Foi em 20 de Outubro de 1950 que esta infeliz tragédia decorreu em Setúbal, e com os meus 20 anos de então, ainda me recordo dessas cenas fúnebres da morte dos seis oficiais ingleses que caíram no Sado, da quinta flotilha “Home Fleet” que se encontrava no cais três da junta autónoma, comandada pelo almirante Sir Philip L. Alegres, e numa festa que o comandante Benson oferecia na sua quinta de Vanicelos nos arredores de Setúbal.
No percurso dessa festa, numa noite com neblina, e de muita chuva, espreitava a fatalidade, em vez de tomar a direção da saída do cais, o carro avançou ao longo do pontão cais, precipitando o Rover no Sado, arrastando consigo todos os seus ocupantes para uma morte inglória e brutal.
O ex-aluno do orfanato Diamantino Fernandes da Silva e bombeiro municipal, ainda assistiu a esta infeliz tragédia, e acabou por ser vítima de um colapso cardíaco perante esta brutal imagem. Não resistiu às operações de levantamento do carro com todos os ocupantes mortos e horas depois morreu. O Diamantino deixou três filhos, todos menores, de 4, 9 e 12 anos de idade.
Nos funerais dos oficiais ingleses e do malogrado bombeiro Diamantino Fernandes da Silva, durante o percurso de todo o cortejo era ver os rostos angustiados em lágrimas de dor do povo setubalense, acompanhado pelos bombeiros, Guarda Nacional Republicana, regimento de infantaria onze e artilharia de costa, marinheiros portugueses e ingleses, entidades inglesas e portuguesas, num cortejo que a cidade acompanhou com muita dor, pesar e que a deixou de luto, como uma grande multidão no préstito.
E assim recordo com muita tristeza esta infeliz tragédia dos ingleses no rio Sado.