Realizou-se nos dias 21 e 22 de abril, em Beja, a final nacional do Mega Sprinter, torneio de atletismo de âmbito escolar, organizado pelo Desporto Escolar em parceria com a Federação Portuguesa de Atletismo. O Mega Sprinter engloba várias disciplinas do atletismo, corrida de velocidade, salto em comprimento, lançamento do peso, lançamento em precisão (adaptado) e corrida de 1000 metros.
Participaram neste evento aproximadamente 680 alunos e nas fases de apuramento realizadas por todo o país perto de 121 mil alunos e milhares de professores, o que comprova a vitalidade do Desporto Escolar. O Desporto Escolar é um projeto inserido no sistema educativo português, tendo por objetivo garantir uma oferta de prática desportiva de complemento curricular, assim como a ocupação dos tempos livres em regime de liberdade de participação e escolha por parte dos alunos.
Neste âmbito, recentemente, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, afirmou na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto que o projeto do Desporto Escolar envolve 972 agrupamentos escolares, 1288 escolas do 5.º ao 12.º, 6873 equipas de modalidades desportivas e 78 centros de formação desportiva. Ana Catarina Mendes reforçou ainda que o Desporto Escolar continua a ser uma prioridade do Governo, tendo sido investidos neste projeto 47 milhões de euros no ano de 2022.
Importa, pois, afirmar que o Desporto Escolar cumpre a sua missão educativa e formativa junto dos mais jovens, essencialmente na sensibilização para o desporto (captação), democratizando o acesso à prática desportiva e apoiando na socialização. Muitos são os casos, de norte a sul do país, em que as atividades do Desporto Escolar são a única oportunidade de os mais jovens praticarem o seu desporto favorito, conhecerem outros locais e outras pessoas, sendo assim também educados pelo e através do Desporto.
Posto isto, bem sabemos, que de quatro em quatro anos, e no balanço final de cada edição dos Jogos Olímpicos, sempre se fala no Desporto Escolar como sendo o culpado de todos os insucessos desportivos, mesmo sabendo nós que, para só falarmos de alguns exemplos, Rosa Mota e Fernando Mamede começaram a correr na escola e que a Patrícia Mamona descobriu o atletismo igualmente na escola.
Não me parece, portanto, correto exigir do Desporto Escolar medalhas olímpicas. Não é essa a sua função. O modelo desportivo português da formação ao alto rendimento é centrado nos clubes.
Promover uma efetiva articulação, entre o desporto escolar e o desporto federado deve ser a grande meta a atingir nos próximos anos. Esta articulação deve ser consubstanciada nos seguintes aspetos: captação de talentos e encaminhamento para o desporto federado; formação de professores, treinadores e árbitros (alunos); e partilha de locais de prática (instalações desportivas) entre o desporto escolar e o desporto federado.
O desporto, enquanto atividade humana, nas suas diferentes dimensões – entretenimento, manutenção do estado de saúde, educativa ou de alto rendimento – adquiriu por direito próprio o estatuto de atividade de interesse público. Compete aos diferentes agentes desportivos, assegurar que o desporto é um direito de todos e para todos!