Caos no SNS e mortalidade

Caos no SNS e mortalidade

Caos no SNS e mortalidade

4 Agosto 2022, Quinta-feira

De uma forma geral, as Urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais públicos registam constrangimentos e encerramentos, por dificuldade em assegurar escalas de médicos especialistas, mas esta é apenas a face mais visível do caos generalizado que se verifica no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Com as longas listas de espera das consultas e cirurgias, fortemente agravadas no período da pandemia de Covid-19, muitos portugueses com patologias e doenças graves não tiveram o seu diagnóstico a tempo. Por isso, não admira que as estatísticas registem um aumento considerável da mortalidade por todas as causas.

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Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em maio último ocorreram 10 323 óbitos. Trata-se de um número de mortes mais comum nos meses de inverno, habitualmente com maior mortalidade do que os meses de primavera e verão, mas inédito para o mês de maio, pelo menos desde 1980, de acordo com dados do INE.

Por sua vez, no mês de junho, com 10 215 óbitos, registou-se uma subida de 26% face à média de mortes diárias entre 2009 e 2019, o intervalo de referência pré-Covid. Este número de mortes não se verificava, pelo menos, desde 1980, e até é possível que seja o número mais alto, desde sempre, num mês de junho.

A mortalidade por Covid-19 explicará parte do excesso de mortalidade que se registou em maio e junho de 2022, mas não explica todas as mortes a mais que ocorreram nestes meses, face ao que era comum em anos anteriores.

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Esta considerável expressão da mortalidade não Covid tem, evidentemente, causas diversas, de entre as quais se pode destacar:

  • o aumento do número de casos urgentes que não tiveram a resposta adequada e atempada;
  • o aumento do número de doentes crónicos que deixaram de ser controlados;
  • o aumento do número de pessoas que deixaram de ver as suas doenças diagnosticadas por dificuldade de acesso aos cuidados de saúde ou a rastreios, situação particularmente grave no caso das doenças cardiovasculares, oncológicas e do aparelho respiratório.

O Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Miguel Guimarães, avança com uma explicação para o aumento da mortalidade: “Deve-se ao facto de, desde 2020, ter havido milhões de consultas e de exames complementares de diagnóstico por fazer”. Referiu, ainda, que a pandemia criou “um excesso de dificuldade de acesso aos cuidados de saúde”.

Ao aumento da mortalidade que se tem verificado nos últimos meses não é alheio o caos no SNS e que resulta, essencialmente, da inércia do Governo, fruto da cegueira ideológica da “geringonça”, que condicionou as políticas de saúde e que conduziu, por exemplo, à péssima decisão de acabar com as Parcerias Público-Privadas (PPP), que provaram funcionar bem. De facto, devolvidos esses hospitais à gestão pública, nas regiões de Loures, de Braga ou de Vila Franca de Xira, assistimos à degradação dos serviços de saúde, em termos de acesso e de qualidade.

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Hoje, o Senhor Primeiro-Ministro, responsável máximo pela situação catastrófica do SNS, reconhece os problemas estruturais deste serviço público, mas a obsessão ideológica e o acantonamento, por oportunismo político, à extrema-esquerda, impediram-no de, ao longo de 7 anos de Governo, executar as reformas que o Serviço Nacional de Saúde exige.

A grave crise no SNS, que atinge, em maior escala, os portugueses com parcos meios financeiros, não decorre apenas de um problema de afetação de recursos. Trata-se de um problema de fundo, que só se resolve com reformas estruturais que permitam:

  • assegurar o acesso universal dos portugueses à saúde;
  • cumprir a meta tão reiteradamente adiada de atribuir médico de família a todos os portugueses;
  • garantir a qualidade da resposta assistencial nos cuidados de saúde de proximidade.

Que seja este o principal foco nas reformas a implementar no SNS. Porque este, sim, para o PSD, deve ser um desiderato nacional.

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