Foi avassaladora a cobertura mediática da cimeira da NATO em Vilnius, nos dias 11 e 12 deste mês.
É como já é corriqueiro, não houve um minutinho por parte da comunicação social dominante, para a Tribuna Pública “Paz Sim! Nato Não! Por um Mundo de Paz!”, organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação no mesmo dia 12, frente à Fundação José Saramago em Lisboa.
No documento distribuído aos presentes e não só, sobre o referido conclave, afirma o CPPC: “Aponta como objetivo o incremento do militarismo, o aumento das despesas militares, a escalada armamentista, a intensificação da política de confrontação, com as suas imensas consequências e riscos para a humanidade”.
E propõe: “Fim da política de confrontação e de guerra e da resolução política dos conflitos internacionais e dissolução da NATO.
Fim da escalada belicista que se verifica na Europa e na região Ásia-Pacífico.
Abolição das armas nucleares e de outras armas de destruição massiva.
Fim da corrida aos armamentos e desarmamento geral, simultâneo e controlado.
Salvaguarda da paz, da segurança coletiva, da cooperação com base nos princípios da Carta das Nações Unidas e da Ata Final da Conferência de Helsínquia.
Apoio aos deslocados e refugiados, vítimas das guerras.
Cumprimento pelas autoridades portuguesas, dos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa, de respeito pela soberania, independência, igualdade de direitos e resolução pacífica dos conflitos entre Estados.
Solidariedade e amizade entre todos os povos, defesa do direto à paz, condição essencial para o desenvolvimento, a justiça, o progresso social e o bem-estar da humanidade.”
Auto intitula-se esta organização militar, defensiva e promotora da paz e da democracia.
Ela, que para além de pressões e ingerências, foi responsável ou apoiou as guerras contra a Jugoslávia, o Afeganistão, o Iraque ou a Líbia, com todo o rasto de morte, destruição e milhões de deslocados e refugiados.
No plano da democracia, por exemplo, Portugal que até 1974, foi um País colonialista e fascista, foi seu fundador. E agora, apoia outro, cujo governo ilegaliza todos os partidos que não lhe agradam (11), alberga nas suas forças armadas elementos declaradamente nazis, reprime populações ilegalizando a sua língua e cultura, impede que as mesmas se pronunciem pela sua autodeterminação e não cumpre acordos nesse sentido (Acordos de Minsk). E é este país, a Ucrânia, que os responsáveis da NATO prometem que será mais um seu Estado-membro.
Portanto, é a esta organização bélica ofensiva, instrumento da política externa sobretudo dos EUA,
que pressiona os Estados que a constituem, como Portugal, cujo orçamento para a cultura não chega a 1% do PIB, que aumentem os seus orçamentos militares até 2% dos respetivos PIB. Portugal, cuja Constituição preconiza a dissolução dos blocos político-militares e a criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.