23 Julho 2024, Terça-feira

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Família queixa-se que idoso está a morrer de “forma desumana” no Hospital de São Bernardo

Família queixa-se que idoso está a morrer de “forma desumana” no Hospital de São Bernardo

Família queixa-se que idoso está a morrer de “forma desumana” no Hospital de São Bernardo

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Leonel Barreto está há oito dias nas urgências. Centro Hospitalar garante que admissão do septuagenário acontece amanhã

 

A família de Leonel de Sousa Barreto, que se encontra em estado terminal devido a várias patologias, entre as quais cancro do pulmão, acusa o Hospital de São Bernardo de tratar o idoso de “forma indecente e desumana” nestes “seus últimos dias de vida”.

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Leonel de Sousa Barreto deu entrada no serviço de Urgência Geral do São Bernardo no passado dia 16, depois de uma queda em casa, que resultou no fémur esquerdo partido e na fractura da bacia.

Durante oito dias, foi neste serviço que o idoso, de 79 anos, permaneceu, “entre a sala aberta e os corredores, a aguardar a morte num sofrimento atroz e desumano, sem estar referenciado para as várias equipas”.

Quem o garante é Vânia de Sousa Sobral, filha do septuagenário, que disse a O SETUBALENSE considerar que o pai “tem o direito de terminar os seus dias com decência, com paz e alguma tranquilidade” e “não esquecido nas urgências, sobre um terror e barulho que não há explicação”.

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“Ele precisa, no mínimo, de um quarto. Arranjem por favor um ‘buraquinho’. Mas será que no Hospital de São Bernardo não há um quartinho onde o meu pai possa estar o mais descansado e em paz possível? Isto é completamente desumano”, revelou.

Em resposta a O SETUBALENSE, o Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) confirmou que “o utente recorreu ao serviço de Urgência Geral” e garantiu que, passados sete dias, a nova vaga foi atribuída, “estando programada a sua admissão no dia 25.02.2022 [amanhã]”.

Refere igualmente o CHS que Leonel de Sousa Barreto dirigiu-se ao Hospital de São Bernardo “no dia em que estava programada a sua integração noutro nível de cuidados de saúde, não tendo, por esse motivo, sido internado nessa instituição”.

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Os cuidados paliativos estiveram assim ‘em cima da mesa’, unidade na qual o septuagenário daria entrada no dia 15 de Fevereiro, mas devido à queda, e de uma possível cirurgia, perdeu a vaga. No entanto, por decisão dos médicos, devido à sua frágil condição, acabou por não ser operado, assim como perdeu o lugar disponível nos cuidados paliativos, porque “ultrapassaria os seis dias nos quais teria de responder”.

“Não coloco em causa se foi ou não uma boa opção, mas a verdade é que se ele tivesse sido operado, estaria já num quarto na cirurgia ou não resistia à operação e partia em paz”, confessou Vânia de Sousa Sobral.

“Ele não pode estar é nas urgências. Não sabemos se é amanhã que ele pode partir, se é daqui a uma semana ou mais, ele tem é de estar num sítio em que esteja com alguma humanidade”, acrescentou.

Questionada sobre a possibilidade de o utente, depois de ter tido alta da especialidade de Ortopedia, uma vez que a operação ficou fora de questão, ter regressado a casa ou sido encaminhado para uma outra unidade, Vânia de Sousa Sobral referiu que “não pôde ser enviado”, até porque “tem de ter acompanhamento permanente”.

Já o CHS assegurou que “à data de alta da Urgência Geral foi efectuado novo pedido de integração para a continuidade de cuidados” e “que durante a permanência no serviço foram assegurados todos os cuidados ao doente”.

Para a filha de Leonel de Sousa Barreto, o desespero foi-se acentuando quando, “na parte das urgências, se pedia alguma informação e ele nem sequer estava referenciado no trabalho diário deles”.

“Ali ficou completamente abandonado, 24 sobre 24 horas naquela agitação e na própria confusão mental, porque está lúcido e apercebe-se de toda a situação”, descreveu.

Uma das opções passou ainda por transferir o septuagenário para o Serviço de Observações (SO). “Mas o SO também não resolve. O meu pai, neste momento, só está à espera de morrer. Ele precisa que isso aconteça com alguma dignidade. Com humanidade. E é isso que não está a haver”, sublinhou Vânia de Sousa Sobral.

A terminar, disse ser “de lamentar que um hospital não tenha uma solução pronta para uma situação destas”. “É agonizante para nós, enquanto família, nestes últimos dias, termos visto-o nesta situação. Só exigimos um lugar digno para este ser humano morrer”, concluiu.

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