O Conselho Europeu reúne hoje e amanhã para discutir vários assuntos, nomeadamente questões ligadas à energia e matérias de segurança e defesa.
Ora, na discussão sobre segurança e defesa entrará certamente no debate a Cooperação Estruturada Permanente, um organismo que em nada tem contribuído para a paz no mundo, ficando cada vez mais claro que a opção da U.E. se reduz, no essencial, ao reforço da militarização e à cumplicidade em agressões e ingerências, quando a resposta não pode ser militar, mas sim pacifica e diplomática.
Relativamente à energia, em cima da mesa está, por um lado o problema da persistência dos preços elevados e por outro o projecto ou a pretensão da Comissão relativa à rotulagem verde da energia nuclear e do gás natural. Vamos por partes.
A persistência dos preços elevados da energia e a especulação que tem reinado e que traz associada a subida de preço de muitos outros bens, com impactos brutais nos cidadãos e nas pequenas empresas, para além de transportar uma gritante injustiça é também imoral.
De facto, sem se regular os preços, as grandes empresas do sector vão continuar a sugar qualquer alívio que pudesse existir. Mas para além da regulação, impõe-se alargar a oferta de transportes colectivos, com efeitos bastante significativos na redução do consumo de combustíveis fósseis, mas também em termos sociais e económicos.
Quanto à designada “taxonomia”, instrumento com que a Comissão pretende potenciar a transição energética da U.E., com vista à neutralidade carbónica em 2050, é a nosso ver, absolutamente inaceitável, tanto no que diz respeito ao nuclear como no que diz respeito ao gás natural.
De facto, procurar “promover” investimentos em energia nuclear e em gás natural, a investimentos sustentáveis e olhar para eles como compatíveis com a trajectória da neutralidade carbónica, só pode ser encarado como uma brincadeira de gente que se diz séria mas que insiste em brincar com a natureza, desde logo, porque essas opções representam verdadeiras ameaças ao cumprimento dos objectivos climáticos europeus.
Vejamos, o nuclear representa uma opção insustentável, não só pelos custos envolvidos, mas também com os problemas, sem solução, relativos aos resíduos produzidos e ainda com os graves e reais riscos de segurança, como infelizmente todos somos testemunhas.
Quanto ao gás natural, que é um combustível fóssil, os tais que pretendemos abandonar, recorde-se que estamos diante de um combustível que emite enormes quantidades de gases com efeito estufa, sobretudo metano, e que emite gases nocivos para o clima ao longo de todo processo, desde a sua extracção até ao transporte.
Importa por isso reforçar, o que temos dito, a transição energética deve ser justa e sustentável, com o sector energético ao serviço das populações e da economia do País e não ao serviço dos interesses dos grandes grupos económicos.
Por isso dizemos que, considerar os investimentos em centrais nucleares como investimentos sustentáveis e “medalhar” os investimentos em instalações de gás natural com “selo verde”, não lembraria nem ao diabo.