26 Junho 2024, Quarta-feira

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Teresa Machado Luciano: “O hospital e o SNS estão a dar resposta aos utentes”

Teresa Machado Luciano: “O hospital e o SNS estão a dar resposta aos utentes”

Teresa Machado Luciano: “O hospital e o SNS estão a dar resposta aos utentes”

Administradora rejeita a ideia de incapacidade do sistema e perspectiva uma resposta melhor, agora que o Garcia de Orta conseguiu contratar 26 novos médicos especialistas

 

Filha do cirurgião Machado Luciano, muito conhecido em Setúbal – que faleceu a lutar contra a covid-19 em 2021, aos 86 anos –, a presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta (HGO) considera que o hospital que dirige e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a conseguir responder às necessidades dos utentes. E acredita que a resposta vai melhorar com base em dois factores: a contratação de mais médicos e a criação da Unidade Local de Saúde de Almada e Seixal, que integra a gestão dos centros de saúde com a do hospital. Uma medida que está na calha.

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Em entrevista à rádio Popular FM e a O SETUBALENSE, Teresa Machado Luciano avalia positivamente o funcionamento alternado das urgências nos hospitais da região e diz que as alegadas queixas de assédio sobre enfermeiros não chegaram à administração.

 

A covid-19 já não é motivo de preocupação? Que balanço faz do trabalho do HGO após o período mais crítico?

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Neste momento, os casos de covid-19 já não são em número preocupante e a gravidade também não é como foi no fatídico primeiro ntrimestre de 2021. Portugal é um dos países com maior taxa de vacinação.

Em 2022 tivemos mais consultas externas (foram realizadas 98 635, mais 4% face a 2021), mais cirurgias (foram realizadas 17 922, mais 19%) e mais internamentos (20 080, mais 8,4%). Registámos também mais hospitalização domiciliária e as urgências aumentaram. O número de partos foi semelhante ao de 2021. Se olharmos para o primeiro trimestre de 2023, o HGO tem registado crescimento em todas estas áreas. O SNS e o HGO estão a dar resposta aos seus utentes.

A resposta poderia ser maior, se tivéssemos mais profissionais. Mas posso dizer que, só nesta semana [passada], conseguimos contratar mais 26 novos médicos.

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Que leitura faz da decisão da tutela de passar de Setúbal para o HGO em fins-de-semana alternados as urgências pediátricas e de obstetrícia?

O HGO dá resposta 24 horas por dia, 365 dias por ano. Na pediatria, temos a neonatologia e toda a parte dos cuidados intensivos neonatais. Todas estas situações de prematuros sempre foram encaminhadas para o HGO.

Estamos relativamente bem na área da pediatria, tivemos um constrangimento que é sabido e que a nossa população sentiu durante quase dois anos, mas felizmente desde 13 de Setembro de 2021 as urgências nocturnas de pediatria têm conseguido dar resposta, porque o número de profissionais aumentou. Agora, entre os 26 novos contratados temos uma recém-especialista de pediatria.

O “on-off “do Barreiro-Montijo é sempre também coordenado e nós sabemos quais são esses finsde-semana e temos conseguido resolver com toda a naturalidade.

O HGO não poderá sofrer com o encaminhamento das grávidas de Setúbal para Almada aos finsde-semana?

É importante que toda a nossa população tenha consciência de que 70% das idas às urgências pediátricas do nosso hospital são situações não urgentes. São situações de chamado verde e azul [Triagem de Manchester].

Quer dizer que temos de apostar, e temos apostado com o nosso ACES, na literacia dos profissionais, na saúde infantil, nos cuidados de saúde primários, para tratarmos realmente o que é urgente também na pediatria. A nossa média, no ano inteiro, é à volta de 140 atendimentos. Se pensarmos que 70% são de pulseira verde, conseguimos dar resposta concreta.

O que pediu a Manuel Pizarro, na visita que o ministro fez ao HGO?

