Projeto é apresentado esta sexta-feira, pelas 10 horas, em sessão a decorrer no Moinho de Maré da Mourisca
A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma das sete áreas protegidas que vão passar a contar com guardiãs da natureza, cujo papel se centra em “identificar, catalisar e coordenar a implementação de projectos de intervenção no meio rural”, enquanto vão ser “dinamizadoras dos locais da regeneração e recuperação dos ecossistemas e biodiversidade”.
Trata-se do projecto “Rede de guardiãs da natureza e desenvolvimento sustentável do mundo rural”, que, na região de Setúbal, vai ser lançado esta sexta-feira, pelas 10 horas, em sessão que decorre no Moinho de Maré da Mourisca.
A O SETUBALENSE, Susana Viseu, coordenadora do projecto, explicou no que consiste esta primeira fase do programa e quais vão ser as funções das guardiãs, sendo que para cada área protegida será feita uma selecção de 12 mulheres.
“Está é uma primeira fase do projecto, onde estamos a criar guardiãs da natureza e do desenvolvimento sustentável do mundo rural, em que o objectivo é que estas mulheres tenham a capacidade de, mais tarde, puderem vir a desenvolver o seu próprio negócio, ou a sua própria actividade profissional, ligada a estas áreas protegidas”, sublinhou.
Na região de Setúbal, o plano será posto em prática na Reserva Natural do Estuário do Sado, onde as guardiãs vão estar “ligadas à pesca ou à conservação das pradarias marinhas”.
“Já nas outras áreas protegidas, as actividades podem estar ligadas mais ao mundo rural, como a produção de queijo, a apicultura, a pecuária, a agricultura sustentável ou a produção de vinhos”, acrescenta.
O projecto passa pelo envolvimento e capacitação das mulheres como guardiãs e defensoras da sustentabilidade do meio rural, um elemento essencial para a concretização de um modelo de desenvolvimento que assenta na valorização do território e dos valores naturais.
A criação desta rede de mulheres guardiãs vai contribuir para a implementação de estratégias de conservação do património natural, permitindo o reconhecimento do seu valor, a percepção e apropriação do desígnio da biodiversidade, pelas comunidades locais.
Para se ser uma guardiã, é necessário “amar e respeitar a natureza, querer desenvolver a sua actividade profissional no mundo rural, aproveitar os recursos endógenos e preservar os saberes locais e ter vontade de contribuir para o desenvolvimento sustentável dos territórios”.
Além disso, no perfil das guardiãs da natureza é ainda definido que as mulheres escolhidas devem “querer divulgar os seus produtos ou serviços, ter capacidade de comunicação, dinâmica, capacidade de liderança e ser corajosas, resilientes e persistentes”.
O projecto é realizado em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Apesar de nesta primeira fase não contar com bolsa de ajuda, procura estabelecer parcerias com universidades, politécnicos, empresas públicas e privadas das áreas de intervenção.
Além da Reserva Natural do Estuário do Sado, nesta primeira etapa o projecto actua em outras sete áreas protegidas, nomeadamente no Parque Natural Montesinho, no Parque Natural Litoral Norte – Esposende, no Parque Natural da Serra da Estrela, na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, na Reserva Natural do Paúl de Arzila, no Parque Natural do Vale do Guadiana e no Parque Natural da Ria Formosa.