O sindicalista Fausto Gonçalves e o jornal setubalense Alvorada

O sindicalista Fausto Gonçalves e o jornal setubalense Alvorada

O sindicalista Fausto Gonçalves e o jornal setubalense Alvorada

O Alvorada foi um jornal sindical de trabalhadores do comércio, que se publicou em Setúbal entre 1911 e 1929. Com uma influência entre ativistas de norte a sul do país.

Quanto a Fausto Gonçalves (nascido em 1898, em Tomar), ele salientou-se como sindicalista, sobretudo entre 1921 e 1923, quando foi secretário-geral da Federação Portuguesa dos Empregados no Comércio (zona sul).

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Faz parte do naipe notável de seis militantes que exerceram esse cargo entre 1913 e 1929, com José de Almeida, Joaquim Domingues, Amílcar Costa, Francisco Rodrigues Loureiro e Manuel Rodrigues.

Entre eles: um foi presidente do antigo Partido Socialista Português e da sociedade A Voz do Operário (José de Almeida); outro foi vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (Joaquim Domingues); e outro foi secretário-geral do Partido Comunista Português (Rodrigues Loureiro).

Metade deles foram presos políticos antifascistas, depois do golpe militar de 1926: Joaquim Domingues, Rodrigues Loureiro e Amílcar Costa (por sinal, um republicano, um comunista e um socialista).

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Bateram-se especialmente pelos direitos dos trabalhadores a um dia de folga semanal (legislado em 1907 e 1911) e à limitação do horário de trabalho (primeiro para 10 horas, em 1915; depois para 8 horas, em 1919).

No caso de Fausto Gonçalves, coube-lhe estar na linha da frente numa fase defensiva, em que esses direitos já tinham sido conquistados, no papel. Mas na prática eram muito torpedeados por grande parte do patronato.

À semelhança de Rodrigues Loureiro e Manuel Rodrigues, Fausto integrou o órgão deliberativo da CGT (Confederação Geral do Trabalho). Até que, no final de 1923, se afastou da atividade sindical.

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Depois de ter sido militante do antigo Partido Socialista Português, tinha aderido ao novo PCP. E em 1923 foi um dos 21 subscritores do manifesto que lançou a corrente sindical pró-comunista. Esteve no epicentro da discórdia entre anarquistas e comunistas que à época dilacerou o sindicalismo em Portugal. E foi agastado com este conflito que se afastou.

Em 1926 a situação era diferente, sob ditadura militar e com o movimento sindical mais enfraquecido. Foi quando Fausto retomou a colaboração no Alvorada. Por sinal, um dos primeiros jornais em que ele começara a escrever, ainda muito jovem.

Tinha a experiência de já ter dirigido dois outros jornais sindicais. E em 1927, passou a ser ele o diretor do Alvorada. Voltou também à direção da federação dos empregados do comércio, agora como secretário-adjunto e ao lado de dois outros ex-líderes: Rodrigues Loureiro como secretário internacional e José de Almeida de novo como secretário-geral. Foi uma tentativa gorada de salvarem uma estrutura muito debilitada. Dois anos depois, tanto a federação como o Alvorada suspenderam a sua atividade, por falta de meios e de apoio.

A Fausto ficou-lhe, todavia, o gosto pelo jornalismo. Em 1932, lançou uma revista ilustrada, com um nítido cunho antifascista, a que chamou Relâmpago. Mas não foi além de três números. Tornou-se redator do Diário da Noite, rival democrático do salazarista Diário da Manhã. Mas esse jornal encerrou em 1933.

Fausto acabou por singrar na imprensa regional. Em 1938, lançou a revista Almanaque Alentejano, que dirigiu até 1973. E, por volta de 1945, assumiu a redação da revista da Casa do Alentejo, na qual se manteve durante 30 anos.

Também publicou alguns livros de temática regionalista ou associativa, com destaque para o volume «Inválidos do Comércio e a sua obra de solidariedade» (com 7 edições entre 1942 e 1958). Aquando do seu lançamento, O Setubalense reproduziu um capítulo deste livro, bem em destaque na primeira página.

Fausto Gonçalves ainda assistiu ao 25 de Abril, com entusiasmo e como militante do PCP.

Faleceu em 1977.

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