Salvar a água que não se vê mas sem a qual não há vida

Salvar a água que não se vê mas sem a qual não há vida

Salvar a água que não se vê mas sem a qual não há vida

29 Março 2022, Terça-feira
Clarisse Campos

Assinalámos esta semana duas datas de extrema importância. O Dia Mundial da Floresta (21 de Março) e o Dia Internacional da Água (22 de Março), dias importantes para sensibilizar a opinião pública para a preservação destes recursos essenciais à nossa sobrevivência e tão relevantes na nossa região.

Não basta, no entanto, ano após ano, lembrar essa relevância, sem que isso nos faça alterar os nossos comportamentos, no que cada um, em sua casa, na sua vida, pode fazer para a protecção desses bens comuns.

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É preciso agir mesmo, em pequenos comportamentos que seja, e os autarcas, políticos de proximidade, conhecedores dos seus territórios e das suas gentes, podem, e devem, ter um papel primordial nessa mudança de mentalidades.

Afinal, disso depende também a nossa existência. Sem árvores e sem água não há vida, tal como a conhecemos. Ao nível governamental já se avançou muito.

Como bem lembrou recentemente no Parlamento o nosso ministro do Ambiente e Acção Climática, houve uma grande aposta no tratamento de efluentes – construindo ou modernizando mais de 3300 quilómetros de redes de drenagem e 317 Estações de Tratamento de Águas Residuais, que contribuem para retirar dos nossos rios, riachos e albufeiras essa poluição orgânica produzida por todos.

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Investiu-se também em melhorias de eficiência da rede, minimizando perdas no abastecimento: cerca de 500 milhões de euros anuais para garantir a qualidade de água que chega às torneiras.

Investiu-se, ainda, nas condições de utilização da água por parte da agricultura, com todo o sistema de Alqueva e, aqui bem perto, com a remodelação da rede de canais de rega do Vale do Sado. No entanto, cada um de nós sabe que é preciso ir mais longe!

O tema do Dia Internacional da Água em 2022 – Água subterrânea: torna visível o invisível – põe o dedo na ferida e traz para a ribalta algo de que raramente se fala. Sabemos que precisamos da floresta para produzir o oxigénio que respiramos, mas poucos sabem que sem água subterrânea dificilmente teríamos o que beber, pois essas reservas são responsáveis pelo fornecimento de cerca de metade de toda a água potável disponível, não só para o consumo humano, mas também para a agricultura.

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E, no entanto, diariamente, esta água da qual tanto dependemos, é desrespeitada e encontra-se, ainda, bastante desprotegida. Poder-se-ia pensar que, chovendo um pouco tudo fica bem, mas todos sabemos que não é assim. Como frisou igualmente João Pedro Matos Fernandes, a seca em Portugal é estrutural.

É algo permanente e que, apesar de episódicos alívios, tenderá sempre a piorar. As alterações climáticas não são algo do futuro, já estão bem presentes e os seus efeitos são evidentes. O clima está mais seco. Raramente chove o suficiente para repor as águas subterrâneas que tão abusivamente usamos.

Em consequência, estas tenderão a perder qualidade e a desaparecer. É preciso, por isso, a bem de todos, passar ao patamar seguinte, usando a água de forma consciente e racional nas nossas actividades diárias e, no que toca à administração local, apostar em formas criativas de poupar e reutilizar água.

Alguns municípios já chamaram a si um papel activo nesse propósito, avançando para o reaproveitamento das águas residuais tratadas para rega, monitorizando e minimizando eficazmente as perdas nos sistemas de abastecimento, instalando sistemas de rega que limitam os gastos ao essencial, criando jardins com plantas e árvores adaptadas ao nosso clima, pouco exigentes em termos de irrigação e manutenção, incentivando as populações – a começar pelas crianças e jovens – a colaborar na protecção da água que pertence a todos. Porque, no limite, quando escassear, todos se ressentirão. É mesmo um território árido, desértico e sem vida que queremos deixar aos nosso filhos e netos?

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