Conceição Casaca, Guardadora de Taças e de Sonhos

Conceição Casaca, Guardadora de Taças e de Sonhos

Conceição Casaca, Guardadora de Taças e de Sonhos

, Professor
10 Outubro 2022, Segunda-feira
Professor

“Esta nossa pequeníssima homenagem à nossa Casaquinha é a alguém que nasceu no VITÓRIA, viveu para o VITÓRIA, cresceu, sorriu e chorou pelo VITÓRIA e morreu com o….VITÓRIA. Infelizmente é mais um dos nossos que num tão curto espaço de tempo nos deixa e com o SEU/NOSSO VITÓRIA neste lugar tão triste da nossa História.”
Miguel Reizinho

 

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Nestes dias sombrios, fui muito tristemente atingido com o falecimento dessa grande vitoriana que era a querida e já saudosa Maria da Conceição Casaca.

Durante anos, foi uma das cicerones da então magnífica sala de troféus “Josué Monteiro”, onde o Vitória ostentava orgulhosamente todas as taças que venceu ao longo da sua centenária história.

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Conceição Casaca era, sem qualquer sombra de dúvida, uma das guardiãs da sala de troféus, representando sempre o sentir, a emoção, o carinho e o amor vitorianos, no seu estado mais puro, nobre e desinteressado.

Conceição Casaca respirava Vitória, vivia-o e sentia-o de uma forma orgânica, intensa, profunda. Era sempre a primeira a chegar ao Estádio do Bonfim, mesmo antes das portas abrirem.

Sempre que se falava do Vitória, imediatamente adquiria um brilhozinho naqueles olhos azuis e começava a palpitar histórias, sentimentos, emoções e também alegrias e tristezas. Era uma excelente conversadora.

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Tal como em Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos, personagem que Alves Redol imortalizou numa das suas obras de referência, Conceição Casaca era, com a sua enorme alma vitoriana, a guardadora da sala de troféus, conferindo-lhe um toque feminino, indispensável para que o bom gosto imperasse.

Sem o toque feminino, a vida seria a preto e branco e, por vezes, nem isso. Gostaríamos de ter a sala de troféus de volta, no prolongamento da bela sala de imprensa, onde se encontram os troféus mais emblemáticos do Vitória Futebol Clube.

Também ela guardava com desvelo, carinho e muito amor, não só as taças, como todos os sonhos, as emoções, o vitorianismo. Fazendo o Vitória também parte da minha essência, não posso deixar de a ter como referência de uma certa forma de estar e de sentir vitoriano.

Conceição Casaca sucedeu como guardiã das taças, a esse grande vitoriano também infelizmente desaparecido que era Agostinho Alpendre. Conceição Casaca era irmã desse grande jogador e depois treinador que foi Fernando Casaca.

Se lhe perguntassem qual era a sua taça preferida, respondia imediatamente que era a Taça Recompensa, que curiosamente assinala uma derrota contra o Sporting, em que fomos escandalosamente roubados, daquela que teria sido a primeira Taça de Portugal, ocorrida nos anos cinquenta.

Ela vivenciou essa ocorrência em discurso directo. Falava sempre com particular entusiasmo das três taças de Portugal que o Vitória Futebol Clube venceu (1965, 1967 e 2005), em dez presenças em finais.

Emocionava-se também quando recordava a conquistas da Supertaça Ibérica ganha ao Bétis de Sevilha (2005) e a primeira Taça da Liga ganha ao Sporting (2008). Em 1968 Conceição Casaca deslocou-se de propósito a Espanha (Corunha) para assistir à conquista da Taça Teresa Herrera, batendo na final o Atlético de Madrid que tinha ganho a Taça de Espanha, tal como nós, relativamente à Taça de Portugal.

Recordava também a conquista da Mini-Copa do Mundo, na Venezuela, defrontando e vencendo o Santos (Brasil) e o Chelsea (Inglaterra). Em 2014, Conceição Casa deu-me a enorme honra de ter estado presente no lançamento daquele que seria o meu primeiro livro intitulado “Crónicas Vitorianas”, evidenciando, nessa ocasião, o eterno entusiasmo comum a todos nós, vitorianos.

Dizia de forma recorrente que quando se fala do Vitória, temos todos de nos pôr de pé, em sinal de respeito. O seu desaparecimento atinge duramente a família vitoriana, tal como sucedeu com Fernando Pedrosa e Mário Venâncio (Marezas).

Uma grande tristeza. Até Sempre, Conceição Casaca.

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