Ainda sob os efeitos desastrosos da pandemia, aí temos o agravamento da guerra na Ucrânia. Sim, agravamento! Se nos cingíssemos apenas à comunicação social largamente dominante, supor-se-ia que tinha começado agora a 24 de fevereiro. Já começou há anos, e já tinha causado muito mais mortos do que agora nesta segunda fase. Com isto, não se minimiza os efeitos destrutivos em vidas humanas e bens de agora. Longe disso! Os que apoiaram os antecedentes e deram pretextos à invasão, é que parece não estarem interessados em acabar com ela. Os interesses económicos e estratégicos, falam mais alto.
Lamentavelmente, também a UE, em vez de pugnar para que os acordos de Minsk se tivessem cumprido e se cumpram, e que a NATO se abstenha de avançar para junto das fronteiras da Federação Russa, quase como os EUA, reforça com todo o tipo de meios bélicos o regime despótico e antidemocrático da Ucrânia. Um regime que nega a autodeterminação de regiões que o pretendem, incorpora nas suas Forças Armadas assumidos nazis e ilegaliza todos os partidos, exceto os de extrema-direita.
Neste contexto, até surpreendentemente, quando já passamos por tantas dificuldades, o Governo/PS, coloca à disposição de tal regime, 250 milhões e centenas de toneladas, parte delas de material de guerra. Faz algum sentido?
Os trabalhadores e o povo em geral, também sabem as dificuldades porque já estão a passar! E a contestação, a luta, que já está aí em importantes setores e nas ruas, decerto, vai intensificar-se.
Mas as dificuldades, como de costume, não são para todos! Há quem esteja a ganhar, e muito, com as sanções e a guerra. Repare-se nos lucros fabulosos que disparam, principalmente nas grandes empresas dos combustíveis e do retalho, como, por exemplo, a GALP, a EDP, ou a Jerónimo Martins.
Já com os efeitos da pandemia, como se sabe, aconteceu o mesmo ou pior. Veja-se o relatório da Oxfam “A Desigualdade Mata”. Havemos de voltar mais especificamente a ele.
Em relação à guerra na Ucrânia e respetivas sanções que tantas dificuldades e sacrifícios estão a causar, a continuação da mesma e de outras, apenas aumentará, o sofrimento dos povos e o imoral benefício de quem lucra com elas. Por isso, um grupo de personalidades com opiniões diversas sobre a preocupante situação internacional, como, por exemplo, a escritora Ana Margarida de Carvalho, o teólogo Frei Bento Domingues, o capitão de mar e guerra (ref.)) Francisco Batista, a economista Ilda Figueiredo, o jornalista José Goulão, o general (ref.) Pezarat Correia, a actriz Rita Lello, decidiram lançar um apelo para ações de protesto no próximo dia 25 no Marquês de Pombal em Lisboa, e no dia 29 na Cordoaria no Porto. Entretanto, outras figuras públicas e diversas organizações já aderiram.
Entre outras, em causa está a situação na Palestina ou no Sara Ocidental, as guerras na Ucrânia, no Iémen, na Síria, na Líbia.
O apelo é para que se cumpra a Carta da ONU e a Acta Final da Conferência de Helsínquia e se acabe com as guerras.