Recordo alguns dos muitos estabelecimentos que existiram em Setúbal, alguns dos quais já com outras actividades. Na Praça de Bocage existia o Largo do Chiado, como era conhecida a sucursal do Chiado de Lisboa, em frente à Igreja de São Julião, onde havia um banco, que é agora um snack-bar com esplanada.
Nesse largo estavam instalados os estacionamentos dos ‘trens’ (charretes) do Frescata e do Pardal, as oficinas do jornal “O Setubalense”, o canalizador Rosa e pequenos bares.
Havia ainda o Café Central – com os tradicionais bilhares e porta giratória –, que passou depois para café com instalações e armações em ferro, a loja de fazendas do Pereira e do Miguel Truta e o Banco Português do Atlântico (mais tarde Banco Millennium).
Da célebre electrificadora do Sado, o proprietário era o senhor Garcia, que transmitia, com um altifalante, os jogos de futebol do Vitória Clube de Setúbal e os jogos de hóquei em patins disputados na Suíça, da equipa dos maravilhosos jogadores de Jesus Correia, Correia dos Santos, entre outros.
Enchia o local do estabelecimento e o Café Moderno, na Praça de Bocage, onde as pessoas paravam para ouvir os relatos. Uma alegria e uma maravilha que eram proporcionados pela gentileza do proprietário deste estabelecimento. O senhor Garcia fazia, assim, o “marketing” ao seu negócio.
Recordar estes momentos da minha juventude “é viver!”. É uma tristeza ver o encerramento da célebre, e quase centenária, fábrica e confeitaria do doce de laranja e do afamado bolo-rei, considerado pelos setubalenses o melhor de Setúbal. Fábrica esta que já fazia parte do património da cidade de José Veríssimo Abrantes.
Na mesma rua havia uma carpintaria, que hoje é uma loja de pronto a vestir, havia o estabelecimento de Etelvino dos Santos, electricista, que foi sócio da Pastelaria São Filipe, no Largo da Misericórdia e havia a Casa da Ana dos Fogões, que depois passou a ser de móveis usados e, a seguir, o Restaurante Gibraltar.
A papelaria do “Lérias”, que se encontra há dezenas de anos fechada e ao abandono (que triste!), a Serralheria do Jordão, que hoje é a “Casa Guimarães”, a Taberna do José dos Reis, hoje transformada na loja de artigos domésticos “Viva”, a carvoaria do Mantas e o Grande Armazém de Mercearias de Manuel Maria Soares, hoje uma loja chinesa.
O estabelecimento de fotografias do memorável, icónico e saudoso Américo Ribeiro, que deixou um belíssimo e grande espólio de fotografias e de postais que levam Setúbal além-fonteiras. É um grande orgulho para a cidade e para os setubalenses.
O armazém de ferro da firma “Ilídio Paninhos Lda”, de que fui empregado, e um grande exportador de conservas e de todo o material para a indústria de conservas de peixes. As célebres drogarias “Pachecos Lda”, “Revez & Filha Lda” e a “O Rosa”.
O restaurante muito afamado no País e no estrangeiro “O Naval”, pela sua singularidade de ementas e pelos couverts de grande variedade. Também uma referência para os setubalenses do antigamente, o Restaurante Bocage, infelizmente encerrado e o espaço está actualmente devoluto.
E, tudo isso, o tempo levou. É o que temos!
E, por hoje, fico por aqui, mas vou continuar a recordar Setúbal e os antigos estabelecimentos que fizeram parte da minha infância e juventude.
Até breve!
Viva Setúbal!