23 Julho 2024, Terça-feira

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Aluga-se cama em beliche por 230 euros

Aluga-se cama em beliche por 230 euros

Aluga-se cama em beliche por 230 euros

8 Maio 2023, Segunda-feira
Membro da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP

Setúbal, cama em beliche, aluga-se por 230 €. No Miratejo, Seixal, T1 com 36 metros quadrados aluga-se por 550 €. Em Almada, quarto em zona tranquila aluga-se por 500 €. Barreiro, T1 com terraço aluga-se por 850 €. Vale da Amoreira, Moita, quarto de casal aluga-se por 380 €.

Estes são exemplos de anúncios colocados nas redes sociais em grupos de aluguer de casas. São reveladores da desesperada situação de quem procura casa nesta região. Basta uma olhada nas caixas de comentários para se perceber a quantidade de trabalhadores que, sem alternativa, se vêem obrigados a aceitar este tipo de condições.

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Os valores de arrendamento atingem mensalmente novos recordes. Segundo dados do INE, na Península de Setúbal, o preço de uma casa de 100 metros quadrados para arrendar aumentou, em média, entre 2017 e 2021, 39%, passando de 468 € para 630. Falamos de dados de 2021. De lá para cá o valor médio terá atingido pelo menos 690 € em média na Península, atingindo em Almada um pico acima dos 900 €.

Quando olhamos para aqueles que detêm ou procuram um crédito à habitação a situação piorou muito. Segundo o INE, na Península de Setúbal, uma casa de 100 metros quadrados que em 2016 custava 78.400 €, em 2021 custou 140 414 €. Um aumento de 80%.

Neste período os especuladores apostaram forte e feio na Península de Setúbal. No quadro da AML o valor do metro quadrado à venda aumentou 54%, mas na Península atingiu os 80% de aumento já referido. Daí que em 2021 fossem referenciados na região 61 mil pagadores de prestações à banca a pagar entre os 300 € e os 1000 € mensais.

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De novo sublinhamos que estes valores reportam a 2021. Entretanto dispararam, e muito, com as recentes e brutais subidas dos juros.

08Para acrescentar, na nossa região 45 mil casas estão sobrelotadas, isto é, casas em que faltam 1, 2, 3 ou mais divisões em relação ao número de pessoas que lá vivem. É um número que espelha múltiplas realidades, entre elas uma situação cada vez mais comum: trabalhadores, muitas vezes casais com filhos, a dividirem casa com outros trabalhadores e outros casais.

O PS bem pode fazer propaganda e prometer mil vezes que tudo será resolvido. Mas as suas políticas na prática, não só não invertem esta realidade calamitosa, como favorecem a esmagadora supremacia da lei do mercado na habitação que está na raíz do problema.

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Além do diagnóstico, foi sobretudo nas soluções que o recente Encontro Nacional do PCP “Tomar a iniciativa – assegurar o direito a habitação para todos”, se debruçou.

A declaração final deste Encontro considera que situação exige medidas imediatas e medidas estruturantes. Nas imediatas destacamos a “contenção da subida das prestações das famílias pondo os lucros da Banca a suportar a subida das taxas de juro, fixando o limite máximo da prestação em 35% do rendimento mensal do agregado familiar” e a “definição e imposição à Banca de critérios e condições justas para renegociação de empréstimos”, assim como limitar aumentos das rendas e impedir despejos.

Quanto às medidas estruturantes é incontornável que o “Estado se assuma como principal dinamizador e promotor público de habitação” e coloque como central o “investimento no alargamento do parque habitacional público, no regime de renda apoiada, de modo a suprir a actual carência de mais de cem mil casas para famílias a residir em condições indignas”. Recorde-se que, na Península de Setúbal, apenas 10 mil casas são públicas (2,3%) enquanto 418 mil estão entregues à especulação do mercado. E o PS continua a tapar o sol com a peneira.

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