No dia 19 de Março a Associação “Cidadãos pela Arrábida” promoveu um piquenique no Parque de Merendas da Comenda
No dia 19 de Março a Associação “Cidadãos pela Arrábida” promoveu um piquenique no Parque de Merendas da Comenda. Mais de duzentas pessoas passaram pelo local, entre as 11 e as 17 horas, atraídas pelo facto de o parque ter sido ‘libertado’.
Ao longo dos tempos o parque recebeu várias gerações, festas e convívios, colónias de férias das crianças das operárias conserveiras, famílias e grupos de todo o tipo. É por excelência um espaço para convívios inter-geracionais.
A natureza atinge ali o seu máximo esplendor: a água e a serra encontram-se ao ritmo das marés.
O 25 de Abril aproxima-se e com ele o sonho de que é possível desfrutar gratuitamente deste paraíso, que sempre foi de toda a gente, sem exclusões, maior que a ganância e mesquinhez de um qualquer milionário.
O presidente da Câmara de Setúbal prometeu, no dia em que libertaram o Parque de Merendas, que tudo o que a autarquia lá tinha construído e colocado (e abusivamente raptado…) seria reposto, numa questão de dias, de pouco tempo.
E, realmente à reposição dos grelhadores, mesas e bancos, é um anseio das pessoas mais velhas, sobretudo. As casas de banho são também importantes. E não esquecer o parque infantil que também lá existia.
Ficamos a aguardar. E temos razões para confiar.
A Herdade da Comenda e o fim do Parque Natural da Arrábida
Em 2019 a empresa Seven Properties comprou a chamada “Herdade da Comenda” e começou rapidamente a fazer todo o tipo de construções e modificações de uma forma ilícita e sistemática sob uma capa de modernização e restauração daquela área.
Estas obras põem em causa o usufruto pelas populações de áreas que não podem pertencer a particulares porque são do DOMÍNIO PÚBLICO. Por conseguinte, são do Estado – as razões de existência deste domínio não se prendem com razões de caprichos ou ideologias do legislador, mas normalmente com a segurança dos cidadãos e dos locais.
Os cidadãos que passem pelas áreas viárias que circundam aquela herdade, nomeadamente a Estrada Nacional 10-A, onde foram postos pilaretes e cercados candeeiros e o posto de transformação, e o Caminho Municipal 1056, onde foram apostas vedações na berma da estrada, correm perigo.
Além disto, as obras, desmatação, cortes de caminhos públicos e corta-fogos, desvio e manilhagem de linhas de água, construções e vedações de praias, entre outros, além de porém em causa o usufruto e demonstrarem um profundo desprezo pelas autoridades e população, fazem perecer a flora e fauna locais e põem em risco a existência do parque.
Perante estes desmandos, com a excepção da Câmara Municipal de Setúbal e da Paróquia da Nossa Senhora da Anunciada, todas as medidas tomadas pelas várias autoridades que titulam aquela área têm sido ineficazes.
Mais, quando instadas a dar satisfações sobre esta matéria dificilmente respondem ou não respondem de todo como se não tivessem essa obrigação.
Pergunta-se qual é a legitimidade destas mesmas entidades perante o resto dos infractores, que como não têm as mesmas dimensões também cometem infracções menores? Nenhuma. E sem Estado no parque este vai desaparecer.
*Associação Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado