25 Julho 2024, Quinta-feira

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Maioria CDU receia que redução de IMI desequilibre as contas municipais em caso de crise

Maioria CDU receia que redução de IMI desequilibre as contas municipais em caso de crise

Maioria CDU receia que redução de IMI desequilibre as contas municipais em caso de crise

André Martins afirma a “determinação” de cumprir os compromissos eleitorais e recusa falar em cortes no investimento, mas o receio é de que a alteração da conjuntura económica reduza também o IMT

 

O executivo minoritário da CDU, que governa a Câmara de Setúbal, receia que, por causa da redução de impostos que a oposição tem vindo a impor, o município volte a entrar em desequilíbrio financeiro.

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O presidente da autarquia deu uma conferência de imprensa, ontem, segunda-feira, ladeado de quase todos os outros vereadores comunistas, para “informar a população” da “asfixia financeira” a que a Câmara está a ser sujeita, devido à redução das taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e de comparticipação no Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), que PS e PSD já fizeram aprovar, para os anos de 2022 e 2023.

Estes cortes, segundo André Martins, representam, nestes dois anos, um corte de 10 milhões de euros na receita municipal e, a manter-se o mesmo nível nos anos seguintes, uma redução de 22 milhões nos quatro anos do mandato.

A maioria comunista recorda que o município tem encargos anuais pesados, designadamente 3 milhões ainda do Contrato de Reequilíbrio Financeiro, 2,8 milhões para os novos transportes – que “deverá aumentar ainda este ano” – 4 milhões de financiamento dos Bombeiros Sapadores e 6 milhões de novas despesas com a descentralização (que André Martins admite poder reduzir-se em função da negociação em curso entre municípios e Governo).

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Com este volume de despesa e num quadro em que o financiamento comunitário para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) vai ser reduzido a metade do actual e baixar a comparticipação para apenas 40%, o presidente da Câmara acusa PS e PSD de “irresponsabilidade e populismo”.

No dizer de André Martins, a acção da oposição é irresponsável por “asfixiar financeiramente quem ganhou as eleições e tem um programa para cumprir” e populista por “querer iludir os munícipes” com a ideia de que a redução das taxas beneficia as famílias.

Trata-se, segundo a CDU, de um “mero embuste”, um “engano aos setubalenses”, porque a devolução de rendimento às famílias não passa de “absolutamente residual ou inexistente”.

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Nas contas apresentadas por André Martins, a devolução de IRS, que custa 2,2 milhões de perda de receita ao município, será de apenas 34 cêntimos por ano para os 10% de munícipes com menos rendimentos, de 60 cêntimos para o segundo escalão de menores rendimentos e de 17 euros/ano para o terceiro nível de rendimento mais elevado.

No IMI, ainda de acordo com o autarca, apenas cerca de 10% das famílias terão algum benefício, “cerca de 100 euros, em média” com a redução da taxa, enquanto os restantes 90% dos munícipes não terão “qualquer” ganho” ou este será apenas “residual”, de 58 cêntimos a 20 euros por ano.

O autarca reafirma a “determinação” da maioria comunista em cumprir todo o programa eleitoral da CDU e recusa apontar em que áreas poderá haver cortes se a receita começar a ser curta para a despesa. Mas, no entanto, responsabiliza a oposição pela eventualidade de o município voltar ao desequilíbrio financeiro.

O que parece contraditório, é explicado pelos riscos de conjuntura. Com uma evolução económica negativa, o até agora único pilar de receita municipal que tem vindo a subir e ainda não foi afectado pelos cortes de taxas, o Imposto Municipal sobre Transacções (IMT), pode ficar também comprometido. Com as outras fontes de receita cortadas, uma redução significativa no IMT deixa em risco o equilíbrio entre receitas e despesas municipais.

Sem dar estas explicações, André Martins, mostrou esperança de conseguir compensar os cortes de receita com o “grande volume” de investimento privado, “incluindo estrangeiro” previsto para o concelho. “Somos criativos para encontrar soluções e alternativas [de receita]”, disse o presidente da autarquia, que repetiu não ter ideia de “deixar de cumprir os compromissos com a população” ou reduzir o investimento municipal, mas fez questão de deixar um aviso.

“É necessário que os cidadãos percebam que há dificuldades”, disse.

 

 

Resposta ao PS: “O nosso compromisso é com a população”

Em resposta ao PS, que acusou recentemente a maioria CDU de falta de diálogo, André Martins rejeitou haver autoritarismo. Disse que, quando uma proposta precisa do apoio da oposição, faz “esse diálogo”, mas defendeu que o compromisso da CDU “é com as populações”, porque esta força ganhou as eleições e tem um programa eleitoral para cumprir. “O PS e o PSD perderam as eleições”, sublinhou.

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