreza. E tem um novo desafio pela frente que é o facto de a península ter sido muito prejudicada por estar unida a Lisboa por causa dos fundos comunitários”.

Com a criação da NUTS para a região, a perspectiva é que se abram novas portas financeiras de apoio comunitário e, o bispo que afirma não gostar de usar mitra, muito menos o chapéu cardinalício: “prefiro usar o fato de trabalho”; garante que será “mais um para ajudar como provocador junto de quem de direito, para que, com o tempo, não se comentam erros e se possa aproveitar esta nova fase”.

E, como diz na entrevista ao Semmais, “esta região é abençoada. Parece um Portugal dos Pequeninos. Temos tudo, litoral e interior, agricultura, grande indústria instaladas e até forças armadas”, e perante isto, reforça: “Temos é de olhar para o que nos une e colocar de parte as pequenas coisas que nos separam”.

Neste momento, no Vaticano decorre a assembleia do Sínodo, que termina no próximo domingo e, entre muitos assuntos, decide-se o papel da mulher na igreja e a abertura do diaconato feminino. Sobre esta matéria, diz o novo bispo de Setúbal que, seja qual for a decisão, disso não fará bandeira. “Não me repugna confiar formalmente às mulheres cargos e funções, farei isso com toda a naturalidade”, disse ontem ao JN.

Quanto às vítimas de abuso sexual, um assunto que tem sido sensível para a igreja, D. Américo Aguiar afirma que fará uma “análise caso a caso da eventual indeminização” a essas vítimas. “Na minha diocese nenhuma porta está fechada”, garante.