Afirma-se feminista, e define a sua acção social e política a trabalhar pela melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e construção de um Mundo mais igual, solidário e fraterno
Eleita presidente da Estrutura Federativa de Setúbal das Mulheres Socialistas com 85,18% dos votos das militantes do distrito, em lista única, a 4 de Novembro, Francisca Parreira tem pela frente dois anos de mandato de luta pela Igualdade de Direitos. Um primeiro passo é defender a moção “Avançar com Igualdade”, de que é primeira subscritora, no Congresso Federativo do partido, que se realiza em Almada a 26 de Novembro. Um documento que diz ser “um compromisso com os militantes e a sociedade civil, e não uma mera carta de intenções”.
Diz que vai exercer a presidência da Estrutura Federativa de Setúbal das Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos “com serenidade, garra e determinação”. O que pretende transmitir com esta afirmação?
Tenho a serenidade conferida pelo trabalho realizado nas diferentes estruturas políticas do Partido Socialista, na sociedade civil e como autarca ao longo da minha vida dedicada ao serviço público e participação cidadã. Tenho a convicção de que a luta pelos Direitos e Igualdades exige de nós compromissos firmes, continuados e a determinação natural presente nas causas em que acreditamos. Qualquer projecto de vida só é diferenciador se contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para a construção de um Mundo mais igual, solidário e fraterno.
Como se enquadra a Agenda da Igualdade de Direitos na genética do Partido Socialista?
A Agenda da Igualdade e Direitos tem sido um dos eixos fundamentais da actividade política do Partido Socialista, assente na sua genética, na sua história, através do qual tem feito a diferença ao longo das últimas décadas, com particular enfoque nos mais recentes mandatos de governação socialista, contribuindo para avanços significativos em matérias que, até há algum tempo, não se encontravam legisladas.
A força, o empenho e perseverança de muitas mulheres e homens que acreditaram na importância da defesa da Igualdade e Não Discriminação, permitiram a consolidação do nosso sistema democrático, alicerçado nos direitos humanos, nos direitos fundamentais e nos valores de justiça social.
O Partido Socialista é progressista e europeísta e a Democracia em Portugal assenta num dos documentos mais equilibrados e progressistas que conheço, a Constituição da República Portuguesa que define os Direitos, Liberdades e garantias dos cidadãos.
Que intervenção pode ter a Federação Distrital de Setúbal das Mulheres Socialistas nesta agenda?
As Estruturas Federativas das Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos têm vindo a crescer e a afirmar-se cumprindo os objectivos defendidos nas estruturas nacionais do Partido Socialista no que respeita à defesa e promoção da Igualdade entre mulheres e homens, tanto ao nível da participação paritária na vida política como na esfera económica, social e cultural.
A estrutura de Setúbal perfilha os objectivos estratégicos emanados das estruturas nacionais, reconhecendo especificidades próprias deste extenso território, com características de grandes desigualdades, agravadas com a pandemia mundial da covid-19 e, mais recentemente, com uma guerra sem precedentes na Europa, mais concretamente [a guerra da Rússia] na Ucrânia, estando as mulheres, as crianças, idosos, refugiados e as pessoas portadoras de deficiência entre os mais afectados.
Todo este contexto de crise exige estarmos despertos e vigilantes não permitindo o retrocesso da Paz Mundial e que se instalem forças que apelam a princípios e valores contrários aos Direitos Humanos, Liberdades e Garantias.
Na qualidade de presidente desta estrutura federativa de Setúbal, que plano de acção pretende conduzir junto dos actuantes na sociedade civil do distrito?
Propomos estabelecer e fomentar o diálogo com as estruturas nacionais das Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos (MS-ID), assim como com as estruturas concelhias e de coordenação das MS-ID que integram a Federação Distrital de Setúbal;
Vamos reunir, periodicamente, com as estruturas locais e promover a participação nas iniciativas de âmbito local, regional, nacional e internacional, caso de encontros, debates e escolas de Verão. Também trabalhar em estreita articulação com os diversos interlocutores e parceiros em várias áreas para as questões da Igualdade, ao mesmo tempo, acompanhar os debates nacionais e as iniciativas legislativas mais relevantes, no âmbito da Igualdade.
Segundo o seu programa, em que áreas é necessário intervir prioritariamente?
As áreas de intervenção estão definidas na moção que levarei ao Congresso Federativo são, essencialmente, a paridade 50/50 na política e economia, a conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal, a igualdade no mercado de trabalho, o combate ao racismo e à xenofobia e o combate à homofobia e transfobia, a educação para a cidadania e a promoção de políticas de Igualdade nas autarquias.
É feminista?
Sou feminista no sentido pleno da palavra e da acção. A este propósito, queria referir a activista que influenciou de modo significativo não só a segunda onda do feminismo, mas as que se seguiriam, a filósofa francesa Simone de Beauvoir. Ser mulher é uma construção social, e não biológica, sintetizada na sua famosa frase: “Não se nasce mulher, torna-se”.
Caminho de vida profissional e político
Natural de Portalegre, Francisca Parreira, 59 anos, reside desde 1985 na Trafaria, concelho de Almada. Mãe de dois filhos, é licenciada em Direito, pela Faculdade de Direito de Lisboa, foi professora provisória na disciplina de Português.
Em 1993 inscreveu-se como advogada na Ordem dos Advogados pela Comarca de
Lisboa, tendo exercido advocacia em escritório próprio na Trafaria e em
colaboração com outros profissionais do foro em Lisboa.
Exerceu funções no Departamento Comercial da Cares – Companhia e Seguros, e exerceu funções como Jurista no Departamento Jurídico da Fidelidade, pertencendo ao quadro da empresa.
Foi eleita, por dois mandatos na Assembleia de Freguesia da Trafaria nas listas do PS, e foi presidente de Junta de Freguesia na Junta da Freguesia da Trafaria, pelo mesmo partido, também por dois mandatos, de 2005 a 2013.
Foi vereadora não executiva em Almada e deputada à Assembleia da República, e presidente da Concelhia do PS Almada. É actualmente vereadora executiva na gestão socialista na Câmara Municipal de Almada.