Carlos Correia, presidente da APSS, aponta “grande capacidade de expansão” como principal vantagem nesta que é “uma nova fase”
No arranque da programação comemorativa do centenário do Porto de Setúbal, a Casa da Baía recebeu esta quarta-feira o primeiro encontro inserido no fórum “Investir, Inovar e Descarbonizar”.
Divulgar as potencialidades e vantagens do Porto de Setúbal, o desenvolvimento no transporte e movimentação de mercadorias, a modernização das infra-estruturas e a intermodalidade estiveram entre os principais objectivos da iniciativa, que contou com a presença de representantes de várias entidades do sector.
“Queremos aproveitar este centenário para celebrar o passado e essencialmente comemorar o presente e projectar o futuro do Porto de Setúbal. O Porto de Setúbal, pelo seu posicionamento e capacidade instalada, tem um grande potencial para crescer na carga tradicional e para dar resposta aos novos desafios que se colocam a nível da transição energética e da descarbonização, pelo que é neste sentido e estratégia que estamos a apostar”, começou por dizer Carlos Correia, presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), a O SETUBALENSE.
Depois de ter apresentado o porto setubalense e os projectos que marcam este seu tempo presente e futuro, salientou a importância de que “a região e os sadinos acarinham o seu porto e o vejam como factor de desenvolvimento para a região. Queremos celebrar o passado mas anunciar o presente e o futuro do Porto de Setúbal, que se afigura auspicioso, pelo menos é essa a nossa grande expectativa”, que sai reforçada “pelos contactos que temos”.
O Porto de Setúbal encontra-se, nas suas palavras, “numa nova fase”, com um segmento “muito significativo” de contentores e pretende “crescer nas actividades tradicionais, sempre importantes para o Porto de Setúbal, que continuará a apoiar as empresas da região e a atrair novas, mas terá de se situar no campo da transição energética e da descarbonização”.
O facto de estar servido de “excelentes acessibilidades” e ter “uma grande capacidade de expansão” é, de acordo com o presidente da APSS, “uma grande vantagem do Porto de Setúbal”. Os primeiros números deste ano indiciam “uma melhoria na carga movimentada, um ponto importante no domínio da intermodalidade” do porto que “a nível nacional é o segundo, a seguir a Sines, que mais movimenta carga por via ferroviária”.
Projectos de grande dimensão marcam presente e futuro
Entre os principais projectos apresentados por Carlos Correia está a electrificação do Last-mile ferroviário no Porto de Setúbal, com a melhoria dos acessos ferroviários à zona central do Porto de Setúbal, com protocolo celebrado entre a APSS e as Infraestruturas de Portugal para a sua concretização e concurso “a arrancar no segundo semestre deste ano, num investimento de 20 milhões, dos quais cinco incubem à APSS”.
Por sua vez, o projecto OnShore Power Supply pretende reduzir emissões poluentes dos navios em porto, o nível de ruído e vibrações, emissão de gases com efeito estufa e resultará num porto mais atractivo para os armadores devido à redução de custos; será criada uma infra-estrutura base para cluster da logística automóvel e de bens de consumo e uma zona de apoio à fileira das energias verdes e bunkering, que permitirá a produção de biocombustíveis e o projecto Aurora, da Galp e da Northvolt, prevê a instalação “da maior e mais moderna fábrica de lítio da Europa”.
Carlos Correia partilhou ainda o desejo de “criar uma comunidade energética, envolvendo os nossos parceiros”. O encontro, que teve Fernando Gonçalves, da Transportes & Negócios, como moderador, contou ainda com uma apresentação da APTMCD/Intermodal Portugal, feita por António Belmar da Costa, que parabenizou “o Porto de Setúbal pelo seu centenário”, elogiando “a parceria proveitosa” que têm estabelecido e lembrando que “foi precisamente em Setúbal onde nasceu a APTMCD há cerca de 20 anos”.
O objectivo, comum às entidades presentes, é “encontrar alternativas para um mundo melhor, mais limpo e há formas de o fazer através da intermodalidade. Existem soluções intermodais em Portugal”.
Na mesa redonda “A intermodalidade e o Porto de Setúbal”, participaram ainda Ignacio Rodriguez, da Yilport Setúbal, Pedro Constantino, da Tersado, Manuel Novais, da Rodocargo, e António Nabo Martins, da Associação dos Transitários de Portugal, para debater e partilhar vivências e experiências entre operadores portuários em Setúbal.
A sessão de encerramento esteve a cargo de Porfírio Gomes, da Comunidade Portuária de Setúbal. A iniciativa, com organização da Transportes & Negócios e da Intermodal Portugal, terminou com uma visita ao Porto de Setúbal, e seguirá, de acordo com Fernando Gonçalves, o seu périplo até Sines.
Nova marina de Setúbal Final de 2024 é data apontada para lançamento de concurso
Dos projectos em curso faz igualmente parte a Nova Marina de Setúbal, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal.
“A nova marina, com uma dimensão assinalável, conta com cerca de quatro docas e uma capacidade para cerca de 600 novos lugares para estacionamento de embarcações. Os estudos técnicos estão praticamente concluídos, está a ser desenvolvido o estudo de impacte ambiental por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, refere Carlos Correia a O SETUBALENSE.
“Entendo que o projecto da marina só deve ser lançado para iniciativa privada depois da avaliação de impacte ambiental e da obtenção da autorização ambiental por parte da APA. Os riscos ambientais não devem ser repassados para essa entidade privada”, continua, prevendo que “no final de 2024 estarão reunidas essas condições para lançamento desse procedimento à iniciativa privada, a correr as coisas relativamente bem em termos ambientais”.