A primeira participação da Seleção Feminina de Futebol, num Campeonato do Mundo, pelo seu mediatismo levou por certo muitos de nós a uma reflexão sobre o tema da igualdade de género no desporto.
Longe vão os tempos, em que nos primeiros Jogos Olímpicos, realizados em Athenas em 1896, só aos Homens, era permitida a participação nas competições, ou mais recentemente, em 1967, na Maratona de Boston, quando Kathrine Switzer, tornou-se a primeira mulher a participar numa Maratona, quando na época isso apenas era permitido aos homens, sendo até empurrada para fora da mesma, por um oficial da organização durante a prova, acabando contudo por a finalizar.
No quadro legal, da atualidade e em concreto no nosso país, a Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto, que tem como objeto definir as bases das politicas de desenvolvimento da atividade física e do desporto, apresenta no artigo 2.º os princípios da universalidade e igualdade, sendo que no ponto dois, explicita que “A actividade física e o desporto devem contribuir para a promoção de uma situação equilibrada e não discriminatória entre homens e mulheres”.
A nossa primeira seleção de futebol feminino, data de 1981, existiam nessa altura cerca de 300 jogadoras filiadas na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), atualmente, são mais de 13 mil, os nomes de Jéssica, Diana, Kika ou Telma Encarnação, jogadoras da seleção nacional feminina, são hoje bem conhecidos no futebol nacional, mas tenhamos presente em nós, que não foi sempre assim, nomeadamente nos tempos da pioneira Alfredina, reconhecida por muitos, como a melhor jogadora portuguesa da primeira seleção nacional, que viria a ser extinta em 1984.
No Projeto elaborado pelo Professor Carlos Queiroz, aquando da sua primeira passagem pela (FPF), já se falava na importância do desenvolvimento do futebol feminino, tendo o mesmo referido, “o tratamento do futebol feminino é um aspeto indissociável do projeto de desenvolvimento global do futebol português…no nosso entendimento um lançamento do projeto de formação de uma seleção nacional é um contributo de inequívoca valorização e de motivação”, a seleção nacional feminina, foi reativada em 1992, por iniciativa de Carlos Queiroz.
Mais tarde, em 2012, com a chegada do Dr. Fernando Gomes, à Presidência e da Dra. Mónica Jorge à direção da FPF, foi efetivamente realizada uma forte aposta no Futebol Feminino, esta aposta refletiu-se no aumento do número de praticantes e no nível qualitativo das nossa seleção, não esquecendo o aumento do mediatismo, do número de espectadores e dos patrocínios, assim como o investimento de alguns dos grandes clubes portugueses, permitindo às jovens jogadoras, alimentarem o sonho de poder virem a ter uma carreira profissional no futebol.
O Campeonato do Mundo de Futebol feminino, organizado pela FIFA, surgiu pela primeira vez no ano de 1991, até ao momento apenas quatro seleções foram campeãs mundiais, Estados Unidos da América (4 títulos), Alemanha (2 títulos) e o Japão e a Noruega com um título cada, por outro lado esta é a primeira edição com a participação de 32 seleções.
Nesta edição, temos assistido a jogos de elevado nível técnico-táctico, emoção e competitividade, a nossa seleção, em estreia, deixou uma excelente imagem, com a realização de três jogos, de grande nível, jogando de igual para igual com as melhores do Mundo, a bola que bateu no poste no período de compensação do último jogo e que nos impediu de seguir para os oitavos de final, só pode pois servir como motivação para conquistas futuras, que certamente irão surgir.
Sobre este tema, e naquilo que nos diz respeito, aquando da nossa candidatura à Presidência da Associação de Futebol de Setúbal (AFS), consideramos a igualdade de género, como um pilar fundamental do nosso Projeto “101 Vontades, Um Projeto”, na nossa lista candidata aos órgão sociais, apresentamos 6 (seis) elementos do género feminino, destes, duas foram candidatas a presidentes de dois órgãos (Conselho de Disciplina e Conselho de contas), para além disto, a medida 42 do nosso projeto, previa a alteração dos estatutos da AFS, de forma a igualar o número de votos que um clube tem direito na Assembleia geral da AFS, atualmente um clube que apresente uma equipa feminina nos escalões nacionais, tem direito a um número inferior de votos na AG da AFS do que um clube que apresente uma equipa masculina nos escalões nacionais.
Por fim, e porque falamos de futebol feminino, uma felicitação para o Vitória Futebol de Clube de Setúbal pelo título nacional da terceira divisão de futebol feminino, obtido esta época.