Em nove edições do projecto em Portugal, cinco vezes a cidade de Setúbal foi escolhida para unir culturas do espaço Ibero-americano. Debate e música foram áreas privilegiadas
A fundadora do Exib Música, Adriana Pedret, olha para Setúbal como uma cidade que sabe gerir o sector cultural nas suas várias vertentes e, também por isso, é um espaço capaz para promover a interacção entre raízes e estilos musicais como é o território Ibero-americano e a Europa.
Vinca sobre este evento que, pela quinta vez se realiza em Setúbal, que o conceito ultrapassa um festival. Assumidamente é um congresso internacional que debate “Cidade, Música e Criação, Cidades Criativas: Presente e Futuro”.
Um congresso que “busca reflectir sobre os desafios enfrentados pelas cidades que empreendem a promoção da criação artística e mobilidade, como alternativa na construção de estradas para a transformação social sustentável”, afirma.
Com 9 edições em Portugal, esta é a quinta vez que o Exib Música escolhe Setúbal. Qual o motivo desta preferência por Setúbal?
São muitos as razões que nos trazem a Setúbal. A beleza da cidade, o calor das suas gentes, a história e encanto do seu centro histórico, a sua gastronomia, a magia do seu porto, entre muitas outras qualidades que tornam a experiência Exib Música em Setúbal muito atractiva para profissionais e artistas internacionais, que vêm a este evento com o propósito de entrar em contacto com a música ibero-americana.
Outra razão é o valor que a gestão municipal dá à criação artística, à diversidade cultural e à criação de vínculos que permitem gerar um rico diálogo intercultural ao alcance dos seus habitantes.
Qual o contributo do Congresso Internacional “Cidade, Música e Criação, Cidades Criativas: Presente e Futuro” para a afirmação do papel da cultura no desenvolvimento e transformação social sustentável das cidades?
É motivar reflexões sobre os desafios enfrentados pelas cidades que promovem e se assumem como centros de criação e espaços de mobilidade artística.
Esta edição está empenhada em reflectir sobre o valor das colaborações e unirá a diversidade de vozes de profissionais do sector cultural e musical, as administrações públicas e cidadãos com o objectivo comum de afirmar a centralidade da cultura para o desenvolvimento e transformação social sustentável das cidades.
Nestes dias do congresso, têm sido abordadas diferentes políticas e práticas para a promoção da criação local e reivindicar o papel transversal da música, raízes e histórias no desenvolvimento da convivência urbana pacífica.
Nos últimos cinco anos, Setúbal tem sido o hub de onde temos gerado conexões para a mobilidade artística musical. Hoje, é onde reflectimos e estabelecemos sinergias em torno da importância da criação artística, para aspirar a sociedades pacíficas, e emocionalmente duradouras.
Porquê o modelo, e designação, de congresso em vez de festival ibero americano?
O Exib Música é um projecto vivo, que faz sentido se, e só se, conseguirmos fornecer um novo olhar sobre o ecossistema cultural. Um olhar que nos representa em nossas pesquisas e que, por sua vez, é representativo das necessidades de artistas, profissionais, organizações, administrações e o tecido social da cidade que nos acolhe.
Congressos, grupos de trabalho, reuniões, treinamentos, diálogos, laboratórios; acompanham a exposição musical e os encontros profissionais, ao longo dos anos, lançando clareza, conclusões e aprendizados importantes para entender o que queremos para ter uma indústria musical sustentável.
Trabalhamos com emoções, memórias, necessidades de expressão e uma parte de intuição. É uma lógica atemporal, que recomeça a cada edição, mas não termina, nem se nutre na transição de cada ano de trabalho.
O Congresso Cidade, Música e Criação busca reflectir sobre os desafios enfrentados pelas cidades que empreendem a promoção da criação artística e mobilidade, como alternativa na construção de estradas para a transformação social sustentável.
Por fim, a história do Fórum Canções, é uma janela colectiva para contar as histórias que habitam as canções da música na América Latina em um esforço para conectar outros ambientes culturais, com o imaginário cultural Ibero-americano.
O Exib Música é uma experiência para celebrar a diversidade cultural da Ibero-América e inspirar o potencial transformador da cultura.
Foram apresentadas centenas de candidaturas e projectos de toda a zona Ibero-americana para estarem presentes no Exib Música. Quantas foram em concreto e qual o critério de selecção?
Este ano recebemos mais de 500 propostas de 17 países da América Latina (América Latina, Espanha e Portugal). A curadoria musical do Exib Música apresenta-nos todos os anos um grande desafio. Surpreender é sempre um desafio e uma motivação que procuramos manter. Todos e cada um dos projectos seleccionados formam um equilíbrio que lutamos para manter. É um compromisso preservar um critério de equidade que permita a diversidade.
Finalizado ou Exib Música, é dado algum acompanhamento aos projectos apresentados?
Em cada ano realizamos uma avaliação da edição, o que nos permite apresentar e publicar os resultados dessa edição. Ao longo do ano seguinte acompanhamos o desenvolvimento dos vínculos que foram gerados entre profissionais e artistas e como esses vínculos impactaram na mobilidade de cada projecto musical.
