O plano das urgências pediátricas está em estudo, mas já se fala que na margem sul só Almada responde à noite, fins-de semana e feriados
Durante esta semana será conhecido o plano de funcionamento regular das urgências pediátricas da Área Metropolitana de Lisboa, aliás, poderá ser anunciado já a partir de amanhã, terça-feira, depois da reunião da Direcção Executiva do SNS com intervenientes hospitalares, INEM e administrações regionais, entre outros organismos da saúde na região. Será então conhecido como fica este serviço nas unidades hospitalares na península de Setúbal.
Após a rotura nas escalas da urgência pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, na passada semana, transpirou que das 12 urgências pediátricas existentes na Grande Lisboa, oito passam a encerrar no período nocturno, fins-de-semana e feriados.
Ou seja, à excepção dos hospitais Santa Maria, Dona Estefânia, Amadora-Sintra e Garcia de Orta, em Almada, todas as outras oito urgências pediátricas vão funcionar apenas durante o dia, e de segunda a sexta-feira. O assunto noticiado, na sexta-feira, pelo semanário “Expresso” deixava assim implícito que a população da península de Setúbal que é servida pelo Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e pelo Centro Hospitalar do Barreiro – Montijo, na margem sul, passam a recorrer à urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, caso o plano avance.
Entretanto Fernando Araújo, que lidera a Direcção Executiva do SNS, já veio dizer que a informação veiculada pelo semanário “não corresponde ao plano que está a ser desenvolvido”. Mas existe mesmo um processo de reorganização a decorrer, e isso foi anunciado pelo próprio ministro da Saúde, Manuel Pizarro, depois de, na passada semana, saber que a urgência pediátrica do Hospital de Loures passou a encerrar a partir das 21 horas por causa da falta de profissionais.
Quanto ao Centro Hospitalar de Setúbal, anunciou sexta-feira, que a Unidade de Urgência Pediátrica iria estar “temporariamente encerrada entre as 9h00 de 4 de Março até às 9h00 de hoje, 6 de Março”, portanto durante o fim-de-semana.
Questionado por O SETUBALENSE sobre como será articulado este serviço caso venha mesmo a encerrar no período nocturno, fins-de-semana e feriados, o Hospital de São Bernardo apenas referiu que “a reorganização dos serviços de urgência pediátrica na Região de Lisboa e Vale do Tejo está a ser estudada e discutida entre peritos e lideranças dos vários hospitais”, com isto, “qualquer decisão que resulte desse processo será oportunamente e atempadamente comunicada”.
Também o gabinete da presidência da Câmara Municipal de Setúbal respondeu a O SETUBALENSE que “não se pronuncia enquanto não houver um anúncio oficial” sobre como vão funcionar, futuramente, as urgências pediátricas na Região de Lisboa e Vale do Tejo. Isto tendo em consideração que o plano da Direcção Executiva do SNS “não está finalizado”.
Quem já avança com protesto contra a possibilidade Setúbal, Barreiro e Montijo ficarem dependentes de Almada nos cuidados pediátricos urgentes, nestes períodos, são as comissões de utentes de serviços públicos dos três concelhos em ‘risco’.
Para Ângela Santos, da comissão de Setúbal, este encerramento das urgências pediátricas “é um grande retrocesso. Se já era grave o que passava com este serviço até agora em Setúbal, se o plano vier obrigar os utentes a irem a Almada é um atentado ao Serviço Nacional de Saúde”. E lembra que as urgências pediátricas e Almada “já tiveram um período em que estiveram encerradas”.
O que a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Setúbal tem planeado, além de “acções de protesto”, é “pedir uma reunião com o director do Hospital de São Bernardo e directores dos centros de saúde do concelho”, sobre esta matéria.
Quem já esteve em protesto, na sexta-feira, frente ao Hospital do Barreiro foi a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos deste concelho. “Foi uma vigília mas vamos partir para outras lutas”, afirma Antonieta Fortunato, desta comissão.
“Quer a Direcção Executiva do SNS como o ministro Manuel Pizarro não conhecem a distância entre concelhos. Não faz qualquer sentido termos de nos deslocar a Almada, são muitos os constrangimentos e são muitas as pessoas que não têm como se deslocar”. Além disso, considera que Almada “não vai conseguir comportar toda a população da península”.
