Simbolicamente, a direção do Grupo Parlamentar do Partido Socialista realizou a sua primeira reunião descentralizada desta legislatura na nossa região, mais propriamente, em Sines. Esta escolha não foi por acaso. Aquele concelho representa muito do que são as apostas do Governo para o País, em termos económicos, ambientais e estratégicos, vindo a beneficiar de um forte incremento que pode, e deve, ser uma janela de oportunidade para todo o distrito de Setúbal e até para os concelhos mais próximos dos outros distritos vizinhos.
Efetivamente, Sines é o alvo de investimentos públicos – nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência – e privados de grande monta, entre os quais aquele que será o maior investimento estrangeiro depois da Autoeuropa: um centro de armazenamento e gestão de dados que se prevê criar até 1.200 postos de trabalho diretos e mais oito mil indiretos, até 2025.
Aquele projeto soma-se à ligação submarinha entre Sines e a América do Sul (Brasil) em fibra ótica, permitindo a transmissão rápida e segura de informação; à expansão dos terminais de contentores do Porto de Sines; ao alargamento da atividade da Repsol e da Galp (eventualmente com uma refinaria de lítio) e à produção de hidrogénio verde e amónia, numa parceria de capitais portugueses, holandeses e dinamarqueses.
Estes empreendimentos, em áreas estruturais, estratégicas e de vanguarda, essenciais para responder à transformação do País, aos desafios ambientais, tecnológicos e de autonomia energética que se nos colocam, são um exemplo de adaptação, da reconversão de sectores ambientalmente mais nocivos e da resiliência que o País é capaz de demonstrar. São uma mais-valia imperdível para toda a região.
Preparando este impacto, serão reforçadas as acessibilidades, referidamente, com melhor ligação à A2, a modernização das ligações ferroviárias existentes e a criação de novas, encurtando distâncias entre cidades e até à fronteira.
Todas estas empresas e as que se lhes juntarem – porque estes investimentos são multiplicadores – necessitam de mão-de-obra, que virá preferencialmente de toda a região. Necessitam de pessoas empenhadas e com vontade de aprender. Recursos humanos qualificados e que serão bem pagos por isso – os ordenados neste concelho já são superiores à média nacional e prometem reforçar esse estatuto.
É precisamente a pensar na qualificação dessas pessoas, independentemente da sua origem, que o Instituto de Emprego e Formação Profissional vai criar um grande centro de formação, no antigo campus universitário do Instituto Piaget, em Santo André (Santiago do Cacém). Com o apoio do PRR, será adaptado o antigo edifício e construídos mais três, bem como refeitório, espaços desportivos e de convívio e até alojamento para estudantes vindos de outros pontos de Portugal.
A oferta formativa será diversificada e abrangente, indo ao encontro das carências do tecido empresarial: da indústria (robótica, domótica, mecatrónica, soldadura e metalurgia), ao turismo (nomeadamente cozinha e serviço de mesa), igualmente estratégico para a região e o País e que se confronta diariamente com a ausência de pessoal com competências adequadas. Em paralelo, as atuais instalações do IEFP, serão potenciadas para a formação na área agrícola, respondendo ao fluxo migratório que se verifica no Alentejo Litoral e permitindo a estas pessoas melhorar as suas capacidades pessoais e, com elas, as suas vidas.
É, também pelos mesmos motivos, essencial que exista uma articulação com os institutos politécnicos de Setúbal e Beja, a Universidade de Évora, as escolas profissionais e as escolas secundárias de todo o distrito. Só assim se aproveitará esta oportunidade, respondendo prontamente, formando quadros que possam beneficiar desta extraordinária oferta de emprego, cativando jovens e famílias que venham reforçar as populações locais, usufruindo das hipóteses de trabalho e carreira propostas, injetando sangue novo nestes concelhos e projetando-os para um futuro mais promissor e equilibrado.
