26 Junho 2024, Quarta-feira

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PCP marca rentrée política com críticas à União Europeia e ao Governo de Costa

PCP marca rentrée política com críticas à União Europeia e ao Governo de Costa

PCP marca rentrée política com críticas à União Europeia e ao Governo de Costa

Durante três dias a Quinta da Atalaia voltou a ganhar vida numa festa de convicção política, mas que se estende por muito mais

São muitos os motivos que concorreram para atrair milhares e milhares de pessoas à Festa do Avante! este ano, e em muitos outros. Da gastronomia à cultura, passando por espectáculos, concertos e actividades desportivas, sem dispensar o ambiente de caloroso convívio. E ainda camaradagem, amizade, confiança no futuro e debate das questões políticas e dificuldades económicas e sociais que assolam a Europa e o Mundo.

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Numa edição da festa que fica na história do partido como a primeira em que o secretário-geral, Paulo Raimundo, discursou no palco grande, ouviram-se críticas à União Europeia e ao Governo de António Costa.

Mal abriram os portões, às 18 horas de sexta-feira, logo o vasto espaço começou a ser preenchido por quem esperara com impaciência pelo início da Festa do Avante!, que teria como prato forte da noite o concerto sinfónico consagrado ao 25 de Abril, pela orquestra Sinfonieta de Lisboa e o coro sinfónico Lisboa Cantat.

Depois, ao longo dos três dias, pisaram os vários palcos artistas, portugueses e estrangeiros, a maior parte dos quais dispensa apresentações, conhecidos e admirados por todos, como Jorge Palma, Rui Reininho, Paulo de Carvalho, A Garota Não. Tim, Mimicat, Ricardo Leão, Carolina Deslandes, a cantora italiana Loredana Savino, Mísia, Conjuntos como África Negra, Bateu Matou, Criatura, Chris Luquette East Coast Bluegrass Band, Noy Forbidden, Orquestra do Hot Clube de Portugal e, neste aspecto, muito fica por dizer.

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No que respeita ao teatro, a Produção Dois pôs em cena “A Festa”, o Teatro da Terra, “Amor de Dom Perlimplim com Belisa no seu jardim”, as Produções Acidentais “Final Feliz” e o Teatro Ferro e o Teatro Marionetas do Porto “Maiakovski – O regresso ao futuro”.

Próxima da entrada da Quinta da Princesa, foi levantada a Cidade Internacional com pavilhões de partidos comunistas e organizações progressistas de todo o mundo, vendendo artesanato ou petiscos característicos do País. Um dos mais frequentados foi o pavilhão Iuri Gagarine, em homenagem ao primeiro homem que viu a Terra do espaço cósmico.

Muita gente passou, também, pelo Pavilhão Central, para ver uma exposição alusiva ao 25 de Abril, bem como pelo pavilhão da Ciência, um verdadeiro centro de popularização de curiosidades científicas. Os pavilhões da Imigração e Emigração acolheram também muitas pessoas, desejosas de encontrar velhos amigos e de saberem novidades dos sítios onde labutaram para sustento próprio e da família. E, por todo o lado, pairava um cheirinho a alegria, um orgulho de partilhar.

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Mas, “porque a Festa é alegria, diversão e convívio”, como bem disse um responsável do PCP, os visitantes encontraram no espaço da Organização Regional de Setúbal uma ementa que logo se popularizou por toda a festa: choco frito, marisco, massada de peixe, moscatel e vinhos da Região, queijos, sopa Caramela.

Paulo Raimundo apontou o dedo à Europa e não poupou a governação nacional

Foi com uma certa expectativa que os comunistas aguardaram a intervenção de Paulo Raimundo, dando a figura e a voz aos milhares que fizeram transbordar o espaço 25 de Abril. O secretário-geral do PCP entrou forte e seguro, numa intervenção que não deixou dúvidas, e abordou a política nacional e as questões internacionais.

“Aprofunda-se a crise estrutural do capitalismo e o declínio relativo dos EUA e de outras grandes potências capitalistas, reunidas no G7. Rearrumam-se as forças no plano internacional, de que a recente cimeira dos BRICS é exemplo. Face à persistente resistência e luta dos povos, os EUA, a NATO e a UE intensificam a exploração e a confrontação por todo o mundo. E aí está em toda a sua dimensão a verdadeira cor do capitalismo com a brutal acumulação e centralização da riqueza, à custa da exploração, da pobreza, da desigualdade, da injustiça, da fome, da doença, da predação e saque dos recursos”, sublinhou Paulo Raimundo.

Muito aplaudido e sob a ameaça de uma chuvada, prosseguiu, empolgado. “Nesta Festa da Paz, e com a autoridade de quem desde sempre se empenhou e empenha contra a guerra e pela construção de um mundo seguro, afirmamos que é preciso dar uma oportunidade à Paz, que precisamos mais de amizade e cooperação e menos de ódio e belicismo. Que é preciso agir, face aos que, indiferentes à morte e à destruição, apostam no conflito militar em vários pontos do mundo e insistem a todo o custo na continuação de uma guerra que na Ucrânia já leva nove anos, que nunca deveria ter começado e que é urgente parar. É com o carimbo da União Europeia e a sua acção que os povos são empurrados para o empobrecimento.”

Logo a seguir apontava o dedo à União Europeia, “cheia de contradições e às ordens dos EUA, a fomentar o militarismo e a abrir caminho a concepções e forças fascistas e reaccionárias. Uma União Europeia comprometida com os interesses e os milhões de lucro dos grupos económicos. Uma União Europeia incapaz de travar a morte de milhares de pessoas no Mediterrâneo, muitas delas em fuga de países alvo das acções dos EUA, da União Europeia e das bombas da NATO. Este caminho não serve os povos. O que precisamos é de cooperação, paz, igualdade entre Estados, desenvolvimento e progresso social, objectivos pelos quais lutamos”.

Sobre a política nacional, Paulo Raimundo apontou para os efeitos de uma política que no essencial “está ao serviço dos interesses e objectivos dos grupos económicos, opção para a qual converge a acção do Governo PS, a sua maioria absoluta e a intervenção de PSD, CDS, Chega e IL”.

Uma política que, “apoiada em meios e instrumentos colossais, é desenvolvida pelos protagonistas que, em cada momento, lhe dão melhor garantia de agravar a exploração, concentrar a riqueza, atacar serviços públicos, promover privatizações e a especulação, com toda a injustiça e desigualdade que provocam.

Tendo sempre em vista os interesses de classe, reafirmou que “é chocante a contradição entre a realidade da vida dura dos trabalhadores e do povo e a propaganda e opulência dos grupos económicos. É a inflação que baixa, mas que deixa de fora dessa conta os brutais encargos com a habitação, uma inflação que sentimos nomeadamente nos preços dos alimentos e dos combustíveis. Dizem-nos agora que a economia está bem. Está bem para os 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, das quais 345 mil são crianças? 2 Está bem para cerca de 3 milhões de trabalhadores, que ganham até mil euros de salário bruto por mês”.

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