Antiga presidente da União Mutualista do Montijo detida por suspeita de ‘desviar’ meio milhão de euros

Antiga presidente da União Mutualista do Montijo detida por suspeita de ‘desviar’ meio milhão de euros

Antiga presidente da União Mutualista do Montijo detida por suspeita de ‘desviar’ meio milhão de euros

Elisabete Oliveira, que dirigiu os destinos da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição do Montijo, e Diogo Gomes, seu ex-marido, foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ), apurou o DIÁRIO DA REGIÃO

A PJ de Setúbal anunciou esta terça-feira, 13, a detenção de duas pessoas por suspeita de crimes de peculato, branqueamento e fraude qualificada contra a Segurança Social, em valores que ascendem a mais de meio milhão de euros. O DIÁRIO DA REGIÃO apurou que os detidos são Elisabete Oliveira, que presidiu à administração da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição do Montijo, e o seu ex-marido, Diogo Gomes.

“Exercendo funções durante cerca de 10 anos numa IPSS da margem sul do Tejo, um dos detidos, através de expedientes vários, conjuntamente com o seu co-autor e em benefício comum, logrou locupletar-se com valores que ascendem a mais de 500 mil euros, em prejuízo da própria IPSS, de utentes desta e, ainda, do próprio Estado”, afirma a PJ em comunicado.

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A polícia adiantou que os detidos são uma mulher, de 58 anos, e um homem, de 62, suspeitos dos crimes de peculato, abuso de poder, administração danosa, fraude contra a Segurança Social qualificada e branqueamento. O DIÁRIO DA REGIÃO apurou junto de fonte segura tratar-se de Elisabete Oliveira e Diogo Gomes.

Ambos serão presentes às autoridades judiciárias competentes, para realização de primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.

Sindicância já havia apontado irregularidades

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Recorde-se que num relatório de uma sindicância levada a efeito pela Inspecção-geral do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social à União Mutualista Nossa Senhora da Conceição, do Montijo, era avançado que existiram várias irregularidades na gestão da instituição durante o triénio 2011 a 2013, conforme o DIÁRIO DA REGIÃO noticiou no início de Julho de 2015.

As conclusões desse documento lembravam, então, que “a realização da sindicância foi determinada por despacho de 14/10/2013” da autoria do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, “na sequência de uma exposição subscrita por um grupo de associados da instituição, na qual foram denunciados factos integradores de eventuais irregularidades e ou ilegalidades, comprometedores do normal funcionamento da instituição”.

No segundo ponto, as conclusões do referido relatório salientavam que “a análise efectuada, com especial incidência no triénio 2011 a 2013, evidenciou, em termos globais, a insuficiência do sistema de controlo interno existente”, além da “insuficiência de documentação de suporte, quer a nível das decisões gestionárias, quer a nível procedimental”.

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O documento acentuava também que “a respectiva análise” evidenciava que a situação económico-financeira da União Mutualista estava “marcada pela degradação dos resultados líquidos obtidos, sempre negativos, que atingiram -1,1 milhões de euros em 2013”.

A área da acção social era apontada como a que apresentava “piores resultados líquidos, -589 mil euros em 2013, seguindo-se a do Centro Clínico, -345 mil euros, e a da farmácia, -287 mil euros”.

Aumento “indevido” de salário

Já no ponto cinco do mesmo documento era referido que “o aumento salarial da anterior presidente do CA, na sua qualidade de directora-geral, ocorrido em Junho de 2003 não foi devidamente autorizado pelo conselho de administração, pelo que, entre essa data e Dezembro de 2013, foram-lhe processados e pagos mensalmente montantes indevidos, que ascenderam a 512.485,34 euros”.

A inspecção considerava, assim, que tal podia “configurar a prática de um crime de peculato, sob a forma continuada” e acrescentava no ponto seguinte: “A venda, pela presidente do anterior conselho de administração, Elisabete [Oliveira] Gomes, de peças de ouro de uma utente que tinha instituído a União como única e universal herdeira, previamente à data do seu falecimento, pode configurar a prática de um crime de peculato.”

O documento revelava ainda que haviam sido “detectadas divergências, em 2013, entre o número de utentes em frequência real e o número que foi comunicado aos serviços da Segurança Social nas respostas sociais Centro de Dia, Lar de Idosos (Jardia), Serviço de Apoio Domiciliário, Creche e Educação Pré-Escolar (ambas Casa da Criança) e Centro de Actividades de Tempos Livres”, o que se terá traduzido no “recebimento indevido de comparticipações financeiras” no valor de 28.573,83 euros.

Elisabete Oliveira sempre refutou todas as acusações

Na altura, o DIÁRIO DA REGIÃO conseguiu obter a reacção de Elisabete Oliveira, que refutou as conclusões do relatório, sublinhando que o mesmo havia sido elaborado sem que tivesse sido ouvida. Ao mesmo tempo, a antiga presidente da administração da União Mutualista disse que as questões iriam ser dirimidas em tribunal, frisando que foi precisamente no tribunal que a administração da União Mutualista que lhe sucedeu já havia perdido uma acção contra si.

«Não fui ouvida nesse relatório [sindicância] e não houve lugar a contraditório, portanto digo que isso é falso», Elisabete Oliveira ao DIÁRIO DA REGIÃO, em Julho de 2015

“Não fui ouvida nesse relatório [sindicância] e não houve lugar a contraditório, portanto digo que isso é falso. Isso será analisado e discutido em sede própria, nos tribunais… A actual administração fez-me um processo disciplinar com vista ao meu despedimento e perdeu a acção em tribunal. O que é verdadeiro é que perderam uma acção em tribunal contra mim, que pedia o meu despedimento”, defendeu então Elisabete Oliveira, em declarações ao DIÁRIO DA REGIÃO.

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