26 Junho 2024, Quarta-feira

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Paradoxos que matam

Paradoxos que matam

Paradoxos que matam

, Médico
28 Junho 2023, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Antes do tremendo ruido provocado pela “intentona” dos mercenários caminhando para Moscovo num afrontamento a Putin, alarmou-se todo o mundo com o desaparecimento duma espécie de submarino que levava a bordo quatro milionários americanos para observarem de perto os restos do famoso Titanic, afundado na sua primeira viagem, levando a bordo a “nata” da sociedade americana, após ter embatido com um iceberg.

E nesse tremendo acidente morreram mais de mil pessoas. Ora a tal espécie de submarino transportava “a curiosidade” de quatro ou cinco excêntricos milionários que por puro gozo pagaram uma fortuna para descer a mais de quatro mil metros de profundidade onde a pressão da água exige que a pequena embarcação tenha uma parede especial de grande resistência misturada com uma maleabilidade especial.

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Os progressos da ciência tinham, como é evidente, estudado o problema exaustivamente, inventado ligas especiais e feito mil e uma experiências, até com aquele submersível em especial. Estavam criadas as condições para os cinco milionários poderem satisfazer a sua curiosidade. Mas, eis a tragédia: o “barquinho” implodiu e desfez-se! Uma tragédia!

Durante o tempo que podia durar o oxigénio mobilizam-se os mais modernos meios de socorro e de estudo científico saídos dos portos de Canadá e dos Estados unidos e – ao fim de dois dias – meios sofisticados de ver e ouvir a grandes profundidades de outros países.

Durante uns cinco dias viveu-se esta tragédia de manhã à noite em todos canais. Vieram peritos e cientistas dar os seus pareceres e opiniões. Nunca tinha visto tantos meios de salvamento, nunca tinha visto tanta preocupação com quatro ou cinco vidas!  Dois dias antes afundara-se um barco de refugiados tendo morrido umas quinhentas pessoas, entre elas mulheres e crianças à procura dum lugar para poderem viver fugindo da fome, da seca, da guerra ou da exploração, de gente humana que apenas quer um lugar para viver.

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Um barco costeiro de socorro salvou uma vintena que se aguentavam à superfície. Que paradoxo entre os dois acidentes – será que há vidas humanas que valem mais do que outras? E minguem resolve (ou, pelo menos tenta) este problema?

Eu sei que há uma espécie de Banco Mundial cuja missão é “acudir” a este problema da pobreza e da instabilidade de certas regiões da África subsaariana.  Alguns países mais organizados da África contribuem para esse banco de auxílio com pequenas parcelas do capital dessa entidade de entreajuda à pobreza e outras condicionantes que estão na base das correntes migratórias que procuram onde viver morrendo às centenas ou milhares pelos caminhos de fuga.

Mas tem interesse sabermos que a maior parte do capital dessa instituição é detida por dois magnatas milionários norte americanos que (oh! Paradoxo!) contribuíram para, pelo menos, duas guerras, invasões e destruições provocadas pelas tropas dos Estados Unidos. E, pelo menos, a do Iraque que derrubou Sadam foi baseada em pressupostos falsos.

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Que paradoxo serem estes dois senhores os detentores da maioria do capital dessa espécie de banco para o desenvolvimento dos países e regiões mais pobres da África de onde debandam os milhares de refugiados a quem se acode tarde e a más horas e que – depois de salvos (!) são encerrados em campos sem condições ou – como faz presentemente a Inglaterra – metidos em aviões e colocados de novo em África num país com quem se fez esse acordo!

São ou não paradoxos que matam?

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