Investigação não avançou porque em dois dos casos os factos já prescreveram e no outro não é possível identificar a vítima
O Ministério Público (MP) de Setúbal recebeu três casos de padres da Diocese de Setúbal suspeitos de crianças, para investigação, mas os inquéritos foram todos arquivados, revelou a O SETUBALENSE o procurador coordenador do Ministério Público da Comarca de Setúbal.
João Palma especificou que em dois dos casos os factos já estavam prescritos e no outro, apesar de ter sido identificado o padre suspeito, não havia vítima, por tratar-se de uma denúncia anónima.
“Em todos os casos, trata-se de denúncias genéricas em que não se mostra viável identificar as vítimas. Sem qualquer viabilidade de identificação das vítimas não é possível continuar a investigação. Em dois dos casos os factos já prescreveram”, disse o procurador João Palma.
Os três casos, dois de Setúbal e um de Sesimbra, foram remetidos ao MP de Setúbal pela Procuradoria-Geral da República (PGR), na sequência da comunicação da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
A Comarca de Setúbal abrange os concelhos de Sesimbra, Palmela, Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, pelo que algumas paróquias da diocese de Setúbal ficam em concelhos que pertencem à Comarca de Lisboa, nomeadamente os de Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete. Significa isto que poderá haver, na Comarca de Lisboa, algum caso relativo à Diocese de Setúbal em investigação pelo Ministério Público.
Esta informação de que os inquéritos que existiam na Comarca de Setúbal foram todos arquivados surge poucas horas depois de a diocese de Setúbal ter revelado que recebeu uma lista com o nome de cinco padres suspeitos de abusos sexuais.
Em comunicado divulgado na terça-feira à noite, a diocese de Setúbal explica a situação de cada um dos cinco padres e diz que aguarda mais informações por parte da comissão independente.
Por enquanto, a diocese não suspende qualquer sacerdote nem anuncia a abertura de processos. O administrador diocesano, padre José Lobato, admite a possibilidade de dois processos mas faz depender a abertura desses procedimentos de mais informações.