Equipamento quer constituir-se como “pólo estruturante na intervenção social e cultural”
O Centro de Experimentação Artística (CEA) do Vale da Amoreira nasce de uma intervenção comunitária na freguesia, no âmbito da Operação de Qualificação e Reinserção Urbana de Bairros Críticos. Inaugurado a 25 de Abril de 2013, o equipamento, destinado à experimentação, formação e apresentação artística, assume “grande importância” no local onde se insere por ser “uma forma de o bairro se exprimir na arte” e um espaço que promove a educação e participação activa dos mais jovens do concelho.
“Este é um espaço de experimentação e aprendizagem, potenciador de desenvolvimento das comunidades, contribuindo para a igualdade de oportunidades e para a democratização no acesso à informação, ao conhecimento e às expressões artísticas”, começa por dizer Sara Silva, vereadora com o pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Moita.
Pretende-se, assim, e atendendo à “riqueza cultural do território onde está inserido”, que o centro “seja um pólo estruturante na intervenção social e cultural, a funcionar como um catalisador das dinâmicas culturais e educativas, tendo como premissas a valorização da diversidade, interculturalidade e integração social”.
No âmbito do trabalho que tem vindo a ser realizado no espaço, Anabela Regula, chefe da Divisão da Cultura, Património e História Local da autarquia moitense, destaca o trabalho do encenador Rui Catalão, com a peça “Ao abrigo da distância”, em co-produção com o município, que “partiu da recolha de histórias de vida aqui do concelho”.
Também a residência artística do projecto “Meio no meio”, a decorrer no CEA, tem “uma dimensão social associada a toda a experimentação artística e permitiu a inclusão de três elementos da comunidade. É esse o objectivo central deste espaço, envolver a comunidade, fazer das pessoas que aqui vêm os próprios intervenientes da acção”.
A aposta é, assim, feita na fruição artística e na participação activa, que transformarão os mais jovens em “cidadãos mais conscientes, com participação cívica mais activa, com um sentido de cidadania diferente”. Nas palavras de Anabela Regula, “a interculturalidade do Vale da Amoreira tem produzido uma enorme riqueza. Apesar das diferentes realidades do concelho da Moita, acreditamos que através da arte é possível fazer esta mistura, conseguir esta aceitação e promover a coesão territorial”.
Neste sentido, o centro “vem precisamente permitir que as pessoas possam explorar o seu potencial, desenvolver e cruzar vivências com outras artes, culturas e etnias inclusivamente”. Até ao final do ano, acolhe diversas iniciativas, sobretudo residências artísticas, formações de capacitação artística, sem esquecer o estúdio comunitário, utilizado pelos jovens para gravar a sua música, e a ligação com a Biblioteca do Vale da Amoreira e o projecto “Inclusão pela arte”, que neste mês de Julho e no próximo mês de Agosto visa ocupar os tempos livres dos jovens “e possivelmente até explorar algum potencial que têm guardado e não sabem”.
“É fulcral criar oportunidades para as crianças do bairro”
O relevo deste equipamento cultural para o território é igualmente reforçado por Bárbara Gonçalves Dias, presidente da União das Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira. “É uma forma de o bairro se exprimir na arte e é único, singular e ímpar. Muitas pessoas, até de fora, recorrem a este espaço para fazer a sua arte e é muito importante termos este tipo de singularidades que também possam atrair pessoas de fora para o bairro”, refere, considerando que este é “mais do que casas e paredes, arte, cultura, diversidade cultural”.
De acordo com a edil, importa ainda ter em conta que o “Centro de Experimentação Artística, o Campo Municipal e a Biblioteca são os únicos equipamentos que o Vale da Amoreira tem. É fulcral criar oportunidades para as crianças do bairro experimentarem novas formas de se entreterem. Depois da escola, aqui não há creches nem infantários e o centro tem também este ponto educativo”.
Para além disso, “acaba por ser uma espécie de abrigo para que os jovens consigam através da sua arte se exprimir e através da arte desenvolvemos a nossa sensibilidade e criatividade. Os equipamentos disponíveis têm o poder de mudar a vida da comunidade, pelo que também o CEA tem este poder transformador”.
Testemunha de todas estas transformações é Jorge Alexandre Centeno, por todos conhecido como “Bita”, vigilante no Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira desde que este abriu portas. “Temos grandes artistas que vêm aqui ensaiar e este espaço é sem dúvida o ex-libris para as pessoas do bairro, que infelizmente não têm outros espaços. Os mais novos sentem-se acarinhados aqui, é como se estivessem em família, e cuidam do espaço”, partilha. “Deixam sempre tudo impecável, por este sentido de pertença que têm vindo a cultivar. Esta é a casa deles”, remata.