8 Maio 2024, Quarta-feira

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Poderá haver Natal

Poderá haver Natal

Poderá haver Natal

Passou um bem disputado período eleitoral. Passaram as eleições com boa participação

Será que toda a gente sabe porque se celebra o Natal? Aprofundando mais é legitimo perguntar igualmente se há muita gente que saiba o que é o Natal! E de entre os que tenham uma ideia do que é o Natal, será legítimo fazer uma festa perante as guerras que sabemos existirem em vários cantos do mundo, perante a miséria de milhões, perante a fome que mata em muitas partes do nosso globo, perante as desonestidades que nos rodeia

Muitos confundem o nascimento do Menino Jesus com um tal Pai Natal que traz um saco cheio de prendas, vindo não se sabe de onde, e que tal vinda tem de ser celebrada com iluminações nas ruas e nas montras das lojas, com uma árvore, também ela enfeitada, ao estilo nórdico – figura que não tem nada de bíblica e que é simplesmente uma criação recente da Coca Cola para estímulo de negócios.

Alguns lá têm a ideia dum menino recém-nascido, numa gruta e adorado por três Reis Magos vindos dos quatro cantos do mundo, ou seja, têm uma ideia do Presépio.

Face á fuga enorme das pessoas das celebrações da nossa Igreja no dia-a-dia, parece-me lógica a pergunta “será que muita gente sabe o que é o Natal?”. Sabem que esse nascimento marca a ideia bíblica de que o Criador de tudo o que existe (o universo, as galáxias, as estrelas, a terra em que vivemos e todos os seres vivos incluindo, claro, os seres humanos com uma história de muitos milénios), se fez homem (o tal menino), cresceu e, aos 30 anos de idade, veio viver entre os outros homens pregando o amor, a justiça e a fraternidade para com os pobres, os doentes e os proscritos da sociedade.

Sabem ainda, dentro de si, que os mandantes políticos e religiosos da Sua terra o mataram por incómodo e para reduzir a sua acção e o seu poder sobre os que partilhavam na altura uma religião.

Os mesmos que ainda têm uma vaga ideia de estarmos a colaborar numa celebração de carácter religioso, mesmo que muitos desses não obedecem apenas a uma tradição, não se juntam em famílias “como amigos” tendo dentro de si muitas vezes ressentimentos e invejas.

Se pusermos de parte todo este arsenal da nossa sociedade de consumo que nos afoga e oprime, estarão a celebrar algo em verdade e com amorosidade?

Quem sabe um mínimo do significado desta época e desta comemoração do nascimento do tal menino, não deveria pensar mesmo que a festa deve ser extremamente moderada e pensar também nos que morrem na Ucrânia, dos que morrem afogados no mar Mediterrânio procurando abrigo e apoio que quase todos lhes negam, nos que morrem mesmo de desnutrição em regiões de grandes secas, nos que, mesmo ao nosso lado, na nossa cidade e ás vezes na nossa rua, não têm um cêntimo para nada, quanto mais para festas!

Estas festividades, mesmo que incentivadas pela nossa hierarquia eclesial, têm de ser despojadas desta ganga comercial, deste “embrulho “clerical e ritualista impróprio e deste mundo em que vivemos, mesmo que não tivéssemos guerras e traficâncias à nossa volta.

É altura de os que se dizem imitadores da vida do tal menino, o Cristo, sejam exemplo de fraternidade no dia-a-dia, sejam renovadores deste mundo apodrecido dando para isso o exemplo das suas vidas, em família e na sociedade em que vivem.

Para isso não podem ser “folhas secas” ao sabor dos ventos e devem mostrar que não vivem só para si, mas sim para a construção dum mundo novo, pois este já tem uma emenda bem difícil. Nele dominam o “ter” e o “poder”, o Pai Natal e as luzes enleiam as pessoas e arrastam- -nas para os seus objectivos.

É necessária uma revolução “da ternura” como nos diz o actual Bispo de Roma. Como o tal espírito renovador quase não se nota, será legítimo todas estas luzes e festividades? Afinal poderá haver Natal? Para tal, é necessário, em primeiro lugar, saber o que é o Natal. E isso é tão fácil. É amarem-se entre si e aos outros!

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