Primeiro momento público será na cidade sadina, com Jay Toor no espectáculo “Holiday on Delay”
O Tem Graça – Festival Internacional de Mulheres Palhaças está de volta a Setúbal, marcando o arranque da edição de 2022 com um primeiro mo-
mento público a decorrer na Praça do Bocage. O espectáculo “Holiday on Delay”, com Jay Toor, está marcado para dia 28, com sessões a decorrer às 11 e às 15 horas, de entrada livre.
“O festival Tem Graça tem o desejo de abrir um lugar de fala para as mulheres que trabalham com a comicidade. Para Setúbal, este ano apostamos num espectáculo de rua, com duas apresentações, com o objectivo de abarcar o público familiar”, explica Susana Cecílio, directora artística do festival, a O SETUBALENSE. Na sinopse do espectáculo, pode
ler-se que “a personagem, Giselle la Pearl, está prestes a encontrar o cenário perfeito para descansar, mas nem sempre as coisas acontecem como planeamos e tudo parece desmoronar-se. O que a princípio seria um dia calmo de praia transforma-se
num dia ‘clownesco’”.
Nesta linha, Susana Cecílio refere que “na equipa, todas têm formação em ‘clown’”. “Quando começámos a desenhar o festival apresentámo-lo a várias cidades para que fossem nossas parceiras, visto que pretendemos que seja um evento descentralizado”.
Por sugestão de um outro parceiro, que recomendou Setúbal enquanto “cidade muito aberta a este tipo de propostas, que aposta muito na criação, nas bolsas de formação e nas artes performativas”, o festival chegou à cidade do rio azul em 2021.
“Contactámos a Câmara de Setúbal, que imediatamente se mostrou interessada neste projecto, na vertente da criação, mas também na da ocupação de espaço público”, conta
a directora do certame, partilhando que “Setúbal vai continuar a ser par-
ceiro no próximo ano”.
O evento, que pretende dar a conhecer mulheres artistas que procuram no humor e na ironia a sua forma de expressão, apresenta “trabalho artístico de mulheres que criam a partir de uma dramaturgia autoral e com um olhar horizontal sobre o humor”.
Nas palavras de Susana Cecílio, “é um festival abrangente e diversificado, dirigido tanto ao público que é surpreendido na rua como ao público assíduo, passando pelo artístico e
pelo académico”. Nesta segunda edição, a programação considera a “multiplicidade do universo das mulheres palhaças”, dando “foco à intergeracionalidade, no que diz respeito à importância e à valorização das relações entre palhaças de várias gerações e na potencialidade de captação de novos públicos, a partir de nichos geracionais distintos, potenciada também pela rede de parcerias regulares estabelecidas com diversas entidades nacionais e internacionais”.
Programação inclui espectáculos, tertúlias e formação
A descentralização territorial é também um aspecto a ter em conta nas especificidades do Tem Graça, que encontra em Setúbal, Castelo de Vide e Mértola as suas cidades parceiras, sem esquecer Lisboa e Évora. Depois de Setúbal, o festival segue para Castelo de Vide, entre os dias 18 e 23 de Junho, depois para Mértola, em Setembro, e conta com
passagem marcada por Lisboa e por Évora.
No domínio da investigação, a 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, foi aberta a candidatura pública para atribuição de uma bolsa, tendo presente que aliar a programação de espectáculos à reflexão teórica sobre a comicidade no feminino é um dos pilares do Tem Graça. Com o suporte científico do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a bolsa, destinada a mulheres e pessoas não binárias, no valor de dois mil euros, destina-se à produção de um artigo.
Foram aceites 31 candidaturas, entre as quais foi seleccionada Melissa Lima Caminha, que acompanhará o festival. “Pretendemos trazer reflexão teórica a este trabalho prático. Dar uma forma a este pensamento, formações e espectáculos que fazemos”, remata Susana Cecílio.