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Indiferença

Indiferença

Indiferença

, Ex-bancário, Corroios
15 Fevereiro 2022, Terça-feira
Francisco Ramalho

Comove até às lágrimas imaginar-se a tão prolongada (5 dias) agonia, até à morte, do pequeno e inocente Rayan. E o suplício, igualmente até ao trágico desfecho, sob um frio intenso durante 9 horas, perante a indiferença geral numa das ruas mais movimentadas de Paris (podia ser noutra qualquer grande cidade), do fotógrafo René Robert.

É assim esta sociedade: ver para crer! Ou melhor, é preciso que lhe metam pelos olhos dentro, insistentemente, como o fizeram as televisões de todo o mundo em relação ao caso da criança, em Marrocos, para haver comoção.

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Claro que as televisões cumpriram o seu papel informativo. Mas, a insistência referida, lamentavelmente, mesmo neste e noutros casos tão tocantes, tem mais a ver com as audiências.

Por outro lado, é a fria e desumana indiferença. Foi preciso um sem-abrigo, condição pela qual, com certeza, os indiferentes transeuntes tomaram René, avisar a polícia. Infelizmente já era tarde. O homem tinha morrido de hipotermia.

Outra conclusão a tirar desta abissal diferença na reacção a estas duas trágicas mortes é o imenso poder das imagens. Da televisão. E quem a controla, sabe-o bem. Oh se sabe! Destaca o que lhe convém, deturpa ou silencia, o que não interessa aos seus donos: o poder económico e o político ao seu serviço.

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Os exemplos abundam. Ainda há dias, foram mortas seis crianças na Síria que tiveram algum mediatismo porque, segundo quem provocou essas mortes, os EUA, através da sua força aérea, alegaram que o pai delas era um líder terrorista que se fez explodir, provocando a morte de toda a família. Mas a indiferença também é fomentada!

Quantos terríveis acontecimentos se tornam banais. Imagine-se a quantidade de crianças (e adultos) assassinadas pelos chamados “efeitos colaterais”, ou mesmo reais, do mesmo fogo norte-americano.

No Afeganistão, no Iraque, na Síria e através da NATO que controlam, na Jugoslávia e na Líbia? Muitos milhares. E, já agora, convém não estarmos também nada indiferentes aos milhões delas, mais uma vez, crianças e adultos, que estão em risco com o potencial conflito, cujo principal protagonista é, mais uma vez, os mesmos EUA, a “sua” NATO e aliados.

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O pretexto, a desculpa, é a Ucrânia. A verdade, é sempre a mesma: o desejo de hegemonia global. Mas, neste caso, a coisa fia mais fino! É que, do outro lado, está uma das principais potências nucleares e os seus vizinhos têm as barbas de molho. E não há, pelo menos para já, ou nunca, substituição para o indispensável gás russo.

Caso contrário, se a desmedida ambição dos falcões americanos não se conter, pode ser o apocalipse para todos nós. Para a Europa. Portanto, mais uma vez, nada convém a indiferença. E não só nestes casos extremos. Perante atentados contra a Natureza, contra seres humanos, principalmente os mais frágeis e indefesos, mulheres e crianças, por exemplo, em casos evidentes de violência doméstica, contra os direitos dos animais, etc.

Além de insensibilidade ou cobardia, a indiferença, pode atingir foros de conivência.

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