Na RTP1, já no sábado em horário nobre, uma série que vai despertar emoções e causas sociais
“Da Mood”, uma história de um grupo de jovens que forma uma boys band, atravessa todas as dificuldades para se afirmar no mundo da música e consegue chegar ao top nacional. Para ver já este sábado na RTP 1 em horário nobre, às 21h00; e tudo se passa em Setúbal.
Com argumento de Henrique Dias, esta série, também disponível na RTP Play, foi produzida pela SPi e realizada por Sérgio Graciano; tem oito episódios, de 45 minutos cada, e não está descartada a hipótese de ter mais do que uma temporada. “Eu adoraria fazer mais dez, estou bastante apaixonado por esta série e por aquilo que ela nos diz. Mas isso não depende mim”, afirma Sérgio Graciano a O SETUBALENSE.
Filmada em Setúbal durante seis semanas, “Da Mood” conta a história de um professor de música clássica que, desiludido com a vida, sente que tem de fazer algo para mudar. Cruza-se com uma rapariga que veste uma tshirt do Backstreet Boys e dá-se o clique: formar uma boys band e trocar a regra da música clássica por músicas com três acordes. Um registo que desafiou o compositor Rui Melo, e que teve como letrista o próprio Henrique Dias.
“A série é contemporânea, mas a inspiração é claramente nos anos 90”, altura em que nasceram várias boys band, tanto no estrangeiro como em Portugal. Mas a história não se fica pela música: “É muito mais do que isso”, afirma o realizador. “Fala das pessoas e dos seus problemas. Da inclusão, do racismo, da violência doméstica e outras questões actuais”, contadas num ângulo de comédia dramática; “um tema difícil que não estamos habituados a ver na televisão”, comenta.
Sobre a escolha de Setúbal para contar este argumento, não apenas como cenário, mas mesmo a decorrer na cidade, Sérgio Graciano dá esta opção quase como escolha óbvia. “É uma cidade em crescimento galopante, não é a mesma de há 30 anos, transforma-se todos os dias, e faz sentido uma cidade em crescimento ter uma banda também a crescer. Essa é uma das inspirações e motivações para fazer a série em Setúbal, e também por ser uma cidade à beira-mar, e esse símbolo do mar está presente na série em várias ocasiões. Diria que essa foi a maior inspiração e por isso é que decidimos fazê-la em Setúbal”, apesar de também ter filmagens em Lisboa.
Com apoio financeiro da Câmara de Setúbal, RTP e PIC Portugal, a série é uma co-produção com um canal brasileiro para distribuição e reúne cinco actores principais que acompanharam o projecto desde o início, ou seja, durante os dois anos que este levou até saltar para as filmagens: Miguel Raposo, José Mata, Leo Baía, Tiago Teotónio Pereira e Diogo Martins.
“A minha personagem, o Rui – músico clássico – sofre de depressão e ansiedade e todas as personagens acabam por perceber o que é esta ansiedade, o que é um mal que existe e não se vê, um problema que não é físico, é mental”, desvenda Miguel Raposo, que assume este como um projecto “muito duro e difícil por tudo o que ele envolve”.
“A vida não é sempre cor-de-rosa e não está sempre a sorrir, há alguns falhanços e fracassos e o interessante é perceber como é que as personagens lidam com eles e voltam a reerguer-se e seguem a sua vida”, comenta o actor José Mata. Enquanto para Tiago Teotónio Pereira, que toma a figura do irreverente, entende esta série portuguesa como “a melhor dos últimos tempos. É actual, divertida, cómica, mas com muito drama”.
Apresentada na passada segunda-feira na Casa da Baía, na cidade sadina, com o primeiro episódio em ante-estreia, é “motivo de orgulho receber toda a equipa ‘Da Mood’ em Setúbal, comentou a vereadora Rita Carvalho, e assumiu ser uma estratégia da autarquia “apoiar a realização desta série, e de vária formas. Ao mesmo tempo recordou o sucesso da telenovela “Mar Salgado”, igualmente produzida pela SPi em Setúbal. “Estimular a produção de ficção televisiva nacional” é “uma excelente forma” que os municípios têm de “promover e divulgar os territórios”, além de ser um factor de “valorização de quem trabalha no sector, dos actores até aos técnicos”.
Para o director da SPi, José Amaral, esta série “traz uma lufada de ar fresco àquilo que tem sido feito em Portugal”, enquanto o director da RTP1, José Fragoso, sublinhou que a ficção portuguesa trabalha com muitas dificuldades a nível orçamental, mas nos últimos anos conseguiu “atrair o interesse das autarquias”, sem as quais as produções nacionais não seriam viáveis nem teriam a qualidade desejada”.