6 Julho 2024, Sábado

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PENSAR SETÚBAL: A instabilidade político-militar na Europa de Leste

PENSAR SETÚBAL: A instabilidade político-militar na Europa de Leste

PENSAR SETÚBAL: A instabilidade político-militar na Europa de Leste

, Professor
1 Fevereiro 2022, Terça-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Ao longo dos últimos anos, temos vindo a assistir a um regresso da Guerra Fria, com diversas situações que têm colocado a parte leste da Europa, numa situação de perigosa instabilidade.

A queda da União Soviética e da sua esfera de influência, teve como consequência imediata, o afastamento político dos países que faziam parte da órbita comunista (Bulgária, Checoslováquia, Hungria, Polónia, antiga RDA e Roménia), e a consequente entrada na União Europeia (UE), a seu pedido, expresso democraticamente.

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Ao longo de duas décadas do século XX (anos 30 e 40), Estaline efectuou criminosamente transferências forçadas de populações inteiras, para procurar eliminar os nacionalismos, não o tendo conseguido.

E a prova disso ocorreu com a proclamação de independência de todas as ex-repúblicas soviéticas: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Estónia (UE), Geórgia, Letónia (UE), Lituânia (UE), Moldávia, Quirguistão, Tajquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. Estas, no fundo, separaram-se da casa-mãe, a Rússia.

A subida ao poder na Rússia de Vladimir Putin, ocorrida em 1999 e que se mantém actual e indefinidamente no poder, veio alterar o status quo.

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Para procurar analisar esta conjuntura complexa, vamos definir dois eixos principais, a saber:

  1. a) Rússia-China-Irão – Vladimir Putin reiniciou uma tentativa de recolocar a Rússia como uma superpotência. Pretende, natural e compreensivelmente, ter uma faixa de segurança (Bielorrússia Ucrânia) e não pretende ter a NATO a apontarem-lhe misseis. A forma é que não é a mais correcta.

Em 2008, invadiu a Geórgia, anexando a Ossétia do Sul e a Abecásia. Em 2014, invadiu a Ucrânia, anexando a Crimeia.

Putin exultou com a saída da Inglaterra da UE (o Brexit) e existem fortes evidências que terá influenciado as eleições americanas, patrocinando a vitória de Donald Trump.

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Já em 2022, Rússia, China e Irão efectuaram exercícios militares conjuntos.

Temos aqui, portanto, uma mistura explosiva. Por um lado, Vladimir Putin, nostálgico da velha União Soviética. Por outro lado, a China, onde o todo-poderoso Partido Comunista domina a sociedade com mão-de-ferro, desde 1949 (72 anos, convém não esquecer). O Grande Salto em Frente foi um dos maiores genocídios na História da Humanidade, onde morreram cerca 40 milhões de pessoas.

Finalmente o Irão, república teocrática. Quando a religião condiciona a política, as consequências são sempre conhecidas.

Por outro lado, entre 1999 e 2017, a NATO incorporou vários países da Europa central e de leste, a seu pedido expresso: Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Montenegro, Polónia, República Checa e Roménia, aproximando-se das fronteiras russas.

  1. b) Estados Unidos e União Europeia – que fique bem claro que prefiro de longe a democracia imperfeita americana, que as ditaduras atrás referenciadas. Todavia, constata-se a eterna miopia americana, nomeadamente em termos de política externa. Cuba, Vietnam, Nicarágua, El Salvador, Granada, Somália, Iraque, Guerra do Golfo, Afeganistão e a falta de coordenação com a UE, são quanto a mim, as principais falhas dos Estados Unidos. Evidenciam, de forma recorrente, uma falta de visão estratégica confrangedora.

Quanto à UE tem de ter uma voz unida, e deve ser firme, não só com o aliado americano, evitando ser subalternizada, mas sobretudo com a Rússia e a China. Nada disto tem acontecido o que dá a Putin e a Xi a sensação que somos frouxos e indecisos.

As exigências russas, a concretizarem-se, representariam uma desmilitarização efectiva da Europa de Leste.

Putin faz lembrar Hitler, com a mesma arrogância e as mesmas pretensões territoriais. Sudetas, Dantzig, Áustria, Polónia.

 

Sabemos como terminou.

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