Carlos Taleço: “Esperamos avançar com um lar e com habitação colaborativa até Novembro”

Carlos Taleço: “Esperamos avançar com um lar e com habitação colaborativa até Novembro”

Carlos Taleço: “Esperamos avançar com um lar e com habitação colaborativa até Novembro”

Presidente da Fundação COI diz que os dois projectos para Quinta do Anjo representam um investimento global de 4 milhões de euros. Unidade de Cuidados Continuados aguarda PRR

 

Conta pouco mais de 70 anos, mais de metade dos quais dedicados à maior instituição particular de solidariedade social do distrito e, seguramente, uma das maiores do País. Carlos Taleço preside à Fundação COI, de Pinhal Novo, entidade que já leva mais de quatro décadas (precisamente 43 anos) ao serviço da comunidade, constituindo-se como referência maior na região pelas respostas dadas nas mais diversas áreas, desde a infância ao idoso, passando pelo apoio às famílias e à inclusão social, entre outras.

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Em entrevista concedida a O SETUBALENSE e à rádio Popular FM, o responsável faz um balanço à actualidade da instituição e foca os novos projectos, na forja, que vão permitir ampliar ainda mais a capacidade de acção no concelho de Palmela: prestes a iniciar-se está a construção de mais uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas e um edifício de habitação colaborativa. A estes projectos, que vão nascer em Quinta do Anjo, soma-se ainda um outro antigo: a Unidade de Cuidados Continuados. Quando os três estiverem a funcionar, Carlos Taleço diz que terminará o seu ciclo de ligação à instituição.

Ao mesmo tempo, o presidente debruça-se sobre o caso recente da fuga de duas crianças da Fundação e promete agir judicialmente contra aqueles que denegriram o nome da instituição.

Que balanço faz ao trabalho da Fundação? A instituição está melhor ou mais robusta do que em qualquer outro período da sua história?

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A Fundação tem vindo a crescer como qualquer organização saudável deve fazer. Claro que está mais robusta, começou com quatro ou cinco trabalhadores e hoje tem 170, o que mostra a sua robustez. Está distribuída na vila de Pinhal Novo por cerca de 15 lugares, defendendo a nossa perspectiva de sempre: pequenas residências, pequenas respostas. Hoje a Segurança Social defende isso, o que não defendeu sempre, no redimensionamento da rede nacional. A robustez vem também dos serviços, dos técnicos e da organização estar atenta a cada momento das sociedades, neste caso no concelho de Palmela. Neste momento, actuamos em todas as freguesias, excepto em algumas respostas em que nos cingimos à freguesia de Pinhal Novo. Com a transferência de competências para as câmaras, houve que redefinir, desde Abril, toda a estratégia de actuação no concelho. Ficámos na freguesia de Pinhal Novo para área do Rendimento Social de Inserção [RSI] e Acção Social. E ficámos com a ajuda alimentar nas freguesias de Pinhal Novo e Palmela. As coisas estão a correr muito bem. A instituição neste momento tem um orçamento à volta dos 5 milhões de euros.

A quantos utentes dá hoje resposta a Fundação COI?

Em termos de acolhimento de juventude temos à volta de 60 a 70 crianças. Em termos de idosos, quer no apoio ao domicílio quer no acolhimento, temos 60. Na [área da] deficiência, temos 35 jovens, que vão ficando idosos.

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Se olharmos para todo o raio de acção, a Fundação chega a milhares de pessoas…

… É capaz de chegar a milhares, directa e indirectamente. Claro que isto parte de protocolos com a Segurança Social, protocolos muito mal pagos.

O período que se atravessa coloca-nos desafios mais exigentes. Primeiro, foi a covid-19; depois, a invasão da Rússia à Ucrânia, com todas as consequências conhecidas. De que forma sente a Fundação estes impactos?

São dois aspectos diferentes. A covid obrigou-nos a uma reorganização de funcionamento, com acréscimo de algumas verbas que também foram sendo colmatadas pela Segurança Social, e pela própria autarquia. Tivemos mais de fazer os planos de emergência e o reajustamento, e andarmos atentos. Posso dizer que no período de covid não tivemos um único idoso ou uma única criança contagiados. Impusemos regras muito rigorosas e conseguiu-se.

Mais recentemente [na actual conjuntura], o único impacto que estamos a sentir é nas obras que iremos começar. Ao nível do funcionamento da instituição é o normal, sentimos o que todas as pessoas estão a sentir com o aumento do custo de vida. O que sentimos mais foi a actualização dos ordenados mínimos, porque não há verba a entrar e há a sair.

Em que áreas considera que a Fundação tem maior peso na região? Qual a resposta que considera ser a “menina dos olhos” da instituição pelos resultados que consegue alcançar?

Todos os projectos são “menina dos olhos”, porque não inventamos o que vamos fazer. Em cada momento, a resposta social a que nos resolvemos candidatar ou implementar resulta sempre do diagnóstico que a Câmara Municipal faz a nível da rede social. Quando fizemos o lar residencial para deficientes não havia nenhum (e não há a não ser este), a residência autónoma não havia nenhuma a não ser esta… e os lares, quando arrancámos, também penso que não haviam. Começámos com o primeiro acolhimento em Rio Frio. A Fundação é, em si, toda ela importante. Mantém relações com todas as instituições de Pinhal Novo, é a mais antiga. Foi crescendo, mas temos as vagas todas esgotadas.

