No último fim de semana de Outubro, aproveitei a ponte e fui ver a minha filha Leonor (sócia de prata do Vitória Futebol Clube) que se encontra a fazer o doutoramento na Universidade de Birmingham.
Já tinha previamente feito Erasmus da República Checa durante a licenciatura e o mestrado em Dundee, na Escócia.
É, portanto, uma cidadã do mundo.
Em 2019, quando recebeu o emblema de prata do Vitória, correspondente aos 25 anos de associada, já se encontrava em Inglaterra, pelo que fui eu recebê-lo no Fórum Luísa Todi.
Ao fim de três anos a viver em Birmingham a Leonor proporcionou-me uma visão por dentro, como se fosse uma nativa da região, o que fez muita diferença.
Birmingham é uma cidade inserida no condado metropolitano de West Midlands, sendo a segunda maior cidade do Reino Unido, com uma população estimada de cerca 1,5 milhões, actualmente considerada o centro social, cultural, financeiro e comercial das Midlands.
Birmingham cresceu durante o século XVIII na época do Iluminismo e também durante a Revolução Industrial que viu ocorrer avanços na ciência, tecnologia e desenvolvimento económico, produzindo uma série de inovações que lançaram muitas das bases daquilo que seria a sociedade industrial moderna.
As características económicas do distrito de Birmingham, com milhares de pequenas oficinas praticando uma ampla variedade de ofícios especializados e altamente qualificados, encorajou níveis excepcionais de criatividade e inovação; isso forneceu um enquadramento económico potenciador de uma prosperidade que duraria até o último quartel do século XX.
A título de curiosidade, a máquina a vapor Watt foi inventada em Birmingham.
Durante a 2ª Guerra Mundial, Birmingham foi fortemente bombardeada pela Luftwaffe alemã, naquilo que é conhecido como o Birmingham Blitz. Os danos causados à infra-estrutura da cidade, associados a uma política deliberada de demolição e nova construção por parte dos seus responsáveis, propiciaram uma extensa regeneração urbana nas décadas seguintes.
A economia de Birmingham é actualmente dominada pelo sector terciário, sendo um importante centro de transporte, eventos e conferências.
As principais instituições culturais são o Birmingham Royal Ballet, a Birmingham Symphony Orchestra, o Birmingham Repertory Theatre, a Biblioteca e o Barber Institute of Fine Arts.
Em 2021, Birmingham foi a terceira cidade mais visitada no Reino Unido.
Em 2022, a cidade também organizou com assinalável sucesso os Jogos da Commonwealth.
Tendo a Leonor como anfitriã e cicerone, percorri a pé e de barco os canais que desempenharam um papel muito importante no desenvolvimento económico da região, decorrente do transporte de carvão.
Visitámos a magnífica biblioteca, onde está patente um espaço dedicado a William Shakespeare.
Admirámos a fábrica de chocolate fundada pelos irmãos George e Richard Cadbury.
O museu de Geologia da Universidade é de uma riqueza e diversidade tal que ombreia com os nossos museus de âmbito nacional.
Conheci um conjunto de pessoas extremamente interessantes e apelativas, originários dos mais variados locais
Todos estes aspectos contribuem decisivamente para que Birmingham tenha inúmeros estudantes provenientes das mais diversas paragens do mundo.
Ao visitar a Universidade de Birmingham compreendi in loco o motivo pelo qual a Leonor estuda e trabalha aqui. Existe todo um conjunto de condições sociais, materiais e tecnológicas que em Portugal nem em sonhos.
Como Pai sou invadido por sentimentos ambivalentes, desencontrados e aparentemente contraditórios; se por um lado gostaria de tê-la mais perto de mim, compreendo perfeitamente que esteja e permaneça nestas paragens britânicas, uma vez que as condições que actualmente usufrui não têm comparação com aquilo que usufruia no passado em Portugal.
A título de exemplo, refira-se que o número de enfermeiros portugueses a chegar ao Reino Unido cresceu quase 40 vezes nos últimos seis anos, tornando-se na segunda nacionalidade estrangeira com mais novas inscrições na ordem profissional britânica.
O que me leva a uma questão extremamente importante: ao desperdiçar dinheiro a formar quadros que estão condenados à emigração, Portugal está a promover um dos investimentos dos mais ruinosos que se pode fazer.
E é precisamente isso que urge inverter.