Manuel Teles: “No Conservatório de Palmela comecei a perceber o que era fazer música a nível profissional”

Manuel Teles: “No Conservatório de Palmela comecei a perceber o que era fazer música a nível profissional”

Manuel Teles: “No Conservatório de Palmela comecei a perceber o que era fazer música a nível profissional”

A viver em Milão, o jovem saxofonista do Pinhal Novo regressa a casa no próximo dia 22 para tocar com a Orquestra Clássica Metropolitana

Manuel Teles é um jovem saxofonista premiado nacional e internacionalmente em mais de duas dezenas de concursos. Nascido em Setúbal em 2002, viveu toda a sua infância no concelho de Palmela, mais concretamente no Pinhal Novo, onde haveria de descobrir que o saxofone é “a sua voz” e a partir dele pode “expressar tudo o que é inexprimível nas demais formas de viver”. Em 2020 voou até Itália, onde actualmente se encontra a fazer a licenciatura no Conservatorio Giuseppe Verdi de Milão.

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“Considero importante ter sempre uma grande vontade de ver a música como uma ferramenta de liberdade. Um dia posso tocar com um músico de Jazz e noutro dia com um músico indiano, um dia toco a solo com uma orquestra e outro dentro da orquestra. Não há limites para o que pode ser a música e a arte e eu tenho aprendido muito isso em Itália”, começa por dizer Manuel Teles a O SETUBALENSE. “A música é realmente algo muito grande e o facto de ser assim meio camaleão permite-me poder tocar com muita gente, ser mais activo e, no final de tudo, o que conta, ser feliz a fazer isso tudo”, adianta.

 

Um percurso na música que começa muito cedo

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Manuel Teles teve o primeiro contacto com a música e os instrumentos musicais no Colégio Salesiano, em Setúbal, onde fez o infantário e o primeiro ciclo. Continuou os estudos no Pinhal Novo, onde aprendeu a tocar saxofone na banda da Sociedade Filarmónica União Agrícola. “Comecei a aprender saxofone com 10 ou 11 anos e percebi logo que este era o caminho que queria seguir”, partilha.

Na etapa seguinte, foi estudar para o Conservatório de Palmela, onde começou a perceber “o que era fazer música a nível mais profissional. Foi completamente decisivo para mim. Tive a sorte de poder contactar com as pessoas certas na altura certa, Palmela é a capital do saxofone em Portugal”. Neste período, conheceu João Pedro Silva, que considera “o seu mentor e uma das pessoas mais importantes da minha vida porque me deu a conhecer o que é o mundo exterior no domínio do saxofone e da música”.

Aos 16 anos, foi admitido na Escola Profissional Metropolitana de Lisboa, na qual estudou até ao 12.º ano. “Da mesma forma que Palmela foi muito importante para mim, Lisboa é um daqueles centros culturais em Portugal onde todos os dias contactamos com muitos artistas nacionais e internacionais que vêm de todo o mundo para trabalhar ali”, refere.

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Entre Lisboa e Milão

Hoje, divide a sua vida entre Portugal e Itália, para onde seguiu viagem em 2020 para se licenciar em Milão. “Estou a trabalhar com as pessoas que sempre quis. Vim estudar para Milão porque é onde está o professor Mario Marzi, uma grande referência para mim. Desde os 16, quando fiz a primeira masterclass com ele, que tenho esta ambição de me licenciar em Milão com ele”, diz.

A experiência tem sido, nas suas palavras, “absolutamente fantástica, um mundo novo. Contacto com pessoas incríveis, grandes referências para mim desde muito novo e o melhor são as oportunidades que existem em Milão. Sinto que estou num dos grandes centros da cultura mundial”.

Ao longo do tempo, tem vindo a receber diversas distinções, de que são exemplo o Prémio Jovens Músicos da RTP/Antena 2 e o Prémio Jovem Solista da Fundação Inatel, sem esquecer que em 2019 recebeu da Câmara Municipal de Palmela a Medalha de Mérito Cultural – Grau Prata. “Tenho estes prémios como algo que guardo só para mim, como algum reconhecimento pelo meu trabalho e na verdade não são muito mais que isso. Os prémios são e tudo é muito subjectivo na arte”, considera.

Da música moderna ao repertório saxofonístico e orquestral, já trabalhou com inúmeros músicos, compositores e maestros, como Jacob TV, Luca Francesconi, Salvatore Sciarrino, Mário Laginha, Daniel Bernardes, António Victorino d’Almeida e Martim Sousa Tavares, entre outros. “Tenho aprendido com cada um deles. Das vezes que tocamos ou trabalhamos juntos, há sempre qualquer coisa que fica connosco e isso é mesmo importante”, partilha, adiantando que “o mesmo acontece com as orquestras e os grupos com que tenho tocado”.

 

Concerto no Cineteatro São João é “regresso a casa”

No próximo dia 22, pelas 21h30, a apresentação a solo do Concerto para Saxofone e Orquestra em Mib, de Alexander Glazunov, com a Orquestra Clássica Metropolitana, no Cineteatro São João, em Palmela, marca também o regresso de Manuel Teles às suas origens. “Vai ser uma mixórdia de emoções. Para mim, é sempre uma grande honra tocar em Palmela e desta vez vou estar a tocar com a Orquestra, o que é sempre um momento feliz, ainda mais com esta, composta por jovens da Metropolitana, que me deixa ainda mais esperançoso e feliz com o nível da música em Portugal”, afirma.

Para além de contar com a presença de diversas caras conhecidas na plateia, entre amigos e família, por tocar “em casa”, o facto de interpretar um concerto para saxofone de Glazunov é, segundo Manuel Teles, igualmente “um momento de grande honra e responsabilidade” por ser “um dos concertos mais emblemáticos escritos para este instrumento”.

 

Próximo ano traz CD a solo

No que diz respeito a planos para o futuro, em 2023 o jovem saxofonista lança o seu primeiro CD a solo, intitulado “Lisboa-Milano”, que contará com música dos compositores Luca Francesconi, Christopher Bochmann, João Pedro Oliveira e Salvatore Sciarrino, editado e distribuído pela Stradivarius. “É mais um sonho tornado realidade, com obras portuguesas e italianas de compositores vivos para saxofone solo. Com este CD, quis também transportar para o lado musical o que está a acontecer na minha vida neste momento, o facto de viver entre Portugal e Itália”, remata.

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