Se os novos transportes não entrarem nos carris em pouquíssimos dias, é todo um sistema que descarrila, matando a nossa esperança no serviço de qualidade que nos prometeram
Passados os primeiros dias, confirma-se que muita coisa vai mal na operação da Carris Metropolitana nos concelhos de Setúbal, Palmela, Moita, Montijo e Alcochete. Amanhã faz uma semana que arrancou a nova concessão e a generalidade dos problemas iniciais mantém-se.
Passados quase oito dias, torna-se claro que os constrangimentos apontados logo na quarta-feira não são falhas pequenas e nem sequer muito passageiras. A generalidade dos problemas, percebidos no primeiro e segundo dias, mantém-se e, entretanto, foi possível perceber que alguns têm por base erros que poderiam e deveriam ter sido evitados. É o caso, por exemplo, da falta de definição dos horários, em que a confusão é tão grande que não se percebe se estão em vigor horários novos, se os antigos ou se eram para estar os novos e acabaram por ficar os antigos por impossibilidade de se cumprirem os novos. Outro exemplo são os mapas sobre as carreiras distribuídos aos motoristas, cujos erros estarão na origem de trocas nos preços dos bilhetes a cobrar a bordo e de outras irregularidades.
As reportagens que O SETUBALENSE tem vindo a fazer, quase diariamente, assim como os contactos dos leitores – alguns bastantes indignados – mostram que as falhas persistem e o trabalho que publicamos hoje, de Maria Carolina Coelho, indica que a confusão reina também entre os motoristas. Estes profissionais são os intermediários directos entre os utentes revoltados e a empresa que não consegue prestar o serviço esperado. O resultado é uma tensão evidente, com casos de conflito que ultrapassam largamente o razoável.
Perante este cenário, a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) tem de dar respostas muito rápidas, por um lado de resolução dos problemas e, por outro, de esclarecimento dos utentes, dando a cara e explicando o que está a falhar. A comunicação da TML de ontem, responsabilizando a Alsa Todi, só vem confirmar que o processo está a correr mal.
Sem uma rápida actuação, perde-se a oportunidade de ainda conseguir-se corrigir o que parece ter realmente nascido torto. Nos primeiros dias, a envergadura e complexidade da operação e a falta de conhecimento da dimensão das falhas, requeriam o benefício da dúvida, mas agora, que já são mais evidentes o grau e a extensão das falhas, a TML já não tem margem de manobra. Se os novos transportes não entrarem nos carris em pouquíssimos dias, é todo um sistema que descarrila, matando a nossa esperança no serviço de qualidade que nos prometeram.
Director