Vamos aos projectos que estão na forja e que virão ampliar as respostas da Fundação. Um dos quais é a construção de umas residências.

Estamos sempre atentos às possibilidades de nos candidatarmos a novas respostas na rede social. Temos uma pendente desde 2011, que é uma Unidade de Cuidados Continuados, está o projecto pronto, num terreno que a Fundação adquiriu junto à Quinta Pedagógica, na Palhota… O objectivo final do meu ciclo é deixá-la a funcionar.

Ao PRR candidatámo-nos a três projectos: na mobilidade verde, foi subsidiada no valor de 25 mil euros uma carrinha eléctrica para o apoio domiciliário, que custou 50 mil; depois candidatámo-nos a uma Estrutura Residencial para Idosos, de raiz. E pedimos cedência de um terreno à autarquia. Pedimos para a zona de Poceirão/Marateca, a Câmara disse que lá não tinha, mas que tinha dois terrenos em Quinta do Anjo. Escolhemos um, junto à Avenida Dr. António de Matos Fortuna. Este projecto foi aprovado com 1 milhão e 490 mil euros. O valor total vai ser de 2,2 milhões de euros. Vai ter capacidade para 45 utentes. É um projecto inovador, porque permite a separação das pessoas com demência, depois tem uma zona de acolhimento normal para pessoas que têm alguma mobilidade e tem toda uma área social, com cozinha, refeitório, sala de convívio, sala de reflexão. A ver se começa em Outubro, está finalizado o concurso, está garantida uma linha de crédito [bancário].

E os outros projectos?

Um outro edifício, que é de habitação colaborativa, também em Quinta do Anjo (Carreteiros), num outro terreno cedido pela Câmara Municipal em direito de superfície. São habitações individuais. Vão ser construídos em banda 20 apartamentos T1, um apartamento T2 e três T0, para 42 pessoas. O investimento é à volta de 1 milhão e 800 mil euros e é subsidiado em 1 milhão e 100 mil. Penso que conseguiremos iniciar a obra no mês de Novembro. Para os dois projectos recorremos a um financiamento bancário de 1,5 milhões de euros.

O terceiro projecto é a Unidade de Cuidados Continuados.

Andamos à espera que saia a linha de financiamento do PRR para a construirmos. É um projecto que já vem desde 2011 e que esteve subsidiado, já tínhamos o concurso feito. Quando entrou o Passos Coelho, o ministro da Saúde Paulo Macedo cortou os dinheiros todos… Parece que andamos a pedir para nós.

Face à capacidade que a Fundação COI apresenta hoje, sente-se realizado? Pensa continuar muito mais tempo à frente dos destinos da instituição?

Sozinho não faço trabalho, temos muitos técnicos, muitos auxiliares… Agora, há regras, há organização e há funcionamento. E há ordenados em dia, isso é fundamental. Não há dívidas. Dediquei praticamente a minha vida toda [à Fundação]… e fui sempre estudando, fazendo a minha vida profissional. Quando os três projectos estiverem concluídos, a funcionar, mais dois anos e não vou continuar, até porque tenho de ir gozar a minha juventude de terceira idade.

Fuga “As crianças nunca estiveram mal… as pessoas que fomentaram isso vão ser processadas”

Como estão as duas crianças que fugiram recentemente da instituição e que acabaram por ser recolhidas na estação de Pinhal Novo?

As crianças nunca estiveram mal. O que incomoda mais aos incompetentes, aos ignorantes e àqueles que nada fazem, são aqueles que fazem alguma coisa. As pessoas que fomentaram isso… neste momento, a advogada da instituição está a organizar os respectivos processos – porque a GNR identificou todas essas pessoas – para serem feitas queixas-crime por difamação da instituição.

Está a falar de pessoas que divulgaram a situação nas redes sociais…

… E que tiraram fotografias que não podiam ter tirado, outras que falaram na televisão com muita adjectivação contra uma coisa que desconheciam… Enfim, há-de ir para tribunal e vão ser pedidas indemnizações para a Fundação. As crianças estão bem. Ninguém passa fome nem sede na instituição, é uma aberração acreditar nisso. Claro que a Segurança Social coloca cá crianças problemáticas. Muitas delas com problemas psiquiátricos. Portanto, tudo isto dá um conjunto de situações com as quais as pessoas deviam de saber viver em sociedade.

Um dos miúdos, o mais velho, que é absolutamente normal, dizia que estava com saudades da mãe (ele levou o outro por companhia). É um miúdo quase com 9 anos, inteligente e que sabe abrir os ferrolhos que outros não conseguem. De qualquer forma, aquele edifício está feito para [crianças] dos 0 aos 6 anos, este miúdo está quase com 9. E por que é que está ali? Porque não havendo vagas noutro lado, a Segurança Social insiste. Por outro lado são três irmãos e nós temos por princípio não separar fratrias.

 

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