Ingratidão Humana

Ingratidão Humana

Ingratidão Humana

28 Setembro 2023, Quinta-feira
António Guerreiro

Desde quando, eu não sei, não tenho conhecimento histórico a tal ponto. Mas apreciador de programas televisivos sobre o mundo animal, sei vir de longe, a relação que com eles nós temos, como raça humana. Descendentes do lobo, diz quem sabe realmente do assunto, haver algo na sua génese que para nós os atraiu. E sei reconhecer, não o tivesse sido sempre tão evidente e hoje, mais do que nunca, o quanto ao nosso lado e durante toda a nossa evolução, eles nos ajudaram. Protegendo nossa casa, nossas gentes e nossos rebanhos ou auxiliando na caça, quando dela dependíamos. Donos de uma coragem e lealdade, só superadas pela sua capacidade olfativa, eles protegem e policiam aeroportos e alfandegas, detetando drogas, armas ou qualquer substância, para tal treinados. Do mesmo modo, localizam desaparecidos e ao lado de socorristas, após catástrofes ou acidentes, salvam vidas ou localizam corpos das já perdidas. Provado mesmo nos tempos mais recentes, ir muito alem do considerado a sua inteligência, sabemos hoje, até no auxílio ao diagnostico de alguns tipos de cancro e outras doenças, com o seu excecional nariz podermos contar.

Obedientes por vontade e caracter próprio, fiéis a nós e aos seus sentimentos, quando a isso convidados no seio de uma família, tanto podem ser, e são, os melhores e mais protetores amigos das nossas crianças, símbolo do nosso futuro. Como a companhia mais presente e meiga dos mais idosos, rastro do nosso passado. Pedindo-nos em troca, no mais singular acto de gratidão, tão somente apenas que ao nosso lado, permitamos que sejam o que por natureza são e o acesso ao alimento, que vivendo no nosso e sem habitat próprio, por si só a ele não conseguem chegar.

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E se amigo puro, sincero e desinteressado, é aquele que sente alegria quando chego e tristeza quando me vê partir, eu, que tive o privilégio de alguns ter tido ao meu lado na vida: amigos lhe chamo. E calem-se as vozes críticas, pois tenho a certeza que contrariamente aos de duas, estes, de quatro patas, quando nos falham é porque com eles no respeito e comportamento, nós falhámos primeiro. Já que, analisando fria e honestamente a forma como por vezes os tratamos, em privação de liberdade, abuso, maus-tratos e abandono, vergonha de nós mesmos deveríamos sentir, no como ingratamente pagamos, a divida evolutiva que para com eles temos.

Foi por isso que ao ver de novo na tv, aqueles animais de tão nobre raça, sofrendo doentes de inanição, por quem já cansado de com eles ganhar dinheiro, de fome, foram largados á morte. E a avaliar pelo corpinho que exibe, nunca soube o que isso é. E que, ganhando a vida, fama e proveito, montado num e ás custas da dor de outro, mais do que ninguém, a todos os animais deveria ser grato e respeitar. Em mim, dois, entre outros momentâneos sentimentos e vontades, que me abstenho de citar por educação e ética social, permaneceram: uma imensa vergonha humana, pelo ser semelhante que tal acto praticou, e uma grande tristeza, pela consciência do pouco, ou nada, que a nossa justiça fará. Pois, valha-nos a de Deus!

Para aqueles que o veem e sentem como eu, claramente não precisei citar raças ou nomear seres, para saberem do que falo. Para os outros, cuja indiferença os mantem alheios, o meu lamento por tal e o mesmo respeito que nutro, por toda a opinião diferente. Porque afinal, esta, é apenas a minha.

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