Em termos simples o diagnóstico consiste no conhecimento de uma dada situação, de uma dada realidade, que identifica, analisa, quantifica e pode determinar ou não, o que se vai passar a seguir, isto é, a sua provável evolução se nada for feito ou a sua resolução, a sua solução ou soluções.
A terapia é o tratamento que se deve ou pode dar para solucionar, melhorar, resolver o que melhor se coaduna com o diagnóstico elaborado e desta forma contribuir para a “cura”.
Vem tudo isto a propósito dos incêndios trágicos ocorridos no centro, interior de Portugal ,em particular o de Pedrogão Grande, um infortúnio que vitimou dezenas de pessoas, homens, mulheres e crianças. Uma tragédia, um horror. Uma calamidade que Portugal nunca tinha vivido nesta dimensão e nestas circunstâncias.
Todos os anos em particular nas últimas duas décadas ano após ano, o país é devastado pelos fogos que queimam milhares de hectares de floresta, atacam povoações nas nossas aldeias que ficam depauperadas dos seus haveres, casas, animais, alfaias agrícolas, árvores. Uma história que se repete mas que não tem fim à vista. Nem soluções, nem responsáveis.
Então cabe perguntar. O diagnóstico já foi realizado? Se sim qual é? As portuguesas e os portugueses precisam de saber com o que contam, o que é que nos espera no país inteiro. Sim! No país inteiro! Se o diagnostico está feito, o que é que vai ser feito para que estas situações não se repitam?
Portugal deve ser um todo. A coesão territorial e social tem que deixar de ser retórica, o que tem sido feito até agora ficou demonstrado que não resolve nada, antes pelo contrário fica o desalento. Em 2013 já tinha ficado um aviso sério com a morte de uma dezena de bombeiros.
Ano após ano temos assistido ao fogo consumidor, devastador da floresta. Só que agora devastou vidas, seres humanos , o seu sacrifício foi em vão, nada de novo irá acontecer. Lamentos, nada mais. Como de costume a culpa, essa vai morrer solteira. Lá vamos ouvindo que as vítimas foram surpreendidas ao fim da tarde, não sabiam os perigos que corriam, não se aperceberam, foi tarde de mais. Mulheres, homens e crianças, vítimas em dia de revolta das trovoadas… Aquelas nuvens negras não de chuva, mas de “pólvora”, histórias, atearam o lume que se propagou, devorando o que encontrou pela frente, casas, seres humanos, de todas as idades entregues à sua sorte.
Sorte madrasta, má, destruidora, injusta que transformou em tragédia aquele fim de tarde, do Portugal interior. O horror diante dos nossos olhos, com sentimento de impotência a invadir a alma, o coração a cabeça a tirar-nos a calma. “Quem tem alma, não tem calma”, disse Fernando Pessoa.
Todos atónitos sem saber o que fazer a não ser anunciar vitimas atrás de vitimas, sem parar. Ouve-se dizer faz se o que se pode, fez-se tudo o que se podia fazer. Não acredito. Não é possível não fazer mais, não fazer tudo. A culpa é de todos e de ninguém. Não acredito. Existem responsáveis mas já ninguém quer saber. Se o diagnóstico for uma farsa ou uma cortina de fumo a terapia só pode conduzir à catástrofe.