Projecto de cidadania chama jovens a debater soluções para o concelho

Projecto de cidadania chama jovens a debater soluções para o concelho

Projecto de cidadania chama jovens a debater soluções para o concelho

Criada em 2003, esta iniciativa tem-se afirmado no panorama nacional devido às suas características “particulares e inovadoras”. Todos os participantes fazem “balanço positivo”

 

Com o objectivo de promover a cidadania entre os jovens, a Assembleia Municipal de Jovens (AMJ) de Sesimbra reúne todos os estudantes do 3º ciclo do ensino básico dos cinco agrupamentos de escolas do município para “discutir o presente, intervir nas decisões e participar activamente nas opções de solução que entendem que melhor servem os interesses do concelho onde estudam, vivem e se formam para a vida”.

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O projecto, assumido pela Assembleia Municipal de Sesimbra, nasceu em 2003 e desde então já envolveu mais de 700 jovens e cerca de 20 professores. Tem vindo a afirmar-se no panorama nacional, tendo em conta as suas “particularidades e o seu carácter inovador”.

A AMJ, que completou este ano as suas 19 edições, é “participada, conduzida e dirigida por jovens, desde a constituição das bancadas escolares que representam cada escola e apresentam situações-problema que enriquecem o debate de ideias na procura das melhores soluções às questões colocadas, à eleição dos líderes e direcção dos trabalhos”.

João Narciso, presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, começa por contar que o projecto surge “por iniciativa da coordenadora da Comissão de Educação da altura, Odete Graça” e a intenção é “chamar estes jovens ao exercício da cidadania logo desde cedo porque quanto mais cedo melhor”.

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Nas suas palavras, “muitas vezes os projectos caem porque não há condições para continuar. Neste caso importa referir, e é a mais pura das verdades, que este projecto não tem condições para deixar de existir”.

Para 2023, ano em que se comemoram os 20 anos de Assembleia Municipal de Jovens, existe a possibilidade de que esta integre as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. “A 4 de Maio, feriado municipal, foi lançado o repto a Odete Graça para que fosse coordenadora da Comissão Organizadora dos 50 anos do 25 de Abril, em 2024. De imediato teve a ideia de que as comemorações se iniciavam a 25 de Abril de 2023.
Tendo em conta que a nossa sessão costuma realizar-se em Maio, podemos ter aqui uma participação neste programa”, revela.

Envolvimento da comunidade escolar acontece em todos os momentos

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Nas palavras de Soraia Dragão, presidente da Assembleia Municipal de Jovens na mesa desta 19.a edição e aluna da Escola Básica 2,3/S Michel Giacometti, “a AMJ permite a aproximação ao poder local e à forma como funcionam os órgãos autárquicos e isso vai-nos fazer crescer como cidadãos. Vamos levar estes ensinamentos para o futuro”.

“Nos AMJProjectos, os alunos pensam num projecto para a sua escola e é muito importante para eles conseguirem materializar algo, a partir do financiamento de mil euros que é atribuído pela Câmara Municipal a cada agrupamento. Conseguem ver algo feito e sentir-se parte integrante daquela decisão”, refere Maria João Pinto, professora de História e Cidadania na Escola Básica e Secundária Michel Giacometti, para quem faz “todo o sentido este tipo de projecto, esta proximidade entre a própria comunidade escolar e também a ligação entre o poder local e as escolas”, sobretudo por perceber “que os jovens desconhecem a forma como somos governados e terem esta consciência da importância do poder político fá-los mais ricos e conhecedores da
realidade”.

Elisabete Luís, professora na Escola Básica Integrada do Agrupamento de Escolas da Quinta do Conde, está no projecto há 20 anos e considera que este “acaba por ser uma parceria entre todas as escolas do concelho e a Assembleia Municipal”. Tem sido “uma valência muito grande” e o mais importante para os alunos é “partilharem as suas ideias sobre o concelho e debruçarem-se sobre temáticas que precisam de ser resolvidas, dando-lhes competências e tornando-os mais confiantes”.

Para a professora Ana Pereira, do Agrupamento de Escolas da Boa Água, “é dos projectos que mais me alicia e deixa feliz, permite que estas crianças tenham uma consciência cívica real sobre a sua localidade e o que podem fazer. Há um pragmatismo nas respostas e uma realidade no que fazem que é delicioso ver”.
No seu ponto de vista, não existem “pontos negativos” nesta iniciativa, na qual participa há seis anos, e “gostava até que fosse replicada. Está muito bem em Sesimbra, mas é tão fantástico que outros municípios deviam inspirar-se”.

Por sua vez, Maria João Páscoa, da Escola Navegador Rodrigues Soromenho, integra o projecto há oito anos e diz ter “vestido a camisola” desde
o primeiro momento, considerando que devia ser estendido a mais municípios este “exercício de cidadania fantástico para os nossos jovens e uma mais-valia para as escolas do concelho”.

Professor na mesma escola é Carlos Zacarias, que considera uma vantagem “que os jovens percebam a importância do trabalho em política, ainda mais de proximidade. Este é mesmo um projecto de cidadania pura, que traz o estar no lugar do outro, o reconhecer o outro como semelhante e a paz para a comunidade escolar do concelho. Quem criou, Odete Graça, teve uma visão extraordinária”.

Também a realização de visitas de estudo, o modelo de eleição da mesa da AMJ e o contacto com os eleitos locais, através da acção “Eleito por um dia”, têm permitido aos jovens conhecer de perto a vida do poder local. Ariana Barbosa, da Boa Água, é um dos exemplos. A participar no projecto há três anos, destaca o Dia do Eleito como “um daqueles dias em que comecei a ter uma visão diferente sobre como funcionavam as coisas no nosso concelho” e a AMJ como o sítio “onde trabalhamos todos juntos e que permite conhecermo-nos melhor”.

No que diz respeito ao futuro, a professora Inácia Godinho, da Escola Secundária de Sampaio, com dois anos de experiência na AMJ, deseja que tudo fi que “nos conformes para ter uma visão ainda mais enriquecedora deste projecto” e tem uma sugestão. “Debater-me-ia pelo alargamento deste projecto ao secundário. Adoro este projecto, acho que é importantíssimo e em alunos com idades muito próximas de votação era um aspecto a considerar. O básico e o secundário juntos podiam até ser uma mais-valia”, termina.

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