Espaço cultural situado no coração da cidade tem merecido cada vez mais investimento autárquico. Visitantes são cada vez mais, não só neste espaço, mas também em todos os certames
A terra que viu nascer e crescer o fotógrafo Augusto Cabrita tem sido, cada vez mais, um espaço aberto à formação de novos artistas, sociedades e palco de grandes obras tendo em conta o investimento municipal de cerca de 380 mil euros.
Sob o rio Tejo acolhe todos os anos milhares de pessoas com as festas da cidade que em Agosto dão outra vida ao espaço da Avenida da Praia. A antiga Casa da Cultura e o Bairro de Santa Bárbara, o Espaço Memória e o Museu Industrial da Baía do Tejo não deixam fugir da memória os tempos em que o Barreiro ‘era dos ferroviários’.
Uma cidade de mudanças e novos projectos, sem nunca deixar de trazer de volta locais que eram antigamente grandes espaços – Casa da Cerca e Teatro Cine Barreirense, que serão intervencionados.
A reabilitação do Teatro-Cine Barreirense e do Antigo Tribunal são dois dos projectos que Sara Ferreira, vereadora com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal do Barreiro, aponta como prioritários para o resto do mandato.
Qual é a previsão do investimento no sector da Cultura por parte da Câmara Municipal do Barreiro para o actual mandato?
A manter-se o nível de investimento verificado até ao momento, no presente mandato, é expectável que o investimento supere os 4 milhões de euros, valor maioritariamente destinado a programação e a apoios aos vários agentes culturais do Barreiro. A este valor dever-se-á acrescentar o investimento previsto para a compra do Teatro-Cine e do Antigo Tribunal do Barreiro.
Comparando com mandatos anteriores, este investimento tem crescido?
Sim, a título de exemplo basta referir que o orçamento do Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC) em 2017 não chegava aos 40 mil euros e que para 2023 temos orçamentados 200 mil euros. O investimento na cultura tem crescido a olhos vistos e os resultados estão à vista de todos: temos tido inúmeras sessões esgotadas no AMAC, as festas da cidade alcançaram um nível e uma notoriedade impressionante, o reforço de apoios aos agentes locais faz-se sentir na programação e apostámos em novas iniciativas como o Jazz no Parque.
Quais são os maiores desafios em relação ao sector da Cultura?
Os maiores desafios no sector da Cultura prendem-se com a procura de equilíbrios. Num concelho criativo como o Barreiro e com públicos muito diversificados é importante encontrar equilíbrios entre diferentes áreas artísticas e entre tipos de públicos.
Felizmente este é um desafio que é respondido, não somente pelo município, mas por toda uma comunidade de artistas, associações e outros agentes com quem colaboramos diariamente.
Quais são as áreas culturais que o executivo pensa em intervir?
Respondendo muito directamente: em todas. E não se trata de estar a fugir à pergunta, mas de facto não podemos descurar nenhum dos campos artísticos.
Qual é a iniciativa ou certame que considera que dá mais expressão à cidade?
A identidade cultural do Barreiro expressa-se de muitas maneiras e é-nos muito difícil escolher uma iniciativa sobre as outras, seria como nomear um filho preferido.
Qual é o envolvimento das freguesias nas iniciativas culturais do município?
As freguesias são um parceiro fundamental, quer no apoio a actividades da câmara ou de associações, quer pelas iniciativas culturais próprias que desenvolvem e que permitem um ainda maior enriquecimento da vida cultural do Barreiro.
De que forma é que a autarquia trabalha em conjunto com as instituições e associações locais de cultura?
Na cultura, como em qualquer outra área de políticas públicas, o essencial é sabermos ouvir acomunidade e apoiá-la no alcance dos seus objectivos, ainda mais quando temos uma comunidade artística que é particularmente activa.
Assim, trabalhamos com os agentes locais desafiando-os para a programação de iniciativas, apoiando financeiramente e logisticamente várias actividades propostas pelos parceiros, mas também tentando construir novas pontes entre actores culturais. A circulação de ideias, de práticas, de perspectivas e de pessoas na arte é fundamental.
Estão programadas empreitadas relativamente a novos espaços culturais?
Estão previstas três grandes empreitadas: a reabilitação do Teatro-Cine Barreirense, do Antigo Tribunal, e da Casa da Cerca que funcionará como Casa da Fotografia Augusto Cabrita.
Como avalia o investimento do Governo na Cultura, e que relevância tem concelho?
Avaliamos de forma muito positiva várias novas iniciativas governamentais que têm vindo a ter lugar, realçando desde logo a criação da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP), e criação da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC).
Estas redes, que o nosso Auditório Municipal Augusto Cabrita conseguiu integrar, financiam actividades, equipamentos e promovem uma linha muito clara de circulação artística por todo o país, um ponto fundamental para o desenvolvimento das artes. Devem ainda ser realçados os apoios directos dados pela Direcção Geral das Artes (DGArtes) a outras estruturas que desenvolvem actividade no Concelho.
O Museu Industrial da Baía do Tejo mostra ser o transporte dos ofícios passados para dar a conhecer às gerações futuras. Que importância tem este espaço na história do município?
Este espaço e a sua zona envolvente como o Espaço Memória, a antiga Casa da Cultura e o Bairro de Santa Bárbara são elementos importantíssimos para o Barreiro, pois fazem parte da nossa memória, da nossa identidade.
Por ali passaram milhares de trabalhadores, famílias, vidas que urge celebrar e relembrar. Não é por acaso que o território da antiga CUF alberga vários arquivos no âmbito da iniciativa Cidade dos Arquivos, é porque aquele é um local de memórias que queremos manter vivas e abrir ao futuro.
Casa da Cerca, Teatro Cine Barreirense e novo Teatro Municipal são os novos projectos que a autarquia pensa realizar. O que é que nos pode adiantar relativamente a isto?
Estes são dois projectos que me são muito caros, não só a mim, mas a todos os barreirenses que sentem que a cidade pode e deve crescer ainda mais culturalmente. A aquisição assim como a reabilitação e respectivos projectos são processos longos, mas nos quais temos estado a avançar. Esperamos ter novidades relativamente a estes projectos nos próximos meses.
Relativamente às Festas do Barreiro que chama milhares de pessoas, o que é que o certame traz de positivo à cidade?
As Festas do Barreiro trazem uma vida única à cidade e são uma excelente forma de mostrar o Barreiro àqueles que ainda não têm a sorte de o conhecer. As festas são uma oportunidade única para assistir a um bom concerto no palco principal ou no palco juventude, para provar doces locais, para comer nas festas ou num dos inúmeros restaurantes de qualidade que o Barreiro oferece, para ver o rio, para passear nos passadiços, para participar nas cerimónias religiosas, para ver e rever amigos. As pessoas são e serão sempre o que o certame trará de mais positivo à cidade.