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25 de Abril – Liberdade, Dignidade, Responsabilidade

25 de Abril – Liberdade, Dignidade, Responsabilidade

25 de Abril – Liberdade, Dignidade, Responsabilidade

27 Abril 2023, Quinta-feira
Maria das Dores Meira

Chegámos a meio século sobre o dia que nos devolveu a Liberdade e a Dignidade, e que exige de todos, povo e governantes, Responsabilidade. Com a passagem dos anos tendemos a perder a noção que algumas datas são muito mais que meros feriados. É disto que vos quero falar na celebração do 49.º aniversário do 25 de Abril.

É o dia da Revolução, um golpe de Estado levado a cabo por militares, o Movimento dos Capitães, logo reconhecido como Movimento das Forças Armadas (MFA). No seguimento, o povo encheu as ruas. É bom dizermos aos mais novos que o fim de uma ditadura não cai das árvores quando chega a Primavera, nem é brinde no ecrã de um telemóvel.

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Exige visão, determinação e coragem. Foi isso que aqueles rapazes, fartos de serem carne para canhão nas frentes de batalha em África, assumiram na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, quando saíram dos quartéis mal equipados, com armas e munições reduzidas, mas a firme vontade de tirar Portugal da devastadora tragédia de fingir ser uma ‘potência colonial’: morriam em combate os mais novos, ou regressavam estropiados para as sombras da sociedade; fugiam para o exílio os que podiam.

Era este o Portugal ‘orgulhosamente só’ da nossa vergonha. Aos primeiros alvores dessa manhã, quando a rádio e a RTP deixaram de emitir a programação regular e os comunicados do MFA eram lidos aos microfones, o povo tomou a rua: gritou, chorou, cantou, exortando os ‘magalas’ que ocupavam os locais chave das grandes cidades.

Com Lisboa sob controlo, o poder político esboroou-se como um montículo de cartão à chuva: a mudança que a liberdade trouxera estava na rua. Dessa manhã, guardo para sempre a imagem icónica da espingarda G3 com um cravo a sair do cano: foi o espírito daquele dia, libertar sem a matança arbitrária de tantas revoluções.

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Salgueiro Maia, o capitão que tudo nos deu e nada pediu, é o símbolo eterno desta singularidade portuguesa. E foi por esse carisma que o filósofo da esquerda francesa Jean-Paul Sartre nos visitou, poucos dias passados sobre o 25 de Abril: queria compreender in loco como foi possível derrubar uma ditadura sem se derramar sangue.

Do programa do MFA, recordo os três D prometidos: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Tem sido uma tarefa árdua concretizar estas promessas. Exige o empenho da população e dos governantes, nas decisões políticas diárias e nos pequenos actos de cada cidadão.

A mudança de regime concretizada em Abril de 1974 não pode ser apenas mais um feriado nacional. É dever dos mais velhos explicar aos mais novos que Portugal foi e é capaz nos momentos mais graves da nossa história de quase 900 anos.

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Os exemplos abundam, mas sem o povo, como sintetizou o cronista Fernão Lopes, sem a sua participação, não há mudança. Cada geração tem os seus desafios. Se a descolonização foi cumprida e a democracia e o Estado de Direito repostos pelo voto universal, tem sido lento e disforme o desenvolvimento do país.

É urgente que Portugal saia da cauda da Europa e cresça para a felicidade dos portugueses, os que aqui nasceram e os que aqui se vieram juntar.

Novos desafios se colocam ao planeta: as alterações climáticas, o combate ao racismo, à xenofobia, à pobreza endémica e à exclusão, a luta pela paz e o respeito entre as nações, estão no prolongamento da responsabilidade e dignidade que o 25 de Abril nos trouxe: um lugar para todos num mundo sustentável.

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