O toureiro diz que a festa brava tem evoluído bem e que conta com forte adesão de público. Faz um balanço à sua carreira e antecipa a corrida mista do próximo dia 16 na Monumental Daniel do Nascimento
É referência do toureio apeado em Portugal, é da Moita e já abriu portas em Espanha, onde promete conquistar uma exigente afición. Joaquim Ribeiro, 32 anos, conhecido no mundo tauromáquico por “Cuqui”, é um dos nomes grandes que integram o cartel da Corrida Mista de Toiros do próximo dia 16, a ter lugar na Praça Daniel do Nascimento.
O matador de toiros moitense – que tirou alternativa a 19 de Agosto de 2018 em Tijuana, México, e que tem vindo a somar triunfos aquém e além-fronteiras – volta a actuar em casa, num espectáculo que contará ainda com o matador espanhol Juan Ortega e com os cavaleiros António Telles e João Moura Jr. Vão lidar toiros das ganadarias Monte Cadema e Juan Albarrán, que serão enfrentados pelos forcados amadores de Santarém e Vila Franca de Xira.
Em entrevista a O SETUBALENSE, “Cuqui” aborda o actual momento da festa brava no nosso país, analisa a sua carreira e revela os objectivos a que aponta num futuro próximo. Ao mesmo tempo, perspectiva “um espectáculo bonito e muito interessante” para a noite de 16 de Setembro na Monumental da Moita.
O que se pode esperar da corrida mista do próximo dia 16, em geral, e de “Cuqui”, em particular?
Penso que é uma das corridas mais bem rematadas da feira e dos últimos anos, aqui na Moita. Sendo António Telles e João Moura Jr. duas figuras do toureio a cavalo e Juan Ortega um matador [de toiros] em projecção em Espanha, que já se pode considerar figura do toureio no país vizinho, e sendo eu da Moita, penso que se irá ter uma adesão de público bastante boa. Vai ser um espectáculo bonito e muito interessante para o público.
Os toiros vêm das ganadarias Monte Cadema e Juan Albarrán…
… Eu vou tourear os toiros Juan Albarrán, uma ganadaria bastante boa, bem consolidada em Espanha. Penso que será um bom espectáculo para todos.
Como têm sido estes últimos cinco anos, depois de ter tirado a alternativa em Tijuana, México? Está a ter a carreira com que sonhava?
A minha carreira tem sido alicerçada em passos pequenos mas bastante firmes, no que toca a andar pelo mundo do toiro. Embora estes sejam momentos difíceis. Após a pandemia de covid foram dois anos muitos difíceis para todos e para este sector, em específico, também. Pessoalmente, tive anos positivos, com boas oportunidades que consegui aproveitar. E hoje em dia tenho uma boa posição no nosso país, tenho figurado nos melhores cartéis. Este ano tive uma corrida importante em Espanha, da qual saí bastante bem. Toureei em vários países, Perú, México e Estados Unidos… Desde o primeiro ano de matador até aos dias de hoje, penso que tem sido uma carreira em ascensão.
Qual o triunfo que mais o marcou neste trajecto?
Duas tardes marcaram-me muito: em Caldas da Rainha, no meu segundo ano de matador de toiros; e a minha apresentação como matador na Moita, em que toureei um toiro da ganadaria Palha muitíssimo bem. Foram dois momentos altos na minha carreira, bem como agora a minha apresentação em Espanha, em Cenicientos, que foi uma tarde bastante importante.
A tradição portuguesa da festa brava ainda é o que era?
Tudo tem uma evolução. No que toca à adesão de público, ao contrário da mensagem que alguns tentam passar, tem-se notado uma participação bem forte. A festa continua a progredir e a contar com muitos adeptos. Existem praças cheias praticamente em todas as corridas que se realizam em Portugal. A festa evoluiu para bem. Todos os que digam o contrário estão a faltar à verdade. A tauromaquia está viva e recomenda-se.
E em que patamar considera estar o toureio apeado no nosso país?
A época do maestro Vítor Mendes e de Pedrito de Portugal foi a última grande fase do toureio a pé em Portugal. Depois registou-se algum declive, mas agora, com esta nova fornada de matadores existentes, temos dado cartas e o público tem aderido às corridas mistas e às corridas a pé. Penso que estamos outra vez num bom momento do toureio apeado.
Quais são os seus principais objectivos para a próxima época tauromáquica?
Sem dúvida aumentar o número de corridas em que possa tourear e, agora que abri portas em Espanha, continuar a actuar no país vizinho e confirmar a alternativa em Madrid, que é o meu objectivo maior de momento.
Como surgiu a alcunha de “Cuqui” que adoptou como nome profissional?
Surgiu aquando da minha entrada na Escola de Toureio da Moita, que era dirigida pelo maestro Armando Soares. Ele tinha por hábito atribuir nomes de antigos toureiros aos alunos que entravam na escola. Não fui excepção e colocou-me esta alcunha que veio ao encontro do meu nome próprio, Joaquim. O mesmo de um toureiro da zona de Sevilha, a quem chamavam “Cuqui”. E logo no meu primeiro dia na escola de toureio o mestre Armando Soares passou a chamar-me “Cuqui”. Penso que vai muito ao encontro do que sou, daquilo que procurei ser: um toureiro clássico.