Visitámos um serviço de observações (SO) de psiquiatria, uma unidade de curta duração que estamos agora a implementar. Visitámos o núcleo de oftalmologia de Almada e, portanto, o centro de responsabilidade integrada de oftalmologia, que também funciona lindamente, e a hospitalização domiciliária. Um dos pedidos que fizemos foi uma contratação célere de recém-especialistas e aqui temos o resultado, já contratámos 26.

A tutela conseguiu simplificar o processo de contratação dos recém-especialistas, o que nunca tinha sido conseguido desta forma tão abrangente a nível nacional.

Manuel Pizarro assumiu que a prioridade é a construção do Hospital do Seixal. Concorda com esta prioridade ou entende que o alargamento do HGO é mais importante?

O HGO tem 31 anos. Neste momento temos 22 hospitais de dia, que fazem sessões de hospital de dia. A título de exemplo, em 2022, foram 37 288 sessões de hospital de dia nas várias especialidades e, portanto, temos obrigatoriamente de crescer.

Uma ampliação do hospital com o novo edifício de Almada está a ser planeada, estamos a falar de um projecto de muitos milhões, que não se faz em cinco anos. Naturalmente, a médio prazo, essa ampliação será feita. O Hospital do Seixal é, sim, prioridade.

Qual é o ponto de situação ao nível da resposta no serviço de ortopedia? O que se passa com estas urgências?

A ortopedia do HGO, nos últimos anos, sofreu a saída de cinco médicos. Não se consegue dar a resposta que antigamente se dava. A novidade é que das novas contratações dois são ortopedistas e estamos expectantes em dar uma melhor resposta. Se precisamos de mais? Sim.

Os enfermeiros no HGO denunciaram assédio moral, queixaram-se de esgotamento e mais recentemente cerca de 60 pediram escusa de responsabilidade? Inspira-lhe cuidados?

É importante referir que o HGO tem um serviço de Medicina do Trabalho multidisciplinar, que avalia todos os nossos profissionais. Até ao momento, não foi diagnosticado nem referenciado nenhum caso de “burnout” ao Conselho de Administração.

Não foi também registada nenhuma pressão de médicos sobre os enfermeiros no caso concreto da Medicina III, que está a falar, nem de assédio moral, e não podemos responder por algo que não nos chegou. Somos um Conselho de Administração aberto, corporativo, que recebe todos os profissionais. Já recebemos comunicações de cinco enfermeiros que não se revêem na exposição desses assuntos.

Que investimentos já estão contemplados no PRR para melhorar a resposta na área da psiquiatria?

Estamos a falar de saúde mental de proximidade. Em colaboração com protocolos já assinados, quer com a Câmara do Seixal quer com a Câmara de Almada, estamos a reabilitar dois edifícios para aumentar a resposta na proximidade. Por outro lado, no HGO, estamos a criar um hospital de dia de psiquiatria, a aumentar o número de camas (mais sete), vamos ficar com 35 de internamento.

Além disso, há uma colaboração estreita com o ACES, um projecto que queremos que a curto prazo esteja em prática e a visitar com equipas multidisciplinares estes doentes no seu domicílio. Já terminada está a obra do SO de psiquiatria

Almada abraça com o Seixal o desafio da criação de uma Unidade Local de Saúde ou não?

Abraça e hoje [sexta-feira passada] é o dia de entrega do plano de negócios da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal – que elaborámos em conjunto com o ACES – à Direcção Executiva [do SNS], que a vai avaliar.

Começou com um despacho a 17 de Fevereiro  de 2023. Vamos entregar o nosso documento para a integração de  cuidados, o trabalhar em rede, que vai ser uma mais-valia para todos.

Para a elaboração deste plano reunimos com as câmaras municipais de Seixal e Almada e com a comissão de utentes, todos foram envolvidos. Acreditamos profundamente que o hospital e o ACES numa única unidade vai ser mais fácil, mais ágil, mais integrado.

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