Presidente do Projecto Ruído, estreou-se enquanto dirigente associativo na Escola Secundária Sebastião da Gama e hoje é presença assídua no comité organizador do Festival Liberdade
Nascido no Barreiro, Simão Calixto cresceu e vive actualmente na Quinta do Conde, onde também estudou até ao seu nono ano. No arranque de uma nova fase, chegou à Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, para integrar o curso de Ciências e Tecnologias.
Foi neste momento que iniciou o seu percurso enquanto dirigente associativo, ao criar, com duas amigas, a rádio da escola, que até então não existia e não demorou a ser um projecto bem-sucedido.
Passou também pela Associação de Estudantes da mesma instituição de ensino, onde “sempre tivemos uma postura muito reivindicativa no sentido da resolução de problemas que identificávamos na escola” e percebeu que “associados e em conjunto temos muito mais poder do que sozinhos”, começa por contar.
No decorrer deste processo, tomou conhecimento do Festival Liberdade, no qual participa desde 2015, “um formato sem igual e uma marca grande” na sua experiência associativa.
“Os encontros do movimento associativo sempre foram, para mim, muito enriquecedores, enquanto dirigente e na perspectiva de troca de experiências e de conhecer outras realidades que também enriquecem a nossa”, considera. “Aprendi muito com o festival e foi a partir daí que tomei conhecimento do Projecto Ruído. Depois de sair da Associação de Estudantes, fui envolvendo-me mais, por concordar com todas as coisas que faziam. Em 2017, entro para o projecto e sou dirigente associativo desde 2019”, conta, acrescentando que, no Festival Liberdade, o Projecto Ruído participa desde o seu início, de diversas formas, mas sempre enquanto parte integrante do comité organizador do festival e impulsionador do Encontro do Movimento Associativo da região.
O desarmamento nuclear, a paz, o racismo e as questões da igualdade são alguns dos temas que norteiam a actividade da associação que, apesar de não ter ainda sede física, desenvolve diversas iniciativas no concelho do Seixal.
Nos últimos dois anos, o projecto “Faz ruído pela igualdade”, que passou pela Moita, Montijo, Seixal e Setúbal, tem procurado “alertar para as questões da igualdade nas várias fases e nos vários aspectos e ambientes da vida”.
Para Simão Calixto, importa ainda destacar o trabalho feito no âmbito do desarmamento nuclear, com a campanha “Desarma a bomba”, que em 2018 percorreu as escolas da região e do país. “Recolhemos assinaturas para Portugal aderir ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e foi uma experiência incrível, com a qual chegámos a milhares de jovens estudantes, muito concordantes com a ideia do fim das armas nucleares e da luta pela paz”, partilha, frisando que “hoje, com a questão do conflito da Ucrânia, estamos a tentar retomar nesse sentido, dada a experiência muito positiva que temos. De repente tornou-se mais actual, parece que nada mais importa senão a paz”.
Com o percurso académico “sempre muito ligado à região e à cidade de Setúbal”, no presente encontra-se a terminar a licenciatura em Tecnologias do Ambiente e do Mar, no Instituto Politécnico de Setúbal, onde também já dirigiu o núcleo do seu curso.
Associativismo enriquece experiência pessoal
O associativismo assume na sua vida elevada importância por permitir “desenvolver actividades com outras pessoas em áreas de interesse para além da escola ou do trabalho. Juntos, duas cabeças pensam melhor do que uma e assim sucessivamente. Às vezes falta-nos esse tempo livre para pensar e fazer mais, mas tentamos sempre dar um bocadinho mais de nós para concretizar”. O Projecto Ruído fá-lo, precisamente, concretizar, “ir à procura de participar mais, em novas iniciativas e adquirir novas experiências que, se não fizesse parte, não seria possível”.
O movimento associativo juvenil da região é, segundo Simão, caracterizado pela sua variedade, “de concelho para concelho, há coisas completamente diferentes, nas mais variadas áreas”. Verifica igualmente “muita disponibilidade e o Festival Liberdade é a prova disso. Todos os anos dezenas de associações e centenas de jovens participam na sua construção e realização e isso é valiosíssimo”.
Já fez parte de várias associações e a necessidade de mais apoios e menos burocracia é, no seu entender, um aspecto comum porque “o movimento associativo todo precisa de mais apoio”. Regista “uma dificuldade muito grande, principalmente para aceder aos apoios do Instituto Português do Desporto e da Juventude, que devia aprender mais com os municípios no aspecto da proximidade, envolvimento e apoio”, que nem sempre é financeiro. Por vezes é somente necessária “ajuda ou apoio logístico”.
Simão Calixto à queima-roupa
Idade 24 anos
Naturalidade Barreiro
Residência Quinta do Conde
Área Tecnologias do Ambiente e do Mar
Já tendo feito parte de várias associações, acredita no poder de pensar e transformar em colectivo