Martim Ribeiro: “Conseguir ganhar uma oportunidade destas, com esta idade, dá-me uma certa legitimidade”

Martim Ribeiro: “Conseguir ganhar uma oportunidade destas, com esta idade, dá-me uma certa legitimidade”

Martim Ribeiro: “Conseguir ganhar uma oportunidade destas, com esta idade, dá-me uma certa legitimidade”

Jovem é um dos 30 seleccionados que vão ter a oportunidade de experienciar a sensação de gravidade zero, através da iniciativa ‘Astronauta por um Dia’

 

Martim Ribeiro pode afirmar com orgulho que aos 17 anos vai ter uma oportunidade única, a que poucos têm acesso: ser astronauta por um dia.

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O jovem de Setúbal é um dos 30 finalistas da iniciativa Zero-G Portugal, promovida pela Agência Espacial Portuguesa, a partir da qual vai participar num voo parabólico, com partida do Aeroporto de Beja a 16 de Setembro, e experienciar a sensação de gravidade zero.

Quando soube que tinha sido um dos seleccionados para estar a bordo de um Airbus A310, até porque esteve a competir contra 460 candidatos, com idades entre os 14 e os 17 anos, diz ter ficado “muito feliz e satisfeito”, apesar de ter sentido “cada vez mais confiança de que ia conseguir ser escolhido à medida que passava à próxima fase”.

“Acho que fiz os testes todos bem. Também correu bem porque todos os que vão comigo no voo são fantásticos”, conta. Com o amor pelo Espaço a ser já antigo, o jovem “nunca” teve dúvidas de que era esta a área que queria seguir. “Tenho em mente o curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa”.

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Como ficou a conhecer a iniciativa?

Ouvi falar através do meu pai e de um amigo, que sabem que eu tenho um grande amor ao Espaço desde pequeno. Por isso decidiram contar-me. Fui ver como é que era o processo e decidi inscrever-me.

O que significa quando diz que tem um grande amor ao Espaço?

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Sempre gostei das coisas relacionadas com o Espaço. Desde pequeno que digo que quero ser astronauta e que quero trabalhar em algo relacionado com a área. Sempre adorei. Adorava acompanhar as missões, ver os foguetões e todo o tipo de coisas relacionadas com o tema.

Como decorreu o processo da inscrição?

Primeiro tivemos de enviar a candidatura e, com isso, tivemos de fazer um texto com cerca de duas mil letras, a explicar as nossas motivações para ir e o porquê de acharmos que seríamos uma boa escolha. Todo o processo é também uma questão de nos tornarmos ‘embaixadores’ e de espalharmos melhor este tipo de acções. Por exemplo, a mim, que sou o interessado no assunto, a informação não me chegou de forma directa. Chegou-me através de familiares e amigos. Além disso, tivemos de enviar um vídeo com 30 segundos.

E quais são as suas motivações?

Acho que sou um bom embaixador porque compreendo o interesse que o Espaço tem para o ser-humano. O interesse que há no Espaço já não é muito. Houve mais durante a corrida espacial, nos anos 60. Só que a questão é que há um potencial gigantesco. Há toda uma indústria de turismo, de procura de recursos e até de habitação, quando houver oportunidade para meter lá pessoas. Considero que deveria de haver mais interesse nestes temas.

E por esse motivo considera que é uma boa escolha?

Acho que sim, por compreender a importância que o Espaço tem.

Depois de enviado o texto e o vídeo, o que se seguiu?

Tive de enviar um vídeo simples. Basicamente a dizer um ‘olá’, porque não havia tempo para muito mais. Nessa primeira fase fui aceite. A segunda fase foi fazer um teste psicotécnico. Tinha um texto e colocaram-nos três perguntas de interpretação de escolha múltipla. O objectivo era responder certo e o mais rápido possível. E depois tinha vinte daquelas perguntas habituais, com os cubos e assim, em que há certas rotações da face e temos de escolher.

E na terceira fase?

Decorreram os testes físicos. Tive de ir a Lisboa, à Faculdade de Motricidade Humana. Fizemos lá uns testes, nomeadamente abdominais e de vaivém. Depois havia um que consistia num percurso de obstáculos, que não estavam bem equilibrados e em que tivemos de passar por cima. Serviu para testar o nosso equilíbrio. Houve também um de equilíbrio, em que tivemos de pisar uma espécie de plataforma em cima de um insuflável redondo. Tivemos de ficar lá em cima e atirar a bola à parede e apanhar com uma mão, o máximo de vezes possível. E depois foi um teste em que nos deitámos em cima de uma prancha, com rodas, e com as pernas encolhidas e tivemos de percorrer caminhos à volta de pinos. Foi mais ou menos para simular como os astronautas se movem e como agarram as coisas.

Houve algum teste que tenha considerado mais desafiante?

Acho que fiz bem todos. Só houve um mais desafiante, que foi o do equilíbrio, de atirar a bola à parede. Esse dificultou-me um bocadinho a vida, mas de forma geral correu bem. Além disso, também correu bem porque todos os que vão comigo no voo são fantásticos. Apesar de estarmos em competição, sempre foram prestáveis. Deram-me dicas. São pessoas de bom carácter. Não houve rivalidade, sempre foram todos muito simpáticos. Agora é aproveitar a oportunidade.

O que foi sentindo à medida que ia superando as fases?

Fui sempre sentindo confiança. Ao início estava incerto se conseguiria passar, mas à medida que passava à próxima fase comecei a ficar com cada vez mais confiança de que ia conseguir mesmo ser escolhido. No momento em que soube que era um dos escolhidos fiquei muito feliz. Mesmo estando confiante fiquei muito satisfeito ao receber a notícia.

O que acha que esta oportunidade pode trazer de bom?

Posso tirar experiência neste meio. Conseguir ganhar uma oportunidade destas, com esta idade, dá-me uma certa legitimidade até para a escolha de carreira. De uma maneira mais objectiva também é uma boa coisa para meter no currículo, até porque quero estudar Engenharia Aeroespacial.

Sempre soube que era essa a área que queria seguir?

Nunca tive muitas dúvidas. Foi sempre isto que quis seguir e é por isso que estou a lutar. Tenho em mente o curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Acho que estou numa boa posição e que vou conseguir entrar.

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